domingo, 25 de outubro de 2009

20 out (5 dias atrás) André Luiz
Descobrindo Ardi
A equipe do projeto no Médio Awash trabalhou durante três anos para escavar o esqueleto Ardi em um local chamado Aramis, na Fenda de Afar, Etiópia. O trabalho de recuperação dos ossos envolveu dezenas de cientistas do mundo todo.
Quando a montagem do esqueleto finalmente terminou, em 1997, a equipe tinha mais de 125 peças de um indivíduo uma fêmea de 4,4 milhões de anos de idade - o mais antigo esqueleto de hominídeo já encontrado.
A descoberta desse bípede florestal de 4,4 milhões de anos com dentes caninos espessos insinua que muito de nossa peculiar anatomia sexual e fisiologia - heranças genéticas e a forma como andamos, por exemplo - podem estar fundamentalmente ligadas às de Ardi. E são muito mais antigas do que jamais se imaginou.
O que Ardi representa para nós?
- Ardi é o esqueleto de hominídeo mais antigo já encontrado.
- Ardi desbanca a teoria de que o ancestral primitivo mais próximo ao homem é o chimpanzé.
- A transição para o bipedalismo e a alteração na função canina ocorreram bem antes e independentemente das características que conhecíamos dos primatas.
- Os pequenos caninos na Ardipithecus indicam uma profunda mudança no complexo sócio-comportamental de nossos primeiros ancestrais.
DESCOBRINDO ARDI
Descobrindo Ardi (01/09)


http://www.youtube.com/watch?v=is_yqhI0-qs
Descobrindo Ardi (02/09)


http://www.youtube.com/watch?v=yL37PD4yDYY 20 out (5 dias atrás) André Luiz
Descobrindo Ardi (03/09)


http://www.youtube.com/watch?v=0aWABfp4lm4
Descobrindo Ardi (04/09)


http://www.youtube.com/watch?v=TDum5IRT4k4
Descobrindo Ardi (05/09)


http://www.youtube.com/watch?v=gND7bbaRe7E
Descobrindo Ardi (06/09)


http://www.youtube.com/watch?v=qlJQhTTeNDk
Descobrindo Ardi (07/09)


http://www.youtube.com/watch?v=FKl-2vmCZSQ 20 out (5 dias atrás) André Luiz
Descobrindo Ardi (08/09)


http://www.youtube.com/watch?v=Farir7mpQnE
Descobrindo Ardi (09/09)


http://www.youtube.com/watch?v=-YNQV5Xd9Yk
LISTA DE REPRODUÇÃO
http://www.youtube.com/view_play_list?p=A53D01BEEBF87C35
O Universo (1º Temporada)



Sinopse
A concepção sobre a origem de nosso mundo tem mudado ao longo da história. Este documentário explora os questionamentos sobre o início do universo, e segundo diversas culturas, como será o seu final. Incluem-se entrevistas com os físicos, engenheiros e historiadores mais relevantes do momento a respeito desta teoria universalmente aceita.

Informações
1º Temporada Completa
Tamanho: 130 MB (cada)
Áudio: Português
Download: Megaupload

Episódio 01
Os Segredos do Sol
http://www.megaupload.com/pt/?d=E2DMBZIC

Episódio 02
Marte: O Planeta Vermelho
http://www.megaupload.com/?d=8GMDU7GW

Episódio 03
O Fim da Terra
http://www.megaupload.com/?d=S04E2RRJ

Episódio 04
Júpiter: O Planeta Gigante
http://www.megaupload.com/?d=1GGLVJVG

Episódio 05
Lua
http://www.megaupload.com/?d=QTD6DLWJ

Episódio 06
Além do Big Bang
http://www.megaupload.com/?d=Y9R2N7B3

Episódio 07
Mercúrio e Vênus: Os Planetas Interiores
http://www.megaupload.com/?d=2SBEVAPW

Episódio 08
Saturno: O Rei dos Anéis
http://www.megaupload.com/?d=ACAR59CY

Episódio 09
Galáxias Distantes
http://www.megaupload.com/?d=F54ZDRR0

Episódio 10
Vida e Morte das Estrelas
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Episódio 11
Planetas Exteriores
http://www.megaupload.com/?d=E77VSYU3

Episódio 12
Lugares Perigosos do Universo
http://www.megaupload.com/?d=UCQLNY0A

Episódio 13
Procura pelo ET
http://www.megaupload.com/?d=F3OHAPIB

Fonte:http://www.bestdocs.com.br/
Sinopse
Cosmos foi uma série de TV realizada por Carl Sagan e sua esposa Ann Druyan, produzida pela KCET e Carl Sagan Productions, em associação com a BBC e a Polytel International, veiculada na PBS em 1980.A série Cosmos é um dos mais formidáveis exemplos da amplitude e eficácia que a divulgação científica pode atingir por meios audiovisuais, quando servida por uma personalidade carismática como Carl Sagan e por meios técnicos adequados.

Filmado ao longo de três anos, em quarenta locais de doze países, o programa Cosmos abriu a janela do Universo a mais de 500 milhões de pessoas. O segredo desta série de treze horas foi o talento de comunicador de Sagan, capaz de desmistificar o que até então fora informação científica inacessível. A versão escrita deste programa continua a ser o livro de divulgação científica mais vendido da história.

Editada recentemente pela Cosmos Studios (parte de uma fundação criada para a divulgação científica), a versão DVD da série disponibiliza um total de 780 minutos de material, distribuidos por 13 episódios de 60 minutos cada (cada epsiódio está repartido em 13 capítulos de acesso directo). Os materiais incluidos na edição DVD foram revistos pelo próprio Carl Sagan e pela sua esposa e ajudante, Ann Druyan, e após cada episódio encontrará uma apresentação das atualizações e novas descobertas científicas feitas nas matérias expostas desde o lançamento original da série nos anos 80.

Informações
13 Episódios
Duração: 50 minutos (cada)
Download: Megaupload

Episodio 1
Os limites do Oceano Cósmico
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Episodio 2
As origens da vida
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Episodio 3
A Harmonia dos Mundos
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Episodio 4
Céu e Inferno
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Episodio 5
Os segredos de Marte
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Episodio 6
Historias de Viajantes
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Episodio 7
A Espinha dorsal da Noite
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Episodio 8
Viagens no espaço e no tempo
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Episodio 9
As vidas das estrelas
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Episodio 10
O Limiar da Eternidade
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Episodio 11
A Persistência da Memória
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Episodio 12
Enciclopedia Galáctica
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Episodio 13
Quem pode Salvar a Terra?
http://www.megaupload.com/?d=SY6Z6GUF

*credito: http://www.bestdocs.com.br/

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Lista de Falácias
« : 20 Jan 2005, 09:45:14 »

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Lógica & Falácias


Autor: Matthew
Tradutor: André Díspore Cancian
Fonte: The Atheism Web


Introdução
Há muito debate na Internet; infelizmente, grande parte dele possui péssima qualidade. O objetivo deste documento é explicar os fundamentos da argumentação lógica e possivelmente melhorar o nível dos debates em geral.

O Dicionário de Inglês conciso de Oxford (Concise Oxford English Dictionary) define lógica como "a ciência da argumentação, prova, reflexão ou inferência". Ela lhe permitirá analisar um argumento ou raciocínio e deliberar sobre sua veracidade. A lógica não é um pressuposto para a argumentação, é claro; mas conhecendo-a, mesmo que superficialmente, torna-se mais fácil evidenciar argumentos inválidos.

Há muitos tipos de lógica, como a difusa e a construtiva; elas possuem diferentes regras, vantagens e desvantagens. Este documento discute apenas a Booleana simples, pois é largamente conhecida e de compreensão relativamente fácil. Quando indivíduos falam sobre algo ser "lógico", geralmente se referem à lógica que será tratada aqui.

O que a lógica não é
Vale fazer alguns comentários sobre o que a lógica não é.

Primeiro: a lógica não é uma lei absoluta que governa o universo. Muitas pessoas, no passado, concluíram que se algo era logicamente impossível (dada a ciência da época), então seria literalmente impossível. Acreditava-se também que a geometria euclidiana era uma lei universal; afinal, era logicamente consistente. Mas sabemos que tais regras geométricas não são universais.

Segundo: a lógica não é um conjunto de regras que governa o comportamento humano. Pessoas podem possuir objetivos logicamente conflitantes. Por exemplo:

– John quer falar com quem está no encargo.

– A pessoa no encargo é Steve.

– Logo, John quer falar com Steve.

Infelizmente, pode ser que John também deseje, por outros motivos, evitar contato com Steve, tornando seu objetivo conflitante. Isso significa que a resposta lógica nem sempre é viável.

Este documento apenas explica como utilizar a lógica; decidir se ela é a ferramenta correta para a situação fica por conta de cada um. Há outros métodos para comunicação, discussão e debate.

Argumentos
Um argumento é, segundo Monthy Phyton Sketch, “uma série concatenada de afirmações com o fim de estabelecer uma proposição definida”.

Existem vários tipos de argumento; iremos discutir os chamados dedutivos. Esses são geralmente vistos como os mais precisos e persuasivos, provando categoricamente suas conclusões; podem ser válidos ou inválidos.

Argumentos dedutivos possuem três estágios: premissas, inferência e conclusão. Entretanto, antes de discutir tais estágios detalhadamente, precisamos examinar os alicerces de um argumento dedutivo: proposições.

Proposições
Uma proposição é uma afirmação que pode ser verdadeira ou falsa. Ela é o significado da afirmação, não um arranjo preciso das palavras para transmitir esse significado.

Por exemplo, “Existe um número primo par maior que dois” é uma proposição (no caso, uma falsa). “Um número primo par maior que dois existe” é a mesma proposição expressa de modo diferente.

Infelizmente, é muito fácil mudar acidentalmente o significado das palavras apenas reorganizando-as. A dicção da proposição deve ser considerada como algo significante.

É possível utilizar a lingüística formal para analisar e reformular uma afirmação sem alterar o significado; entretanto, este documento não pretende tratar de tal assunto.

Premissas
Argumentos dedutivos sempre requerem um certo número de “assunções-base”. São as chamadas premissas; é a partir delas que os argumentos são construídos; ou, dizendo de outro modo, são as razões para se aceitar o argumento. Entretanto, algo que é uma premissa no contexto de um argumento em particular, pode ser a conclusão de outro, por exemplo.

As premissas do argumento sempre devem ser explicitadas, esse é o princípio do audiatur et altera pars*. A omissão das premissas é comumente encarada como algo suspeito, e provavelmente reduzirá as chances de aceitação do argumento.

A apresentação das premissas de um argumento geralmente é precedida pelas palavras “Admitindo que...”, “Já que...”, “Obviamente se...” e “Porque...”. É imprescindível que seu oponente concorde com suas premissas antes de proceder com a argumentação.

Usar a palavra “obviamente” pode gerar desconfiança. Ela ocasionalmente faz algumas pessoas aceitarem afirmações falsas em vez de admitir que não entendem por que algo é “óbvio”. Não hesite em questionar afirmações supostamente “óbvias”.

* Expressão latina que significa “a parte contrária deve ser ouvida”.

Inferência
Umas vez que haja concordância sobre as premissas, o argumento procede passo a passo através do processo chamado inferência.

Na inferência, parte-se de uma ou mais proposições aceitas (premissas) para chegar a outras novas. Se a inferência for válida, a nova proposição também deve ser aceita. Posteriormente essa proposição poderá ser empregada em novas inferências.

Assim, inicialmente, apenas podemos inferir algo a partir das premissas do argumento; ao longo da argumentação, entretanto, o número de afirmações que podem ser utilizadas aumenta.

Há vários tipos de inferência válidos, mas também alguns inválidos, os quais serão analisados neste documento. O processo de inferência é comumente identificado pelas frases “conseqüentemente...” ou “isso implica que...”.

Conclusão
Finalmente se chegará a uma proposição que consiste na conclusão, ou seja, no que se está tentando provar. Ela é o resultado final do processo de inferência, e só pode ser classificada como conclusão no contexto de um argumento em particular.

A conclusão se respalda nas premissas e é inferida a partir delas. Esse é um processo sutil que merece explicação mais aprofundada.

A Implicação em Detalhes
Evidentemente, pode-se construir um argumento válido a partir de premissas verdadeiras, chegando a uma conclusão também verdadeira. Mas também é possível construir argumentos válidos a partir de premissas falsas, chegando a conclusões falsas.

O “pega” é que podemos partir de premissas falsas, proceder através de uma inferência válida, e chegar a uma conclusão verdadeira. Por exemplo:

– Premissa: Todos peixes vivem no oceano.

– Premissa: Lontras são peixes.

– Conclusão: Logo, lontras vivem no oceano.

Há, no entanto, uma coisa que não pode ser feita: partir de premissas verdadeiras, inferir de modo correto, e chegar a uma conclusão falsa.

Podemos resumir esses resultados numa tabela de “regras de implicação”. O símbolo “à” denota implicação; “A” é a premissa, “B” é a conclusão.

– Se as premissas são falsas e a inferência válida, a conclusão pode ser verdadeira ou falsa (linhas 1 e 2).

– Se a premissa é verdadeira e a conclusão falsa, a inferência é inválida (linha 3).

– Se as premissas e inferência são válidas, a conclusão é verdadeira (linha 4).

Desse modo, o fato de um argumento ser válido não significa necessariamente que sua conclusão é verdadeira, pois pode ter partido de premissas falsas.

Um argumento válido que foi derivado de premissas verdadeiras é chamado “argumento consistente”. Esses obrigatoriamente chegam a conclusões verdadeiras.

Exemplo de Argumento
A seguir está exemplificado um argumento válido, mas que pode ou não ser “consistente”.

1 – Premissa: Todo evento tem uma causa.

2 – Premissa: O Universo teve um começo.

3 – Premissa: Começar envolve um evento.

4 – Inferência: Isso implica que o começo do Universo envolveu um evento.

5 – Inferência: Logo, o começo do Universo teve uma causa.

6 – Conclusão: O Universo teve uma causa.

A proposição da linha 4 foi inferida das linhas 2 e 3. A linha 1, então, é usada em conjunto com proposição 4, para inferir uma nova proposição (linha 5). O resultado dessa inferência é reafirmado (numa forma levemente simplificada) como sendo a conclusão.

Reconhecendo Argumentos
O reconhecimento de argumentos é mais difícil que das premissas ou conclusão. Muitas pessoas abarrotam textos de asserções sem sequer produzir algo que possa ser chamado argumento.

Algumas vezes os argumentos não seguem os padrões descritos acima. Por exemplo, alguém pode dizer quais são suas conclusões e depois justificá-las. Isso é válido, mas pode ser um pouco confuso.

Para piorar a situação, algumas afirmações parecem argumentos, mas não são. Por exemplo: “Se a Bíblia é verdadeira, Jesus ou foi um louco, um mentiroso, ou o Filho de Deus”.

Isso não é um argumento; é uma afirmação condicional. Não explicita as premissas necessárias para embasar as conclusões, sem mencionar que possui outras falhas *(Nota 1).

Um argumento não equivale a uma explicação. Suponha que, tentando provar que Albert Einstein acreditava em Deus, disséssemos: “Einstein afirmou que ‘Deus não joga dados' porque cria em Deus”.

Isso pode parecer um argumento relevante, mas não é; trata-se de uma explicação da afirmação de Einstein. Para perceber isso, lembre-se que uma afirmação da forma “X porque Y” pode ser reescrita na forma “Y logo X”. O que resultaria em: “Einstein cria em Deus, por isso afirmou que ‘Deus não joga dados'”.

Agora fica claro que a afirmação, que parecia um argumento, está admitindo a conclusão que deveria estar provando.

Ademais, Einstein não cria num Deus pessoal preocupado com assuntos humanos *(Nota 2).

Leitura complementar
Esboçamos a estrutura de um argumento “consistente” dedutivo desde premissas até a conclusão; contudo, em última análise, a conclusão só pode ser tão persuasiva quanto as premissas utilizadas. A lógica em si não resolve o problema da verificação das premissas; para isso outra ferramenta é necessária.

O método de investigação preponderante é o científico. No entanto, a filosofia da ciência e o método científico são assuntos extremamente extensos e explicá-los está muito além das pretensões deste documento.

Recomenda-se a leitura de livros específicos sobre o assunto para uma compreensão mais abrangente.

Falácias
Há um certo número de “armadilhas” a serem evitadas quando se está construindo um argumento dedutivo; elas são conhecidas como falácias. Na linguagem do dia-a-dia, nós denominamos muitas crenças equivocadas como falácias, mas, na lógica, o termo possui significado mais específico: falácia é uma falha técnica que torna o argumento inconsistente ou inválido.

(Além da consistência do argumento, também se podem criticar as intenções por detrás da argumentação.)

Argumentos contentores de falácias são denominados falaciosos. Freqüentemente parecem válidos e convincentes; às vezes, apenas uma análise pormenorizada é capaz de revelar a falha lógica.

A seguir está uma lista de algumas das falácias mais comuns e determinadas técnicas retóricas bastante utilizadas em debates. A intenção não foi criar uma lista exaustivamente grande, mas apenas ajuda-lo a reconhecer algumas das falácias mais comuns, evitando, assim, ser enganado por elas.

Acentuação / Ênfase
A falácia a Acentuação funciona através de uma mudança no significado. Neste caso, o significado é alterado enfatizando diferentes partes da afirmação. Por exemplo:

“Não devemos falar mal de nossos amigos”

“Não devemos falar mal de nossos amigos”

Seja particularmente cauteloso com esse tipo de falácia na internet, onde é fácil interpretar mal o sentido do que está escrito.

Ad Hoc
Como mencionado acima, argumentar e explicar são coisas diferentes. Se estivermos interessados em demonstrar A, e B é oferecido como evidência, a afirmação “A porque B” é um argumento. Se estivermos tentando demonstrar a veracidade de B, então “A porque B” não é um argumento, mas uma explicação.

A falácia Ad Hoc é explicar um fato após ter ocorrido, mas sem que essa explicação seja aplicável a outras situações. Freqüentemente a falácia Ad Hoc vem mascarada de argumento. Por exemplo, se admitirmos que Deus trata as pessoas igualmente, então esta seria uma explicação Ad Hoc:

“Eu fui curado de câncer”

“Agradeça a Deus, pois ele lhe curou”

“Então ele vai curar todas pessoas que têm câncer?”

“Hmm... talvez... os desígnios de Deus são misteriosos.”

Afirmação do Conseqüente
Essa falácia é um argumento na forma “A implica B, B é verdade, logo A é verdade”. Para entender por que isso é uma falácia, examine a tabela (acima) com as Regras de Implicação. Aqui está um exemplo:

“Se o universo tivesse sido criado por um ser sobrenatural, haveria ordem e organização em todo lugar. E nós vemos ordem, e não esporadicidade; então é óbvio que o universo teve um criador.”

Esse argumento é o contrario da Negação do Antecedente.

Anfibolia
A Anfibolia ocorre quando as premissas usadas num argumento são ambíguas devido a negligência ou imprecisão gramatical. Por exemplo:

“Premissa: A crença em Deus preenche um vazio muito necessário.”

Evidência Anedótica
Uma das falácias mais simples é dar crédito a uma Evidência Anedótica. Por exemplo:

“Há abundantes provas da existência de Deus; ele ainda faz milagres. Semana passada eu li sobre uma garota que estava morrendo de câncer, então sua família inteira foi para uma igreja e rezou, e ela foi curada.”

É bastante válido usar experiências pessoais como ilustração; contudo, essas anedotas não provam nada a ninguém. Um amigo seu pode dizer que encontrou Elvis Presley no supermercado, mas aqueles que não tiveram a mesma experiência exigirão mais do que o testemunho de seu amigo para serem convencidos.

Evidências Anedóticas podem parecer muito convincentes, especialmente queremos acreditar nelas.

Argumentum ad Antiquitatem
Essa é a falácia de afirmar que algo é verdadeiro ou bom só porque é antigo ou “sempre foi assim”. A falácia oposta é a Argumentum ad Novitatem.

“Cristãos acreditam em Jesus há milhares de anos. Se o Cristianismo não fosse verdadeiro, não teria perdurado tanto tempo”

Argumentum ad Baculum / Apelo à Força
Acontece quando alguém recorre à força (ou à ameaça) para tentar induzir outros a aceitarem uma conclusão. Essa falácia é freqüentemente utilizada por políticos, e pode ser sumarizada na expressão “o poder define os direitos”. A ameaça não precisa vir diretamente da pessoa que argumenta. Por exemplo:

“...assim, há amplas provas da veracidade da Bíblia, e todos que não aceitarem essa verdade queimarão no Inferno.”

“...em todo caso, sei seu telefone e endereço; já mencionei que possuo licença para portar armas?”

Argumentum ad Crumenam
É a falácia de acreditar que dinheiro é o critério da verdade; que indivíduos ricos têm mais chances de estarem certos. Trata-se do oposto ao Argumentum ad Lazarum. Exemplo:

“A Microsoft é indubitavelmente superior; por que outro motivo Bill Gates seria tão rico?”

Argumentum ad Hominen
Argumentum ad Hominemliteralmente significa “argumento direcionado ao homem”; há duas variedades.

A primeira é a falácia Argumentum ad Hominemabusiva: consiste em rejeitar uma afirmação e justificar a recusa criticando a pessoa que fez a afirmação. Por exemplo:

“Você diz que os ateus podem ser morais, mas descobri que você abandonou sua mulher e filhos.”

Isso é uma falácia porque a veracidade de uma asserção não depende das virtudes da pessoa que a propugna. Uma versão mais sutil do Argumentum ad Hominen é rejeitar uma proposição baseando-se no fato de ela também ser defendida por pessoas de caráter muito questionável. Por exemplo:

“Por isso nós deveríamos fechar a igreja? Hitler e Stálin concordariam com você.”

A segunda forma é tentar persuadir alguém a aceitar uma afirmação utilizando como referência as circunstâncias particulares da pessoa. Por exemplo:

“É perfeitamente aceitável matar animais para usar como alimento. Esperto que você não contrarie o que eu disse, pois parece bastante feliz em vestir seus sapatos de couro.”

Esta falácia é conhecida como Argumenutm ad Hominem circunstancial e também pode ser usada como uma desculpa para rejeitar uma conclusão. Por exemplo:

“É claro que a seu ver discriminação racial é absurda. Você é negro”

Essa forma em particular do Argumenutm ad Hominem, no qual você alega que alguém está defendendo uma conclusão por motivos egoístas, também é conhecida como “envenenar o poço”.

Não é sempre inválido referir-se às circunstâncias de quem que faz uma afirmação. Um indivíduo certamente perde credibilidade como testemunha se tiver fama de mentiroso ou traidor; entretanto, isso não prova a falsidade de seu testemunho, nem altera a consistência de quaisquer de seus argumentos lógicos.

Argumentum ad Ignorantiam
Argumentum ad Ignorantiam significa “argumento da ignorância”. A falácia consiste em afirmar que algo é verdade simplesmente porque não provaram o contrário; ou, de modo equivalente, quando for dito que algo é falso porque não provaram sua veracidade.

(Nota: admitir que algo é falso até provarem o contrário não é a mesma coisa que afirmar. Nas leis, por exemplo, os indivíduos são considerados inocentes até que se prove o contrário.)

Abaixo estão dois exemplos:

“Obviamente a Bíblia é verdadeira. Ninguém pode provar o contrário.”

“Certamente a telepatia e os outros fenômenos psíquicos não existem. Ninguém jamais foi capaz de prová-los.”

Na investigação científica, sabe-se que um evento pode produzir certas evidências de sua ocorrência, e que a ausência dessas evidências pode ser validamente utilizada para inferir que o evento não ocorreu. No entanto, não prova com certeza.

Por exemplo:

“Para que ocorresse um dilúvio como o descrito pela Bíblia seria necessário um enorme volume de água. A Terra não possui nem um décimo da quantidade necessária, mesmo levando em conta a que está congelada nos pólos. Logo, o dilúvio não ocorreu.”

Certamente é possível que algum processo desconhecido tenha removido a água. A ciência, entretanto, exigiria teorias plausíveis e passíveis de experimentação para aceitar que o fato tenha ocorrido.

Infelizmente, a história da ciência é cheia de predições lógicas que se mostraram equivocadas. Em 1893, a Real Academia de Ciências da Inglaterra foi persuadida por Sir Robert Ball de que a comunicação com o planeta Marte era fisicamente impossível, pois necessitaria de uma antena do tamanho da Irlanda, e seria impossível fazê-la funcionar.

Veja também Mudando o Ônus da Prova.

Argumentum ad Lazarum
É a falácia de assumir que alguém pobre é mais íntegro ou virtuoso que alguém rico. Essa falácia é apõe-se à Argumentum ad Crumenam. Por exemplo:

“É mais provável que os monges descubram o significado da vida, pois abdicaram das distrações que o dinheiro possibilita.”

Argumentum ad Logicam
Essa é uma “falácia da falácia”. Consiste em argumentar que uma proposição é falsa porque foi apresentada como a conclusão de um argumento falacioso. Lembre-se que um argumento falacioso pode chegar a conclusões verdadeiras.

“Pegue a fração 16/64. Agora, cancelando-se o seis de cima e o seis debaixo, chegamos a 1/4.”

“Espere um segundo! Você não pode cancelar o seis!”

“Ah, então você quer dizer que 16/64 não é 1/4?”

Argumentum ad Misericordiam
É o apelo à piedade, também conhecida como Súplica Especial. A falácia é cometida quando alguém apela à compaixão a fim de que aceitem sua conclusão. Por exemplo:

“Eu não assassinei meus pais com um machado! Por favor, não me acuse; você não vê que já estou sofrendo o bastante por ter me tornado um órfão?”

Argumentum ad Nauseam
Consistem em crer, equivocadamente, que algo é tanto mais verdade, ou tem mais chances de ser, quanto mais for repetido. Um Argumentum ad Nauseamé aquele que afirma algo repetitivamente até a exaustão.

Argumentum ad Novitatem
Esse é o oposto do Argumentum ad Antiquitatem; é a falácia de afirmar que algo é melhor ou mais verdadeiro simplesmente porque é novo ou mais recente que alguma outra coisa.

“BeOS é, de longe, um sistema operacional superior ao OpenStep, pois possui um design muito mais atual.”

Argumentum ad Numerum
Falácia relacionada ao Argumentum ad Populum. Consiste em afirmar que quanto mais pessoas concordam ou acreditam numa certa proposição, mais provavelmente ela estará correta. Por exemplo:

“A grande maioria dos habitantes deste país acredita que a punição capital é bastante eficiente na diminuição dos delitos. Negar isso em face de tantas evidências é ridículo.”

“Milhares de pessoas acreditam nos poderes das pirâmides; ela deve ter algo de especial.”

Argumentum ad Populum
Também conhecida como apelo ao povo. Comete-se essa falácia ao tentar conquistar a aceitação de uma proposição apelando a um grande número de pessoas. Esse tipo de falácia é comumente caracterizado por uma linguagem emotiva. Por exemplo:

“A pornografia deve ser banida. É uma violência contra as mulheres.”

“Por milhares de anos pessoas têm acreditado na Bíblia e Jesus, e essa crença teve um enorme impacto sobre suas vida. De que outra evidência você precisa para se convencer de que Jesus é o filho de Deus? Você está dizendo que todas elas são apenas estúpidas pessoas enganadas?”

Argumentum ad Verecundiam
O Apelo à Autoridade usa a admiração a uma pessoa famosa para tentar sustentar uma afirmação. Por exemplo:

“Isaac Newton foi um gênio e acreditava em Deus.”

Esse tipo de argumento não é sempre inválido; por exemplo, pode ser relevante fazer referência a um indivíduo famoso de um campo específico. Por exemplo, podemos distinguir facilmente entre:

“Hawking concluiu que os buracos negros geram radiação.”

“Penrose conclui que é impossível construir um computador inteligente.”

Hawking é um físico, então é razoável admitir que suas opiniões sobre os buracos negros são fundamentadas. Penrose é um matemático, então sua qualificação para falar sobre o assunto é bastante questionável.

Audiatur et Altera Pars
Freqüentemente pessoas argumentam partir de assunções omitidas. O princípio do Audiatur et Altera Pars diz que todas premissas de um argumento devem ser explicitadas. Estritamente, a omissão das premissas não é uma falácia; entretanto, é comumente vista como algo suspeito.

Bifurcação
“Preto e Branco” é outro nome dado a essa falácia. A Bifurcação ocorre se alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando na verdade existem ou podem existir outras. Por exemplo:

“Ou o homem foi criado, como diz a Bíblia, ou evoluiu casualmente de substâncias químicas inanimadas, como os cientistas dizem. Já que a segunda hipótese é incrivelmente improvável, então...”

Circulus in Demonstrando
Consiste em adotar como premissa uma conclusão à qual você está tentando chegar. Não raro, a proposição é reescrita para fazer com que tenha a aparência de um argumento válido. Por exemplo:

“Homossexuais não devem exercer cargos públicos. Ou seja, qualquer funcionário público que se revele um homossexual deve ser despedido. Por isso, eles farão qualquer coisa para esconder seu segredo, e assim ficarão totalmente sujeitos a chantagens. Conseqüentemente, não se deve permitir homossexuais em cargos públicos.”

Esse é um argumento completamente circular; a premissa e a conclusão são a mesma coisa. Um argumento como o acima foi realmente utilizado como um motivo para que todos os empregados homossexuais do Serviço Secreto Britânico fossem despedidos.

Infelizmente, argumentos circulares são surpreendentemente comuns. Após chegarmos a uma conclusão, é fácil que, acidentalmente, façamos asserções ao tentarmos explicar o raciocínio a alguém.

Questão Complexa / Falácia de Interrogação / Falácia da Pressuposição
É a forma interrogativa de pressupor uma resposta. Um exemplo clássico é a pergunta capciosa:

“Você parou de bater em sua esposa?”

A questão pressupõe uma resposta definida a outra questão que não chegou a ser feita. Esse truque é bastante usado por advogados durante o interrogatório, quando fazem perguntas do tipo:

“Onde você escondeu o dinheiro que roubou?”

Similarmente, políticos também usam perguntas capciosas como:

“Até quando será permitida a intromissão dos EUA em nossos assuntos?”

“O Chanceller planeja continuar essa privatização ruinosa por dois anos ou mais?”

Outra forma dessa falácia é pedir a explicação de algo falso ou que ainda não foi discutido.

Falácias de Composição
A Falácia de Composição é concluir que uma propriedade compartilhada por um número de elementos em particular, também é compartilhada por um conjunto desses elementos; ou que as propriedades de uma parte do objeto devem ser as mesmas nele inteiro. Exemplos:

“Essa bicicleta é feita inteiramente de componentes de baixa densidade, logo é muito leve.”

“Um carro utiliza menos petroquímicos e causa menos poluição que um ônibus. Logo, os carros causam menos dano ambiental que os ônibus.”

Acidente Invertido / Generalização Grosseira
Essa é o inverso da Falácia do Acidente. Ela ocorre quando se cria uma regra geral examinando apenas poucos casos específicos que não representam todos os possíveis casos. Por exemplo:

“Jim Bakker foi um Cristão pérfido; logo, todos os cristãos também são.”

Convertendo uma Condicional
A falácia é um argumento na forma “Se A então B, logo se B então A”.

“Se os padrões educacionais forem abaixados, a qualidade dos argumentos vistos na internet diminui. Então, se vermos o nível dos debates na internet piorar, saberemos que os padrões educacionais estão caindo.”

Essa falácia é similar à Afirmação do Conseqüente, mas escrita como uma afirmação condicional.

Cum Hoc Ergo Propter Hoc
Essa falácia é similar à Post Hoc Ergo Propter Hoc. Consiste em afirmar que devido a dois eventos terem ocorrido concomitantemente, eles possuem uma relação de causalidade. Isso é uma falácia porque ignora outro(s) fator(es) que pode(m) ser a(s) causa(s) do(s) evento(s).

“Os índices de analfabetismo têm aumentado constantemente desde o advento da televisão. Obviamente ela compromete o aprendizado”

Essa falácia é um caso especial da Non Causa Pro Causa.

Negação do Antecedente
Trata-se de um argumento na forma “A implica B, A é falso, logo B é falso”. A tabela com as Regras de Implicação explica por que isso é uma falácia.

(Nota: A Non Causa Pro Causa é diferente dessa falácia. A Negação do Antecedente possui a forma “A implica B, A é falso, logo B é falso”, onde A não implica B em absoluto. O problema não é que a implicação seja inválida, mas que a falsidade de A não nos permite deduzir qualquer coisa sobre B.)

“Se o Deus bíblico aparecesse para mim pessoalmente, isso certamente provaria que o cristianismo é verdade. Mas ele não o fez, ou seja, a Bíblia não passa de ficção.”

Esse é oposto da falácia Afirmação do Conseqüente.

Falácia do Acidente / Generalização Absoluta / Dicto Simpliciter
Uma Generalização Absoluta ocorre quando uma regra geral é aplicada a uma situação em particular, mas as características da situação tornam regra inaplicável. O erro ocorre quando se vai do geral do específico. Por exemplo:

“Cristãos não gostam de ateus. Você é um Cristão, logo não gosta de ateus.”

Essa falácia é muito comum entre pessoas que tentam decidir questões legais e morais aplicando regras gerais mecanicamente.

Falácia da Divisão
Oposta à Falácia de Composição, consiste em assumir que a propriedade de um elemento deve aplicar-se às suas partes; ou que uma propriedade de um conjunto de elementos é compartilhada por todos.

“Você estuda num colégio rico. Logo, você é rico.”

“Formigas podem destruir uma árvore. Logo, essa formiga também pode.”

Equivocação / Falácia de Quatro Termos
A Equivocação ocorre quando uma palavra-chave é utilizada com dois um ou mais significados no mesmo argumento. Por exemplo:

“João é destro jogando futebol. Logo, também deve ser destro em outros esportes, apesar de ser canhoto.”

Uma forma de evitar essa falácia é escolher cuidadosamente a terminologia antes de formular o argumento, isso evita que palavras como “destro” possam ter vários significados (como “que usa preferencialmente a mão direita” ou “hábil, rápido”).

Analogia Estendida
A falácia da Analogia Estendida ocorre, geralmente, quando alguma regra geral está sendo discutida. Um caso típico é assumir que a menção de duas situações diferentes, num argumento sobre uma regra geral, significa que tais afirmações são análogas.

A seguir está um exemplo retirado de um debate sobre a legislação anticriptográfica.

“Eu acredito que é errado opor-se à lei violando-a.”

“Essa posição é execrável: implica que você não apoiaria Martin Luther King.”

“Você está dizendo que a legislação sobre criptografia é tão importante quando a luta pela igualdade dos homens? Como ousa!”

Ignorantio Elenchi / Conclusão Irrelevante
A Ignorantio Elenchi consiste em afirmar que um argumento suporta uma conclusão em particular, quando na verdade não possuem qualquer relação lógica.

Por exemplo, um Cristão pode começar alegando que os ensinamentos do Cristianismo são indubitavelmente verdadeiros. Se após isso ele tentar justificar suas afirmações dizendo que tais ensinamentos são muito benéficos às pessoas que os seguem, não importa quão eloqüente ou coerente seja sua argumentação, ela nunca vai provar a veracidade desses escritos.

Lamentavelmente, esse tipo de argumentação é quase sempre bem-sucedido, pois faz as pessoas enxergarem a suposta conclusão numa perspectiva mais benevolente.

Falácia da Lei Natural / Apelo à Natureza
O Apelo à Natureza é uma falácia comum em argumentos políticos. Uma versão consiste em estabelecer uma analogia entre uma conclusão em particular e algum aspecto do mundo natural, e então afirmar que tal conclusão é inevitável porque o mundo natural é similar:

“O mundo natural é caracterizado pela competição; animais lutam uns contra os outros pela posse de recursos naturais limitados. O capitalismo – luta pela posse de capital – é simplesmente um aspecto inevitável da natureza humana. É como o mundo funciona.”

Outra forma de Apelo à Natureza é argumentar que devido ao homem ser produto da natureza, deve se comportar como se ainda estivesse nela, pois do contrário estaria indo contra sua própria essência.

“Claro que o homossexualismo é inatural. Qual foi a última vez em que você viu animais do mesmo sexo copulando?”

Falácia “Nenhum Escocês de Verdade...”
Suponha que eu afirme “Nenhum escocês coloca açúcar em seu mingau”. Você contra-argumenta dizendo que seu amigo Angus gosta de açúcar no mingau. Então eu digo “Ah, sim, mas nenhum escocês de verdade coloca”.

Esse é o exemplo de uma mudança Ad Hoc sendo feita para defender uma afirmação, combinada com uma tentativa de mudar o significado original das palavras; essa pode ser chamada uma combinação de falácias.

Non Causa Pro Causa
A falácia Non Causa Pro Causa ocorre quando algo é tomado como causa de um evento, mas sem que a relação causal seja demonstrada. Por exemplo:

“Eu tomei uma aspirina e rezei para que Deus a fizesse funcionar; então minha dor de cabeça desapareceu. Certamente Deus foi quem a curou.”

Essa é conhecida como a falácia da Causalidade Fictícia. Duas variações da Non Causa Pro Causa são as falácias Cum Hoc Ergo Propter Hoc e Post Hoc Ergo Propter Hoc.

Non Sequitur
Non Sequitur é um argumento onde a conclusão deriva das premissas sem qualquer conexão lógica. Por exemplo:

“Já que os egípcios fizeram muitas escavações durante a construção das pirâmides, então certamente eram peritos em paleontologia.”

Pretitio Principii / Implorando a Pergunta
Ocorre quando as premissas são pelo menos tão questionáveis quanto as conclusões atingidas. Por exemplo:

“A Bíblia é a palavra de Deus. A palavra de Deus não pode ser questionada; a Bíblia diz que ela mesma é verdadeira. Logo, sua veracidade é uma certeza absoluta.”

Pretitio Principii é similar ao Circulus in Demonstrando, onde a conclusão é a própria premissa.

Plurium Interrogationum / Muitas Questões
Essa falácia ocorre quando alguém exige uma resposta simplista a uma questão complexa.

“Altos impostos impedem os negócios ou não? Sim ou não?”

Post Hoc Ergo Proter Hoc
A falácia Post Hoc Ergo Propter Hoc ocorre quando algo é admitido como causa de um evento meramente porque o antecedeu. Por exemplo:

“A União Soviética entrou em colapso após a instituição do ateísmo estatal; logo, o ateísmo deve ser evitado.”

Essa é outra versão da Falácia da Causalidade Fictícia.

Falácia “Olha o Avião”
Comete-se essa falácia quando alguém introduz material irrelevante à questão sendo discutida, fugindo do assunto e comprometendo a objetividade da conclusão.

“Você pode até dizer que a pena de morte é ineficiente no combate à criminalidade, mas e as vítimas? Como você acha que os pais se sentirão quando virem o assassino de seu filho vivendo às custas dos impostos que eles pagam? É justo que paguem pela comida do assassino de seu filho?”

Reificação
A Reificação ocorre quando um conceito abstrato é tratado como algo concreto.

“Você descreveu aquela pessoa como ‘maldosa'. Mas onde fica essa ‘maldade'? Dentro do cérebro? Cadê? Você não pode nem demonstrar o que diz, suas afirmações são infundadas.”

Mudando o Ônus da Prova
O ônus da prova sempre cabe à pessoa que afirma. Análoga ao Argumentum ad Ignorantiam, é a falácia de colocar o ônus da prova no indivíduo que nega ou questiona uma afirmação. O erro, obviamente, consiste em admitir que algo é verdade até que provem o contrário.

“Dizer que os alienígenas não estão controlando o mundo é fácil... eu quero que você prove.”

Declive Escorregadio
Consiste em dizer que a ocorrência de um evento acarretará conseqüências daninhas, mas sem apresentar provas para sustentar tal afirmação. Por exemplo:

“Se legalizarmos a maconha, então mais pessoas começarão a usar crack e heroína, e teríamos de legaliza-las também. Não levará muito tempo até que este país se transforme numa nação de viciados. Logo, não se deve legalizar a maconha.”

Espantalho
A falácia do Espantalho consiste em distorcer a posição de alguém para que possa ser atacada mais facilmente. O erro está no fato dela não lidar com os verdadeiros argumentos.

“Para ser ateu você precisa crer piamente na inexistência de Deus. Para convencer-se disso, é preciso vasculhar todo o Universo e todos os lugares onde Deus poderia estar. Já que obviamente você não fez isso, sua posição é indefensável.”

Uma vez por semana aparece alguém com esse argumento na Internet. Quem não consegue entender qual é a falha lógica deve ler a Introdução ao Ateísmo.

Tu Quoque
Essa é a famosa falácia “você também”. Ocorre quando se argumenta que uma ação é aceitável apenas porque seu oponente a fez. Por exemplo:

“Você está sendo agressivo em suas afirmações.”

“E daí? Você também.”

Isso é um ataque pessoal, sendo uma variante do caso Argumentum ad Hominem.

Falácia do Meio Não-distribuído / Falácia “A baseia-se em B” ou “...é um tipo de...”
É uma falha lógica que ocorre quando se tenta argumentar que certas coisas são, em algum aspecto, similares, mas não se consegue especificar qual. Exemplos:

“A história não se baseia na fé? Então a Bíblia também não poderia ser vista como história?”

“O islamismo baseia-se na fé, o cristianismo também. Então o islamismo não é uma forma de cristianismo?”

“Gatos são animais formados de compostos orgânicos; cachorros também. Então os cachorros não são apenas um tipo de gato?”

*Nota 1

Jesus: Senhor, Mentiroso ou Lunático?
“Jesus existiu? Se não, então não há o que discutir. Mas se existiu, e se autodenominava ‘Senhor', isso significa que: ele era o Senhor, um mentiroso, ou um lunático. É improvável que ele tenha sido um mentiroso, dado o código moral descrito na Bíblia; seu comportamento também não era o de um lunático; então certamente conclui-se que ele era o Senhor.”

Primeiramente, esse argumento admite tacitamente que Jesus existiu de fato. O que é, no mínimo, algo questionável. Ele possui uma falácia lógica que poderemos chamar “Trifurcação”, por analogia com a Bifurcação. É uma tentativa de restringir a três as possibilidades que, na verdade, são muitas mais.

Duas outras hipóteses:

– A Bíblia apresenta as palavras de Jesus de modo distorcido, pois ele nunca alegou ser o “Senhor”.

– As histórias sobre ele foram inventadas ou então misturadas com fantasia pelos primeiros cristãos.

Note que no Novo Testamento Jesus não diz ser Deus, apesar de em João 10:30 ele ter dito “Eu e meu pai somos um”. A alegação de que Jesus era Deus foi feita após sua morte pelos seus doze apóstolos.

Finalmente, a possibilidade de ele ter sido um “lunático” não é tão pequena. Mesmo hoje em dia há várias pessoas que conseguem convencer multidões de que são “o Senhor” ou “o verdadeiro profeta”. Em países mais supersticiosos, há literalmente centenas de supostos “messias”.

*Nota 2

Einstein e “Deus não joga dados”
“Albert Einstein acreditava em Deus. Você se acha mais inteligente que ele?”

Einstein uma vez disse que “Deus não joga dados (com o Universo)”. Essa citação é comumente mencionada para mostrar que Einstein acreditava no Deus cristão. Mas nesse caso ela está fora de contexto, pois dizendo isso ele pretendia apenas recusar alguns aspectos mais populares da teoria quântica. Ademais, a religião de Einstein era o judaísmo, não o cristianismo.

Talvez essas citações de sua autoria possam deixar a idéia mais clara:

“Eu acredito no Deus de Spinoza que se revela através da harmonia do existente, não num Deus que se preocupa com o destino e vida dos seres humanos.”

“O que você leu sobre minas convicções religiosas é uma mentira, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Eu não acredito em um Deus pessoal e nunca neguei isso, mas o afirmei claramente. Se há algo em mim que pode ser chamado religião, é a minha ilimitada admiração pela estrutura do mundo.”

“Eu não acredito na imortalidade do indivíduo, e considero a moral como algo que diz respeito somente aos homens, sem qualquer relação com uma autoridade supra-humana.”

Registrado

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“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"Beowulf"
Coisas imbecis da bíblia:

Bibliólatras frequentemente alegam que a bíblia em nada contraria a ciência, pelo contrário, dizem que ela antecipou certos conceitos científicos impossíveis de serem conhecidos na época da sua redação e, por isso, é a prova da sua suposta inspiração divina. Para isso citam passagens bíblicas duvidosas e de sentido não muito claro. Entretanto, tais defensores da "ciência bíblica" simplesmente ignoram muitas partes nas quais a bíblia entra em conflito com o conhecimento científico atual. Segue abaixo:

01) Lebres e coelhos ruminam - Levítico 11:05,06 e Deuteronômio 14:07;

02) Morcegos também são aves - Levítico 11:19 e Deuteronômio 14:18;

03) Algumas espécies de insetos têm quatro pés - Levítico 11:20;

04) O homem surgiu diretamente do pó (ou barro) - Gênesis 02:07;

05) A mulher surgiu de uma costela do homem - Gênesis 02:21-22;

06) As plantas surgiram antes do sol - Gênesis 01:11-19;

07) Nosso planeta surgiu antes da luz – Gênesis 01:02,03;

08) A água surgiu antes da luz – Idem acima;

09) O céu é um firmamento sobre o qual há água – Gênesis 01:06,07;

10) Répteis, mamíferos e aves surgiram ao mesmo tempo – Gênesis 01:20-24;

11) O arco-íris é um fenômeno mais recente que a civilização - Gênesis 09:13-16;

12) Os diferentes idiomas existem porque Deus quis impedir que o homem construísse uma torre para alcançar o céu - Gênesis 11:05-09;

13) A Terra é sustentada por colunas - I Samuel 02:08;

14) A Terra tem aproximadamente 6.000 anos (este número é conseguido calculando as genealogias mostradas em Gênesis cap 05 e 11, e também de Lucas 03:23-28);

15) A Terra não se move (geocentrismo)- 1Crônicas 16:30, Salmos 93:01, 96:10, 104:05;

16) A Terra é plana - Daniel 04:11 (diz que uma árvore podia ser vista até os confins da Terra, algo possível apenas em um mundo plano) e Mateus 04:08 (diz que de um monte muito alto podem ser vistos todos os reinos da Terra, somente possível em um mundo plano);

17) O Universo surgiu em seis dias - Gênesis 01:31;

18) As árvores frutíferas surgiram antes de qualquer animal - Gênesis 01:12:21;

19) Uma pequena janela, com menos de meio metro quadrado, é o suficiente para arejar um ambiente contendo milhares de animais - Gênesis 06:16;

20) Os seres vivos surgiram praticamente como são atualmente – Gênesis 01: 21-25 e Gênesis 02:19,20

21) É possível alterar geneticamente rebanhos acasalando-os em frente a varas descascadas - Gênesis 30:37-39;

22) Existência de dragões - Salmo 44:19, Isaías 27:01;

23) Sangue na roupa de cama é uma evidência conclusiva para a comprovação de virgindade antes do casamento (a falta dela poderia causar a morte de uma mulher) - Deuteronômio 22:20,21;

24) Estrelas podem cair do céu sobre a terra - Mateus 24:29, Marcos 13:25, Apocalipse 06:13 e Apocalipse 12:04;

25) Doenças como surdez, cegueira e doenças mentais são causadas por demônios - Mateus 12:22; Marcos 09:25; Lucas 08:27;

26) Ouro enferruja - Tiago 05:02;

27) O valor de Pi=3 (o correto é Pi=3,141592...) - I Reis 07:23;

28) Serpentes comem pó, e rastejam devido a uma maldição divina - Gênesis 03: 14;

29) Tudo o que se come é eliminado - Mateus 15:17;

30) Sementes mortas podem germinar - João 12:24;

31) A semente da mostarda é a menor de todas as sementes - Mateus 13:32;

32) O que se come não nos contamina - Mateus 15:11

34) O mar está delimitado e suas ondas não podem avançar - Jó 38:8-11 (bastam as imagens do tsunami em 2003 para ver que isso passa longe da verdade);

35) O coração é o órgão responsável pelos pensamentos - I Crônicas 29:18, Jeremias 16:12, Daniel 02:30, Isaías 44:18, Mateus 09:04, Atos 08:22, etc (obs: nenhum lugar da bíblia faz referência ao cérebro)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sobre TE:
http://www.youtube.com/watch?v=aHbdXEygGc0

domingo, 11 de outubro de 2009

Todas as pessoas religiosas apresentam diversos sinais e sintomas de uma grave doença mental.

Livro: Psicologia e psiquiatria na enfermagem
Autores: Peter Dally e Heather Harrington
Editora EDUSP (Entre parênteses observações do DaTerra)

Hoje em dia muitos psiquiatras se baseiam nos "sintomas de primeira linha" de Schneider para distinguir a esquizofrenia de outras psicoses funcionais.
Schneider enumerou tais sintomas da seguinte forma:

1. Certos tipos de alucinações auditivas, particularmente quando o paciente ouve seus próprios pensamentos serem repetidos em voz alta, bem como vozes discutindo e criticando suas ações.
(Crentes rezando mentalmente, conversando com Deus ou discutindo com o diabo, ouvindo vozes de espíritos, vozes criticando seus atos... )

2. Experiências de passividade física, tais como influências externas agindo em seu corpo.
(Médiuns & fenômenos paranormais)

3. Fuga de pensamento e outras interferências no ato de pensar.
(Meditação transcendental, projeção astral etc...)

4. Difusão de pensamento, de modo que outras pessoas são capazes de ler e sentir seus pensamentos.
(Acreditar em Cartomantes, Videntes etc..)

5. Percepção de sentimentos delirantes.
Exemplo: " Revelação" ofuscante ao paciente de que ele tem uma missão divina a cumprir.

6. Impulsos e atos experimentados pelo paciente como o trabalho ou influência de outros.
(Enfeitiçados com macumbas, tentados pelo diabo, etc...)

Se um ou mais destes sintomas estiverem presentes, o diagnóstico é "ESQUIZOFRENIA".

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Segunda Lei da Termodinâmica e o Criacionismo
Uma panorâmica do pseudo-argumento dos criacionistas sobre a entropia
Neste artigo, transferimos uma série de observações que seriam postadas em nosso blog, e acrescentamos referências e explicações sobre diversas questões de Termodinâmica relacionadas à vida e seu processo evolutivo.
Conteúdo
A típica argumentação criacionista
Histórico
Tratando a questão inicialmente, e sob Física
Consequências da termodinâmica dos criacionistas para a vida (e o mundo)
Observações finais
menosmaisQuiumento, Francisco. Segunda Lei da Termodinâmica e o Criacionismo:Uma panorâmica do pseudo-argumento dos criacionistas sobre a entropia [internet]. Versão 11. Knol. 2009 out 9. Disponível em: http://knol.google.com/k/francisco-quiumento/segunda-lei-da-termodinâmica-e-o/2tlel7k7dcy4s/62.
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A típica argumentação criacionista

"O universo caminha de níveis organizados para níveis cada vez mais desorganizados"

Dentro do criacionismo esta lei é aceita porque propõe que Deus criou um mundo perfeito, entretanto, o pecado ao se instalar no mundo iniciou um processo de destruição, desorganização das espécies, isto torna o criacionismo aceito dentro da lei da termodinâmica, enquanto o evolocionismo não pode ser aceito porque diz que o universo caminha de níveis desorganizados para níveis organizados.




Histórico

Consta, pelo The TalkOrigins Archive que a idéia errônea de que entropia da termodinâmica seja o mesmo de desordem foi primeiro divulgada por Duane T.Gish, do Institute for Creation Research (Instituto para Pesquisa da Criação).

Tratando a questão inicialmente, e sob Física

Tendo lido no passado inúmeras vezes sobre o "argumento da segunda lei da termodinâmica", escrevi já há anos um texto, chamado por alguns e por mim de "o postão insuportável", que é o núcleo do que agora apresento:

A Primeira Lei da Termodinâmica é dada por:



(Variação da Energia Interna é Igual A Variação da Quantidade de Calor mais Trabalho Realizado (sobre o Sistema)

Ela é afirmada pela nossa plena confiança na Lei da Conservação da Energia da Mecânica Newtoniana, que diz:

O somatório das Energias de um Sistema é constante. (E com esta muitas vezes confundida.)

Que conjuntamente ao Princípio da Conservação das Massas de Lavoisier, conjuntamente a Teoria Geral da Relatividade, resulta:

Num sistema isolado a energia relativística (massa-energia) total é conservada, quando medida em qualquer sistema inercial dado.

A Segunda Lei da Termodinâmica é descrita por:

É impossível qualquer processo que envolva nada mais do que a transferência de calor de um corpo frio para outro quente. (Enunciado de Clausius).

Ou:

Não é possível qualquer processo no qual ocorra apenas a conversão de energia térmica de um único reservatório em trabalho macroscópico. (Enunciado de Kelvin-Planck)

Ou simples e mas grosseiramente: “Calor sempre passa de um corpo mais quente para outro mais frio.”

Agora entendamos o seguinte: A Primeira Lei é o que chamamos em Ciência de "lei", de um "princípio universal", ou seja, jamais foi evidenciado evento ou experimento que a contradiga, nem existe modelo físico-matemático possível apresentado que a contradiga ao menos em teoria, logo, podemos estruturar toda a Física relacionada nela, temos nela “altíssima confiança”. Eu a chamaria de “Popperianamente Absoluta”.

Já a Segunda Lei é uma tendência probabilística, ela expressa uma "certeza estatística" (uma alta tendência para que os resultados, processos, sejam estes) para eventos “multi-partículas”. Não é uma tendência geral da natureza, apenas temos confiança nela para sistemas de grande número de partículas, como a matéria normalmente se apresenta na maioria dos casos na Físico-Química, Engenharia, etc.

Mas trata-se de uma má interpretação até corrente que a segunda lei da termodinâmica indica (ou determina) que a entropia termodinâmica de um sistema jamais decresça. Como dizemos, indica só uma tendência do sistema, em outras palavras, apenas indica que é extremamente improvável que a entropia de um sistema fechado decresça em um instante (ou até período de tempo) dado.

Como a entropia da termodinâmica está relacionada ao número de configurações de mesma energia que um dado sistema pode possuir, os físicos se valem do conceito subjetivo de desordem para facilitar a compreensão da segunda lei (embora entropia da termodinâmica, como vimos, não seja essencialmente desordem). Ou seja, a segunda lei pelo que mostramos, afirma, de maneira muito genérica e grosseira, que a desordem de um sistema isolado só pode crescer ou permanecer igual.

Entendido isso, coloquemos:

Toda a vida na Terra, obedeceu, na sua “Criação” ou “Evolução” como queiram, certamente, a Primeira Lei. O somatório de todos as alimentações, mais todas as excreções, todas as respirações, todas as sínteses de componentes, todo o calor absorvido ou gerado, todas as fossilizações, todos os descendentes, quer evoluam, mutem ou se alterem, na história da terra, independentemente deste período de tempo, é constante (dentro do universo, evidentemente, pois a vida perde energia, juntamente com a Terra e o próprio sistema solar, para o espaço exterior), simplesmente isso!

Quanto a Segunda Lei podemos fazer algumas observações.

Desde o surgimento (não interessa se por “Criação” ou Biopoeise --do grego bio, vida, mais poiéo, produzir, fazer, criar), não interessando Evolução, os seres vivos, que são sistemas multi-moleculares, obrigatoriamente, e antes de tudo, toda grande molécula é multi-atômica, tenderam à Segunda Lei. Todo o calor absorvido pelos animais foi perdido para o ambiente quando este mais frio e todo o calor gerado por estes também.

Obs.: Temos um problema não com o modelo Criacionista do ponto de vista biológico, mas também geológico, quando do criacionismo de "Terra Jovem"*, quando evidenciamos que o esfriamento das placas tectônicas implica necessariamente num tempo plenamente explicado pela Termodinâmica, num conceito que chamo (e não só eu) de “Inércia Térmica”, que é o conceito por trás do que seja esfriamento, mas esta abordagem é por demais extensa para este primeiro enfoque.

*Aquele que afirma que a Terra e o próprio universo tem em torno de 6000 anos.

Novamente no tema desta artigo, tentar usar Termodinâmica para “justificar” o Criacionismo é improfícuo num primeiro momento e desastroso num segundo, como em breve pretendo demonstrar.

Sem mais, um conselho metafórico aos Criacionistas:

Tentar usar a Termodinâmica para atacar a evolução como fato e a Teoria da Evolução, como modelo que o trata (aquilo que até erroneamente é chamado de "evolucionismo"), pode ser como tentar tirar um cisco do olho com um faca, pode não ter bom resultado...

Consequências da termodinâmica dos criacionistas para a vida (e o mundo)

Nota: Quem ler o texto a seguir, perceberá nitidamente a semelhança de partes do texto com o artigo da Wikipédia em português sobre tal tema, mas não se assustem, pois o texto da Wiki é basicamente, meu.

Tratemos como exemplo que o "fenômeno miraculoso da criação" contraria a segunda lei da termodinâmica com os exemplos cristalinos de que os ursos polares no Ártico, os pinguins e as destacadas focas de Weddell, o animal que vive mais ao extremo sul, nas mais baixas temperaturas da Terra, na Antártica, com seus correspondentes surgimentos miraculosos, com temperaturas corporais altas, com sua complexa organização a partir do "nada" em meio a um ambiente completamente frio.

Este argumento poderia ser estendido para praticamente todos os animais homeotermos, que em geral, habitam ambientes de temperaturas mais baixas que a temperatura estável de seus corpos.

Igualmente, se como alegam os criacionistas, fosse a 2a lei, igualmente poderia ocorrer a vida, pois seria impossível a síntese de proteínas, sua polimerização a partir de aminoácidos (partindo de moléculas "simples", gerando complexas), a síntese/duplicação do RNA/DNA, a produção de glicose a partir de dióxido de carbono e água, duas moléculas coincidentemente com três átomos que reagindo produzem moléculas de 24 átomos e a consequente polimerização da glicose, seja em dextrinas, em amidos ou na longa celulose.

Também seria impossível a organização de células a partir da divisão de um óvulo fecundado, ou mesmo qualquer organização das diversas fases dos embriões.

Certos seres vivos, como as hidras, seriam impossíveis de se desenvolverem, pois não poderiam organizar animais completos, complexos, a partir de partes suas, simples (e notemos que todos os animais mais complexos fazem o mesmo, com variações).

Também seria impossível toda a organização de seres relativamente simples como os insetos em sus colônias que apresentam "inteligência coletiva", como as formigas, as abelhas e os cupins, a partir de um simples casal de um macho e a "rainha".

Por estes mesmos exemplos, que são extensão de um raciocínio fiundamental, que a liberdade dos componentes dos seres vivos permite a complexação, a geração de ordem, igualmente poderíamos fazer afirmações similares sobre a matéria não viva (ainda que tal fronteira clara e específica, estanque, não existe), e a argumentação absurda dos criacionistas impediria a formação de cristais, a agregação dos corpos celestes e até as mais simples reações químicas, dentre as quais, os exemplos mais pueris já mostra complexidade crescente, havendo mecanismos de reações químicas que o permita:

H2O + CO2 → H2CO3

H2O + SO2 → H2SO3

H2O + SO3 → H2SO4

Nestas reações simples duas moléculas de três ou quatro átomos formam uma mais complexa de seis ou sete e em nenhuma outra combinação a não ser sob condições extremas de energia, logo, as moléculas podem perfeitamente tender à complexação, além de não reagirem pela aleatoriedade, e sim, por mecanismos de reação química específicos. E estes mecanismos de reação específicos são exatamente aqueles que assim como permitem a complexação no inorgânico, permitem no biológico, como apresentamos acima.

Ou ainda impossibilitaria as inúmeras polimerizações, como a do ácido adípico com a hexametilendiamina, produzindo nylon, aliás, intimamente relacionada com a síntese de proteínas, ou do ácido tereftálico e o etileno glicol, produzindo o PET de nossas garrafas de refrigerante. Aqui, como já escrevi noutro texto de meu blog Scientia Est Potentia, se eu quisesse e não considerasse um total e completo desperdício até do tempo de quem me lê, poderia jogar quase a obra clássica inteira iniciada por Fieser, já em 23 volumes nesta edição, ou o site Organic Synthesis.

E resumindo, como fiz neste mesmo texto:

Moléculas geram complexidade por si, doa ao amador em química em esperneio insano que seja.

Como somos arranjo de moléculas, é exatamente este crescendo de complexação possível que permite que um óvulo e um espermatozóide produzam um urso, uma ovelha ou um elefante, que são animais mais complexos que um ser humano, fato sempre esquecido pelos criacionistas, que consideram-se o último produto de uma termodinâmica absurda, quanto mais de uma biologia inexistente, e de geração em geração, por modificações entre as gerações, evolução, inclusive, nem sempre, aumento de complexidade, tanto celular, quanto química.

Mas a segunda lei da termodinâmica não faz tais afirmações sobre limitações de complexação, pois a entropia termodinâmica não mede o aumento ou diminuição da complexidade dos sistemas, nem seu aumento ou diminuição de ordem. A segunda lei apenas afirma que calor não flui espontaneamente de um corpo a mais baixa temperatura para um corpo de mais alta (o ambiente gelado não aquece um urso polar), equivalentemente, que a energia que pode efetivamente ser transformada em trabalho, em um sistema fechado, nunca aumenta. O mesmo urso polar tem de consumir gordura, pois sempre perde calor para o ambiente, além de gastar energia em seu metabolismo e movimentos, e neste consumo, sempre perde um tanto de energia que não aproveita em nenhuma das atividades, pois os animais são extremamente eficientes, mas exatamente pela entropia termodinâmica, que implica em ineficiência, por mínima que seja.

Visto que o planeta Terra (assim como qualquer outro) não é um sistema fechado (e é de se observar que sistemas fechados não existem na prática), a entropia termodinâmica pode diminuir. A radiação do Sol (com baixa entropia) ilumina e aquece a Terra (com alta entropia). Desse fluxo de energia, somado as mudanças de entropia termodinâmica que o acompanha, podem e de fato permitem que a entropia diminua localmente na Terra.

Apesar de entropia e desordem serem muitas vezes correspondentes, nem sempre o são. Algumas vezes a ordem aumenta junto com a entropia, como mostrou o trabalho de Helim Aranda-Espinoza e outros, Electrostatic Repulsion of Positively Charged Vesicles and Negatively Charged Objects; Science 16 July 1999: Vol. 285. no. 5426, pp. 394 - 397; DOI: 10.1126/science.285.5426.394.

Neste trabalho os pesquisadores evidenciaram que uma carga positiva, misturada em um nicho (por eles tratado como "vesícula") de duas camadas na presença de superfícies carregadas (por exemplo, partículas coloidais, aquelas extremamente divididas, microscópicas) pode espontaneamente apresentar distribuição em uma zona de adesão de área definida e outra zona que apresente repelência à objetos negativos. Embora a membrana em si tenha carga não negativa na zona repulsiva, os íons chamados counterions negativos no interior da vesícula espontaneamente agregam-se ali e apresentam uma rede de carga negativa ao exterior. Além do resultado fundamental que objetos carregados opostamente possam repelir-se, este mecanismo ajuda a explicar certos fenômenos em vesículas surfactantes.

Surfactante é todo composto ou sistema químico que causa uma caracterização entre partes polares, com moléculas dispostas com polos, como a água ou os ácidos, álcalis, ou a imensa maioria dos sais, ou como apolares, isentos de polos, a imensa maior parte dos derivados de petróleo, inúmeros plásticos e nas formas de vida os óleos, gorduras eceras vegetais, entre diversas outras substâncias, proporcionando atividade de superfície, como o dissolver de gordura em roupa suja, gordura em louça ou permitir a formação de bolhas para a mistura água e sabão, por alteração da tensão superficial, de onde também, na maior parte dos casos, são chamados também de tensoativos.

O aumento de entropia pode até produzir ordem, como ordenar moléculas por seu tamanho, incluindo o próprio DNA dos seres vivos como apresentado no trabalho de J. Han e H. G. Craighead ; Separation of Long DNA Molecules in a Microfabricated Entropic Trap Array; Science 12 May 2000: Vol. 288. no. 5468, pp. 1026 - 1029; DOI: 10.1126/science.288.5468.1026, no qual um aparato com um canal nanofluidico, consistindo de muitas armadilhas entrópicas, foi desenhado e fabricado para a separação de moléculas de DNA longas. O canal compreende constrições estreitas e regiões mais largas que causam o aprisionamento com armadilhas seletiva de tamanho DNA em cada início de constrição. Este processo cria diferenças de mobilidade eletroforética (de eletroforese, a atração de determinadas substâncias por determinadas cargas elétricas), permitindo assim separação eficiente sem o uso de uma matriz de gel ou campo elétrico pulsado. Amostras de moléculas longas de DNA (de 5000 a aproximadamente 160 mil pares de bases) foram eficientemente separadas em faixas de canais de comprimento de 15 milímetros. Neste trabalho dispositivos de canais múltiplos que operam-se paralelamente foram demonstrados em operação, com sua eficiência, densidade, e facilidade da fabricação do dispositivo sugerindo a possibilidade de sistemas de análise integrados de DNA mais práticos.
Mesmo em um sistema considerado para efeitos práticos fechado (fortemente isolado), regiões de baixa entropia podem se formar se eles estão separados de outros locais com alta entropia no sistema, como citado na obra Biological Thermodynamics, de Donalt T. Haynie, Cambridge: Cambridge University Press (2001). ISBN 0-521-79549-4. (Páginas 319 e 320)

Nesta obra está exatamente o ponto de confusão, pouco entendimento ou simplesmente desonestidade. segunda lei da trmodinãmica não afirma que todos os sistemas, todas as partículas tendam à desordem, mas que o cômputo geral da ordem, estabelecida como a energia disponível para se realizar trabalho, seja permanentemente decrescente, pois o universo é dissipativo. Mas as regiões que permite que uma zebra seja mais complexa que um peixe, um peixe mais que um protozoário, e todos estes guardem ancestralidade, são perfeitamente possíveis localmente.

Observações finais


A questão se a vida se opõe a Segunda Lei, no que os físicos apelidam de "milagres termodinâmicos", nos "nichos de reação" (vide acima o trabalho de Aranda-Espinoza), dos catalisadores da bioquímica, que são as enzimas, é terreno ainda de Bio-Física e Bio-Química (os hífens aqui são propositais), assim como da Catálise Química de "vanguarda", e não apresenta estrutura plausível de ser considerado Teoria, é ainda um grande número de indagações e conjecturas.

Mas de forma nenhuma se ou não estruturadas e confirmadas, tais abordagens abalarão a evolução como fato, nem tampouco a Teoria da Evolução como seu modelo, até porque se destinam a explicar os mecanismos de síntese das moléculas bioquímicas, jamais diretamente nas alterações nas gerações dos seres vivos.

CRIADOS OU NÃO!

ESTE ARTIGO ESTÁ EM CONSTRUÇÃO

domingo, 4 de outubro de 2009

30 perguntas que lhe tornaram um ateu

1. Se Satanás consegue entrar até nas igrejas e fazer com que as pessoas tenham pensamentos impuros durante os cultos, como os cristãos podem ter tanta certeza de que ele não influenciou a redação e a composição da Bíblia segundo seus interesses?

2. Deus pensa? Por que um ser que já sabe de tudo precisaria pensar?

3. Se Deus é ominisciente, como ele poderia ter se arrependido de sua criação?

4. Por que Deus mandou o dilúvio para eliminar o mal da Terra? Não funcionou! O mal voltou logo em
seguida. Deus já deveria saber que isto iria acontecer, então por que ele se deu ao trabalho?

5. Se Deus é imutável, porque ele precisou “mudar as regras” enviando-se Jesus na Terra?

6. Se tudo é “parte do plano de Deus”, como dizem os crentes, então Deus planejou todas as desgraças, todas as catástrofes e todos os nossos pecados e não precisamos sentir culpa por nada nem fazer nada para corrigir as coisas.

7. Se Deus não é a causa da confusão, o que dizer da Torre de Babel?

8. Como Deus pode ter emoções (ciúme, raiva, tristeza, amor…) se ele é omnipotente, omnisciente e omnipresente? Emoções são uma reação, mas como Deus pode reagir a algo que ele já sabia que iria acontecer e até planejou?

9. Deus nunca me deu os brinquedos que pedi quando criança, mas, se eu pedir para ir para o inferno, será que ele vai me atender?

10. Por que Deus permite que uma criança nasça se ele já sabe que ela vai para o inferno? Onde está seu amor infinito?

11. Como podemos ser felizes no céu sabendo que pessoas que amamos estão sofrendo no inferno? Um crente me disse que as memórias que temos dos entes queridos são apagadas para não sofrermos no céu. Mas se perdemos nossa memória, não deixamos de ser nós mesmo?

12. Muitas pessoas acreditam em fantasmas. Então porque as pessoas só vêem fantasmas de pessoas ou bichos de estimação mortos? Porque não Neanderthais ou dinossauros? Não haveria um baita fantasma de um brontossauro para quem pudesse ver?

13. Por que dizem que temos livre arbítrio se só há duas opções: seguir a Deus e ir para o céu ou desobedecer e ir para o inferno?

14. Em Isaías 40:28 diz “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga?”. Então como é que os católicos dizem que Deus descansou no sétimo dia no Gênesis?

15. Judeus tradicionais dizem que o nome de Deus é impronunciável e por isso o chamam de Javé ou JHVH. Como é que então alguém pode ser acusado de falar seu nome em vão se ninguém sabe qual é?

16. Por que Deus é do sexo masculino?

17. Se o homem é feito imagem de Deus, então Deus tem pênis?

18. Por que precisamos rezar se Deus já sabe de tudo o que vamos dizer e do que precisamos? Será que ele gosta que nos humilhemos diante dele?

19. Cristãos adoram dizer o quanto Jesus se sacrificou por nós. Mas se ele era Deus, então como ele não sabia que em 3 dias estaria no céu para nos governar? Se ele está lá e vivo, o que exatamente ele sacrificou?

20. Como Adão e Eva podiam saber que era errado comer da Fruta do Conhecimento se só ao comê-la saberiam o que era bom e mal, certo e errado?

20. Como podemos ofender a Deus se não é possível surpreendê-lo?

21. Em 1 Coríntos 15:50 diz “Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção”. Como Jesus pôde então ascender ao reino de Deus se ele mesmo é carne e sangue?

22. Por que Deus criou o Mal (Isaías 45:6-7) se ele não quer que o pratiquemos? Por ele cria as pessoas que já sabem vão para o inferno?

23. Por que Deus não aparece a todo mundo e nos convence de sua existência? Por que ele só se revela de maneira tão duvidosa e tão obscura?
24. De acordo com Mateus 5:17, Jesus não veio abolir a Lei e os profetas, apenas completá-los, e que nem uma vírgula deverá ser alterada enquanto existirem céu e terra. Como Jesus ainda não voltou, a Lei ainda está valendo, portanto, por que não saímos por aí queimando bruxas, apedrejando adúlteras e crianças desobedientes, matando homossexuais, excluindo gente que trabalha aos sábados (enfermeiras, médicos etc.), aspergindo sangue nos altares, arrando a cabeça de passarinhos e sacrificando pessoas a Deus (Levítico 27:28) ?

25. Se os crentes aceitam que Deus sempre existiu, por que eles não aceitam que o universo sempre existiu?

27. Que deus de infinito amor aceitaria sacrifícios humanos, inclusive de seu próprio filho e dos filhos de suas criaturas?

28. Se Jesus era Deus em forma humana, ele morreu para nos salvar dele mesmo?

29. Por que Deus criaria gente que não acredita nele e depois os puniria por ser aquilo que ele os fez?

30. O que é o “plano de Deus”? Um deus omnipotente e omnisciente não precisa planejar nada. Isto é coisa de criaturas limitadas, que não conhecem o futuro. Se Deus tem um plano, então ele é limitado como nós.

31. Por que precisamos de um corpo se nossas almas podem fazer tudo o que fazemos e até melhor?

32. . Como Deus julga os que viveram antes de a Bíblia ser escrita?

33. Se tudo faz parte do plano de Deus, que diferença faz rezar ou não?

34. Porque Deus possui quase todas as características de algo que não existe? Por exemplo: imaterial, incorpóreo, incompreensível, invisível, inexplendorável, etc…

35Como pode um deus de infinito amor e misericórdia assistir a bilhões de seus filhos queimar por toda a eternidade?

Créditos:
Autor: The Infidel Guy
Tradutores: Fernando Silva e Alenônimo
Fonte: http://ateusdobrasil.com.br/artigos/criticas/60-perguntas-que-farao-de-voce-um-ateu/

sábado, 3 de outubro de 2009

CONTRIBUIÇÃO BÍBLICA PARA CIÊNCIA
Biologia:

Gênesis, 30: 37-43 Jacó não precisou de sofisticado laboratório, mas apenas de varas descascadas para alterar a estrutura genética do gado

Gênesis, 30 : 35-42 Manchas e listras no pelo de animais são diretamente determinados por ornamentos no ambiente.

Levítico 11
- Lebres ruminam.
- Há Insetos Alados que andam sobre 4 patas.
- Morcegos são aves.

Matemática:
I Reis 7:23 – II Crônicas 4:2 – O valor de PI é 3 exato!

Química:
Tiago 5:3 Ouro enferruja!
Apocalipse 21:21 E pode ser transparente como vidro!

Saúde:
Levítico 12- Nascendo um menino, a mãe é considerada imunda por 40 dias, se for menina, imunda por 80 dias.
Levítico 14- Sangue de animais sacrificados esterilizam doenças.
Levítico 15- A mulher menstruada é tratada como leprosa, tendo que ficar isolada por 7 dias.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Quem escreveu a Bíblia?
A história de Deus foi escrita pelos homens. Mas quem é o autor do livro mais influente de todos os tempos? As respostas são surpreendentes - e vão mudar sua maneira de ver as Escrituras
por Texto José Francisco Botelho
Em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro. Pegou uma pena, nanquim e folhas de papiro (uma planta importada do Egito) e começou a contar uma história mágica, diferente de tudo o que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma obsessão. Durante os 1 000 anos seguintes, outras pessoas continuariam reescrevendo, rasurando e compilando aquele texto, que viria a se tornar o maior best seller de todos os tempos: a Bíblia. Ela apresentou uma teoria para o surgimento do homem, trouxe os fundamentos do judaísmo e do cristianismo, influenciou o surgimento do islã, mudou a história da arte – sem a Bíblia, não existiriam os afrescos de Michelangelo nem os quadros de Leonardo da Vinci – e nos legou noções básicas da vida moderna, como os direitos humanos e o livre-arbítrio. Mas quem escreveu, afinal, o livro mais importante que a humanidade já viu? Quem eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra, o que até hoje provoca conflitos armados? A resposta tradicional você já conhece: segundo a tradição judaico-cristã, o autor da Bíblia é o próprio Todo-Poderoso. E ponto final. Mas a verdade é um pouco mais complexa que isso.

A própria Igreja admite que a revelação divina só veio até nós por meio de mãos humanas. A palavra do Senhor é sagrada, mas foi escrita por reles mortais. Como não sobraram vestígios nem evidências concretas da maioria deles, a chave para encontrá-los está na própria Bíblia. Mas ela não é um simples livro: imagine as Escrituras como uma biblioteca inteira, que guarda textos montados pelo tempo, pela história e pela fé. Aliás, o termo “Bíblia”, que usamos no singular, vem do plural grego ta biblia ta hagia – “os livros sagrados”. A tradição religiosa sempre sustentou que cada livro bíblico foi escrito por um autor claramente identificável. Os 5 primeiros livros do Antigo Testamento (que no judaísmo se chamam Torá e no catolicismo Pentateuco) teriam sido escritos pelo profeta Moisés por volta de 1200 a.C. Os Salmos seriam obra do rei Davi, o autor de Juízes seria o profeta Samuel, e assim por diante. Hoje, a maioria dos estudiosos acredita que os livros sagrados foram um trabalho coletivo. E há uma boa explicação para isso.

As histórias da Bíblia derivam de lendas surgidas na chamada Terra de Canaã, que hoje corresponde a Líbano, Palestina, Israel e pedaços da Jordânia, do Egito e da Síria. Durante séculos acreditou-se que Canaã fora dominada pelos hebreus. Mas descobertas recentes da arqueologia revelam que, na maior parte do tempo, Canaã não foi um Estado, mas uma terra sem fronteiras habitada por diversos povos – os hebreus eram apenas uma entre muitas tribos que andavam por ali. Por isso, sua cultura e seus escritos foram fortemente influenciadas por vizinhos como os cananeus, que viviam ali desde o ano 5000 a.C. E eles não foram os únicos a influenciar as histórias do livro sagrado.

As raízes da árvore bíblica também remontam aos sumérios, antigos habitantes do atual Iraque, que no 3o milênio a.C. escreveram a Epopéia de Gilgamesh. Essa história, protagonizada pelo semideus Gilgamesh, menciona uma enchente que devasta o mundo (e da qual algumas pessoas se salvam construindo um barco). Notou semelhanças com a Bíblia e seus textos sobre o dilúvio, a arca de Noé, o fato de Cristo ser humano e divino ao mesmo tempo? Não é mera coincidência. “A Bíblia era uma obra aberta, com influências de muitas culturas”, afirma o especialista em história antiga Anderson Zalewsky Vargas, da UFRGS.

Foi entre os séculos 10 e 9 a.C. que os escritores hebreus começaram a colocar essa sopa multicultural no papel. Isso aconteceu após o reinado de Davi, que teria unificado as tribos hebraicas num pequeno e frágil reino por volta do ano 1000 a.C. A primeira versão das Escrituras foi redigida nessa época e corresponde à maior parte do que hoje são o Gênesis e o Êxodo. Nesses livros, o tema principal é a relação passional (e às vezes conflituosa) entre Deus e os homens. Só que, logo no começo da Beeblia, já existiu uma divergência sobre o papel do homem e do Senhor na história toda. Isso porque o personagem principal, Deus, é tratado por dois nomes diferentes.

Em alguns trechos ele é chamado pelo nome próprio, Yahweh – traduzido em português como Javé ou Jeová. É um tratamento informal, como se o autor fosse íntimo de Deus. Em outros pontos, o Todo-Poderoso é chamado de Elohim, um título respeitoso e distante (que pode ser traduzido simplesmente como “Deus”). Como se explica isso? Para os fundamentalistas, não tem conversa: Moisés escreveu tudo sozinho e usou os dois nomes simplesmente porque quis. Só que um trecho desse texto narra a morte do próprio Moisés. Isso indica que ele não é o único autor. Os historiadores e a maioria dos religiosos aceitam outra teoria: esses textos tiveram pelo menos outros dois editores.

Acredita-se que os trechos que falam de Javé sejam os mais antigos, escritos numa época em que a religiosidade era menos formal. Eles contêm uma passagem reveladora: antes da criação do mundo, “Yahweh não derramara chuva sobre a terra, e nem havia homem para lavrar o solo”. Essa frase, “não havia homem para lavrar o solo”, indica que, na primeira versão da Bíblia, o homem não era apenas mais uma criação de Deus – ele desempenha um papel ativo e fundamental na história toda. “Nesse relato, o homem é co-criador do mundo”, diz o teólogo Humberto Gonçalves, do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, no Rio Grande do Sul.

Pelo nome que usa para se referir a Deus (Javé), o autor desses trechos foi apelidado de Javista. Já o outro autor, que teria vivido por volta de 850 a.C., é apelidado de Eloísta. Mais sisudo e religioso, ele compôs uma narrativa bastante diferente. Ao contrário do Deus-Javé, que fez o mundo num único dia, o Deus-Elohim levou 6 (e descansou no 7o). Nessa história, a criação é um ato exclusivo de Deus, e o homem surge apenas no 6o dia, junto aos animais.

Tempos mais tarde, os dois relatos foram misturados por editores anônimos – e a narrativa do Eloísta, mais comportada, foi parar no início das Escrituras. Começando por aquela frase incrivelmente simples e poderosa, notória até entre quem nunca leu a Bíblia: “E, no início, Deus criou o céu e a terra...”

Em 589 a.C., Jerusalém foi arrasada pelos babilônios, e grande parte da população foi aprisionada e levada para o atual Iraque. Décadas depois, os hebreus foram libertados por Ciro, senhor do Império Persa – um conquistador “esclarecido”, que tinha tolerância religiosa. Aos poucos, os hebreus retornaram a Canaã – mas com sua fé transformada. Agora os sacerdotes judaicos rejeitavam o politeísmo e diziam que Javé era o único e absoluto deus do Universo. “O monoteísmo pode ter surgido pelo contato com os persas – a religião deles, o masdeísmo, pregava a existência de um deus bondoso, Ahura Mazda, em constante combate contra um deus maligno, Arimã. Essa noção se reflete até na idéia cristã de um combate entre Deus e o Diabo”, afirma Zalewsky, da UFRGS.

A versão final do Pentateuco surgiu por volta de 389 a.C. Nessa época, um religioso chamado Esdras liderou um grupo de sacerdotes que mudaram radicalmente o judaísmo – a começar por suas escrituras. Eles editaram os livros anteriores e escreveram a maior parte dos livros Deuteronômio, Números, Levítico e também um dos pontos altos da Bíblia: os 10 Mandamentos. Além de afirmar o monoteísmo sem sombra de dúvidas (“amarás a Deus acima de todas as coisas” é o primeiro mandamento), a reforma conduzida por Esdras impunha leis religiosas bem rígidas, como a proibição do casamento entre hebreus e não-hebreus. Algumas das leis encontradas no Levítico se assemelham à ética moderna dos direitos humanos: “Se um estrangeiro vier morar convosco, não o maltrates. Ama-o como se fosse um de vós”.

Outras passagens, no entanto, descrevem um Senhor belicoso, vingativo e sanguinário, que ordena o extermínio de cidades inteiras – mulheres e crianças incluídas. “Se a religião prega a compaixão, por que os textos sagrados têm tanto ódio?”, pergunta a historiadora americana Karen Armstrong, autora de um novo e provocativo estudo sobre a Bíblia. Para os especialistas, a violência do Antigo Testamento é fruto dos séculos de guerras com os assírios e os babilônios. Os autores do livro sagrado foram influenciados por essa atmosfera de ódio, e daí surgiram as histórias em que Deus se mostra bastante violento e até cruel. Os redatores da Bíblia estavam extravasando sua angústia.

Por volta do ano 200 a.C., o cânone (conjunto de livros sagrados) hebraico já estava finalizado e começou a se alastrar pelo Oriente Médio. A primeira tradução completa do Antigo Testamento é dessa época. Ela foi feita a mando do rei Ptolomeu 2o em Alexandria, no Egito, grande centro cultural da época. Segundo uma lenda, essa tradução (de hebraico para grego) foi realizada por 72 sábios judeus. Por isso, o texto é conhecido como Septuaginta. Além da tradução grega, também surgiram versões do Antigo Testamento no idioma aramaico – que era uma espécie de língua franca do Oriente Médio naquela época.

Dois séculos mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando: ela era a mais lida na Judéia, na Samária e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um jovem judeu, grande personagem desta história, começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros pensadores que mudaram o mundo, Jesus de Nazaré nada deixou por escrito – os primeiros textos sobre ele foram produzidos décadas após sua morte.

E o cristianismo já nasceu perseguido: por se recusarem a cultuar os deuses oficiais, os cristãos eram considerados subversivos pelo Império Romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o século 1 a.C. Foi nesse clima de medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus, que circulavam em aramaico e também em coiné – um dialeto grego falado pelos mais pobres. “Os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade”, diz o teólogo Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Para fazer isso, criaram um novo gênero literário: o evangelho. Esse termo, que vem do grego evangélion (“boa-nova”), é um tipo de narrativa religiosa contando os milagres, os ensinamentos e a vida do Messias.

A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu. Naquela época, um “livro” era um amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados à mão, por membros da Igreja. Até que, por volta do século 4, tomaram o formato de códice – um conjunto de folhas de couro encadernadas, ancestral do livro moderno. O problema é que, a essa altura do campeonato, gerações e gerações de copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido, seja de propósito. “Muitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido dos textos. Em certos casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão”, afirma o padre e teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás. Quer ver um exemplo?

Sabe aquela famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada? De acordo com especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século 3. Isso porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo. E apedrejar adúlteras é uma das leis que os sacerdotes-escritores judeus haviam colocado no Pentateuco. A introdução da cena em que Jesus salva a adúltera passa a idéia de que os ensinamentos de Cristo haviam superado a Torá – e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os ensinamentos judeus.

A julgar pelo último livro da Bíblia cristã, o Apocalipse (que descreve o fim do mundo), o receio de ter suas narrativas “editadas” era comum entre os autores do Novo Testamento. No versículo 18, lê-se uma terrível ameaça: “Se alguém fizer acréscimos às páginas deste livro, Deus o castigará com as pragas descritas aqui”. Essa ameaça reflete bem o clima dos primeiros séculos do cristianismo: uma verdadeira baderna teológica, com montes de seitas defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias. A seita dos docetas, por exemplo, acreditava que Jesus não teve um corpo físico. Ele seria um espírito, e sua crucificação e morte não passariam – literalmente – de ilusão de ótica. Já os ebionistas acreditavam que Jesus não nascera Filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. A primeira tentativa de organizar esse caos das Escrituras ocorreu por volta de 142 – e o responsável não foi um clérigo, mas um rico comerciante de navios chamado Marcião.

A Bíblia segundo Marcião

Ele nasceu na atual Turquia, foi para Roma, converteu-se ao cristianismo, virou um teólogo influente e resolveu montar sua própria seleção de textos sagrados. A Bíblia de Marcião era bem diferente da que conhecemos hoje. Isso porque ele simpatizava com uma seita cristã hoje desaparecida, o gnosticismo. Para os gnósticos, o Deus do Velho Testamento não era o mesmo que enviara Jesus – na verdade, as duas divindades seriam inimigas mortais. O Deus hebraico era monstruoso e sanguinário, e controlava apenas o mundo material. Já o universo espiritual seria dominado por um Deus bondoso, o pai de Jesus. A Bíblia editada por Marcião continha apenas o Evangelho de João, 11 cartas de Paulo e nenhuma página do Velho Testamento. Se as idéias de Marcião tivessem triunfado, hoje as histórias de Adão e Eva no paraíso, a arca de Noé e a travessia do mar Vermelho não fariam parte da cultura ocidental. Mas, por volta de 170, o gnosticismo foi declarado proibido pelas autoridades eclesiásticas, e o primeiro editor da Bíblia cristã acabou excomungado.

Roma, até então pior inimiga dos cristãos, ia se rendendo à nova fé. Em 313, o imperador romano Constantino se aliou à Igreja. Ele pretendia usar a força crescente da nova religião para fortalecer seu império. Para isso, no entanto, precisava de uma fé una e sólida. A pressão de Constantino levou os mais influentes bispos cristãos a se reunirem no Concílio de Nicéia, em 325, para colocar ordem na casa de Deus. Ali, surgiu o cânone do cristianismo – a lista oficial de livros que, segundo a Igreja, realmente haviam sido inspirados por Deus.

“A escolha também era política. Um grupo afirmou seu poder e autoridade sobre os outros”, diz o padre Luigi. Esse grupo era o dos cristãos apostólicos, que ganharam poder ao se aliar com o Império Romano. Os apostólicos eram, por assim dizer, o “partido do governo”. E por isso definiram o que iria entrar, ou ser eliminado, das Escrituras.

Eles escolheram os evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João para representar a biografia oficial de Cristo, enquanto as invenções dos docetas, dos ebionistas e de outras seitas foram excluídas, e seus autores declarados hereges. Os textos excluídos do cânone ganharam o nome de “apócrifos” – palavra que vem do grego apocrypha, “o que foi ocultado”. A maioria dos apócrifos se perdeu – afinal de contas, os escribas da Igreja não estavam interessados em recopiá-los para a posteridade. Mas, com o surgimento da arqueologia, no século 19, pedaços desses textos foram encontrados nas areias do Oriente Médio. É o caso de um polêmico texto encontrado em 1886 no Egito. Ele é assinado por uma certa “Maria” que muitos acreditam ser a Madalena, discípula de Jesus, presente em vários trechos do Novo Testamento. O evangelho atribuído a ela é bem feminista: Madalena é descrita como uma figura tão importante quanto Pedro e os outros apóstolos. Nos primórdios do cristianismo, as mulheres eram aceitas no clero – e eram, inclusive, consideradas capazes de fazer profecias. Foi só no século 3 que o sacerdócio virou monopólio masculino, o que explicaria a censura da apóstola e seu testemunho. Aliás, tudo indica que Madalena não foi prostituta – idéia que teria surgido por um erro na interpretação do livro sagrado. No ano 591, o papa Gregório fez um sermão dizendo que Madalena e outra mulher, também citada nas Escrituras e essa sim ex-pecadora, na verdade seriam a mesma pessoa (em 1967, o Vaticano desfez o equívoco, limpando a reputação de Maria).

Na evolução da Bíblia, foram aparecendo vários trechos machistas – e suspeitos. É o caso de uma passagem atribuída ao apóstolo Paulo: “A mulher aprenda (...) com toda a sujeição. Não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem (...) porque Adão foi formado primeiro, e depois Eva”. É provável que Paulo jamais tenha escrito essas palavras – porque, na época em que ele viveu, o cristianismo não pregava a submissão da mulher. Acredita-se que essa parte tenha sido adicionada por algum escriba por volta do século 2.

Após a conversão do imperador Constantino, o eixo do cristianismo se deslocou do Oriente Médio para Roma. Só que, para completar a romanização da fé, faltava um passo: traduzir a palavra de Deus para o latim. A missão coube ao teólogo Eusebius Hyeronimus, que mais tarde viria a ser canonizado com o nome de são Jerônimo. Sob ordens do papa Damaso, ele viajou a Jerusalém em 406 para aprender hebraico e traduzir o Antigo e o Novo Testamento. Não foi nada fácil: o trabalho durou 17 anos.

Daí saiu a Vulgata, a Bíblia latina, que até hoje é o texto oficial da Igreja Católica. Essa é a Bíblia que todo mundo conhece. “A Vulgata foi o alicerce da Igreja no Ocidente”, explica o padre Luigi. Ela é tão influente, mas tão influente, que até seus erros de tradução se tornaram clássicos. Ao traduzir uma passagem do Êxodo que descreve o semblante do profeta Moisés, são Jerônimo escreveu em latim: cornuta esse facies sua, ou seja, “sua face tinha chifres”. Esse detalhe esquisito foi levado a sério por artistas como Michelangelo – sua famosa escultura representando Moisés, hoje exposta no Vaticano, está ornada com dois belos corninhos. Tudo porque Jerônimo tropeçou na palavra hebraica karan, que pode significar tanto “chifre” quanto “raio de luz”. A tradução correta está na Septuaginta: o profeta tinha o rosto iluminado, e não chifrudo. Apesar de erros como esse, a Vulgata reinou absoluta ao longo da Idade Média – durante séculos, não houve outras traduções.

O único jeito de disseminar o livro sagrado era copiá-lo à mão, tarefa realizada pelos monges copistas. Eles raramente saíam dos mosteiros e passavam a vida copiando e catalogando manuscritos antigos. Só que, às vezes, também se metiam a fazer o papel de autores.

Após a queda do Império Romano, grande parte da literatura da Antiguidade grega e romana se perdeu – foi graças ao trabalho dos monges copistas que livros como a Ilíada e a Odisséia chegaram até nós. Mas alguns deles eram meio malandros: costumavam interpolar textos nas Escrituras Sagradas para agradar a reis e imperadores. No século 15, por exemplo, monges espanhóis trocaram o termo “babilônios” por “infiéis” no texto do Antigo Testamento – um truque para atacar os muçulmanos, que disputavam com os espanhóis a posse da península Ibérica.

Escrituras em série

Tudo isso mudou após a invenção da imprensa, em 1455. Agora ninguém mais dependia dos copistas para multiplicar os exemplares da Bíblia. Por isso, o grande foco de mudanças no texto sagrado passou a ser outro: as traduções.Em 1522, o pastor Martinho Lutero usou a imprensa para divulgar em massa sua tradução da Bíblia, que tinha feito direto do hebraico e do grego para o alemão. Era a primeira vez que o texto sagrado era vertido numa língua moderna – e a nova versão trouxe várias mudanças, que provocavam a Igreja (veja quadro na pág. 65). Logo depois um britânico, William Tyndale, ousou traduzir a Bíblia para o inglês. No Novo Testamento, ele traduziu a palavra ecclesia por “congregação”, em vez de “igreja”, o termo preferido pelas traduções católicas. A mudança nessa palavrinha era um desafio ao poder dos papas: como era protestante, Tyndale tinha suas diferenças com a Igreja. Resultado? Ele foi queimado como herege em 1536. Mas até hoje seu trabalho é referência para as versões inglesas do livro sagrado.

A Bíblia chegou ao nosso idioma em 1753 – quando foi publicada sua primeira tradução completa para o português, feita pelo protestante João Ferreira de Almeida. Hoje, a tradução considerada oficial é a feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e lançada em 2001. Ela é considerada mais simples e coloquial que as traduções anteriores. De lá para cá, a Bíblia ganhou o mundo e as línguas. Já foi vertida para mais de 300 idiomas e continua um dos livros mais influentes do mundo: todos os anos, são publicadas 11 milhões de cópias do texto integral, e 14 milhões só do Novo Testamento.

Depois de tantos séculos de versões e contra-versões, ainda não há consenso sobre a forma certa de traduzi-la. Alguns buscam traduções mais próximas do sentido e da época original – como as passagens traduzidas do hebraico pelo lingüista David Rosenberg na obra O Livro de J, de 1990. Outros acham que a Bíblia deve ser modernizada para atrair leitores. O lingüista Eugene Nida, que verteu a Bíblia na década de 1960, chegou ao extremo de traduzir a palavra “sestércios”, a antiga moeda romana, por “dólares”. Em 2008, duas versões igualmente ousadas estão agitando as Escrituras: a Green Bible (“Bíblia Verde”, ainda sem versão em português), que destaca 1 000 passagens relacionadas à ecologia – como o momento em que Jó fala sobre os animais –, e a Bible Illuminated (‘Bíblia Iluminada”, em inglês), com design ultramoderno e fotos de celebridades como Nelson Mandela e Angelina Jolie.

A Bíblia se transforma, mas uma coisa não muda: cada pessoa, ou grupo de pessoas, a interpreta de uma maneira diferente – às vezes, com propósitos equivocados. Em pleno século 21, pastores fundamentalistas tentam proibir o ensino da Teoria da Evolução nas escolas dos EUA, sendo que a própria Igreja aceita as teorias de Darwin desde a década de 1950. Líderes como o pastor Jerry Falwell defendem o retorno da escravidão e o apedrejamento de adúlteros, e no Oriente Médio rabinos extremistas usam trechos da Torá para justificar a ocupação de terras árabes. Por quê? Porque está na Bíblia, dizem os radicais. Não é nada disso. Hoje, os principais estudiosos afirmam que a Bíblia não deve ser lida como um manual de regras literais – e sim como o relato da jornada, tortuosa e cheia de percalços, do ser humano em busca de Deus. Porque esse é, afinal, o verdadeiro sentido dessa árvore de histórias regada há 3 mil anos por centenas de mãos, cabeças e corações humanos: a crença num sentido transcendente da existência.



Top 5 pragas
I. Quando os hebreus eram escravos no Egito, o Senhor enviou 10 pragas contra os opressores do povo escolhido. A primeira delas foi transformar toda a água do país em sangue (Êxodo 7:21).

II. Como o faraó não libertava os hebreus, o Senhor radicalizou: matou, numa só noite, todos os primogênitos do Egito. “E houve grande clamor no país, pois não havia casa onde não houvesse um morto” (Êxodo 12:30).

III. Desgostoso com os pecados de Sodoma e Gomorra, Deus destruiu as duas cidades com uma chuvarada de fogo e enxofre (Gênesis 19:24).

IV. Para punir as deso­bediências do rei Davi, o Senhor enviou uma doença não identificada, que matou 70 mil homens e 200 mil mulheres e crianças (2 Samuel, 24: 1-13).

V. Quando a nação dos filisteus roubou a arca da Aliança, onde estavam guardados os 10 Mandamentos, o Senhor os castigou com um surto de hemorróidas letais. “Os intestinos lhes saíam para fora e apodreciam” (1 Samuel 5:9) .


Os possíveis autores
1200 a.C. - Moisés

Segundo uma lenda judaica, a Torá (obra precursora da Bíblia) teria sido escrita por ele. Mas há controvérsias, pois existe um trecho da Torá que diz: “Moisés morreu e foi sepultado pelo Senhor próximo a Fegor”. Ora, se Moisés é o autor do texto, como ele poderia ter relatado a própria morte?

1000 a.C. - Javista

Viveu na corte do rei Davi, no antigo reino de Israel, e era um aristocrata. Ou, quem sabe, uma aristocrata: para o crítico Harold Bloom, Javista era mulher. Isso porque os personagens femininos da Bíblia (Eva e Sara, por exemplo) são muito mais elaborados que os masculinos.

Século 4 a.C. - Esdras

Líder religioso que reformou o judaísmo e possível editor do Pentateuco (5 primeiros livros da Bíblia). Vários trechos bíblicos editados por ele pregam a violência: “Derrubareis todos os altares dos povos que ides expropriar, queimareis as casas, e mudareis os nomes desses lugares”.

Século 1 - Paulo

Nunca viu Cristo pessoalmente, mas foi o primeiro a escrever sobre ele. Nascido na Turquia, Paulo viajou e fundou igrejas pelo Oriente Médio. Ele escrevia cartas para essas igrejas, contando a incrível aventura de um tal Jesus – que foi crucificado e ressuscitou.

Século 1 - Maria Madalena

Estava entre os discípulos favoritos de Jesus – e, diferentemente do que o Vaticano sustentou durante séculos, nunca foi prostituta. Pelo contrário: tinha influência no cristianismo e é a suposta autora do Apócrifo de Maria, um livro em que fala sobre sua relação pessoal com Jesus e divulga os ensinamentos dele.

Século 1 - João

Escreveu o 4o evangelho do Novo Testamento (João) e o Livro do Apocalipse, o último da Bíblia. Para ele, Jesus não é apenas um messias – é um ser sobrenatural, a própria encarnação de Deus. Essa interpretação mística marca a ruptura definitiva entre judaísmo e fé cristã.

Século 5 - Jerônimo

Nascido no território da atual Hungria, este padre foi enviado a Jerusalém com uma missão importantíssima: traduzir a Bíblia do grego para o latim. Cometeu alguns erros, como dizer que o profeta Moisés tinha chifres (uma confusão com a palavra hebraica karan, que na verdade significa “raio de luz”).

Século 16 - William Tyndale

Possuir trechos da Bíblia em qualquer idioma que não fosse o latim era crime. O professor Tyndale não quis nem saber, traduziu tudo para o inglês, e acabou na fogueira. Mas seu trabalho foi incrivelmente influente: é a base da chamada “Bíblia do Rei James”, até hoje a tradução mais lida nos países de língua inglesa.


Top 5 matanças
I. Um grupo de meninos malcriados zombou da calvície do profeta Eliseu. Pra quê! Na hora, dois ursos famintos saíram de um bosque e comeram as crianças (2 Reis 2:24).

II. Cercado por um exército de filisteus, o herói Sansão apanhou a mandíbula de um jumento morto. Usando o osso como arma, ele massacrou mil inimigos (Juízes, 15:16).

III. O profeta Elias convidou os sacerdotes do deus Baal para uma competição de orações. Era uma armadilha: Elias incitou o povo, que linchou os pagãos (1 Reis 18:40).

VI. Os judeus haviam perdido a fé e começaram a adorar um bezerro de ouro. Moisés ficou furioso e mandou sacerdotes levitas matar 3 mil infiéis (Êxodo 32:19).

V. A nação dos amalequitas disputava o território de Canaã com os judeus. O Senhor ordena que todos os amalequitas sejam chacinados (1 Samuel 15:18).


Top 5 satanagens
I. Após a destruição de Sodoma, os únicos sobreviventes eram Ló e suas duas filhas. As filhas de Lot embebedaram o pai e tiveram com ele a noite mais incestuosa da Bíblia (Gênesis 19:31).

II. O Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão, é altamente erótico. Um dos trechos: “Teu corpo é como a palmeira, e teus seios, como cachos de uvas” (Cânticos 7:7).

III. Os anjos do Senhor tiveram chamegos ilícitos com mulheres mortais. “Vendo os Filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram-nas como mulheres, tantas quanto desejaram” (Gênesis 6:2).

IV. A Bíblia diz que os antigos egípcios eram muito bem-dotados. Após a fuga para Canaã, a judia Ooliba tem saudades dos tempos em que se prostituía no Egito. Tudo porque “seus amantes (...) ejaculavam como cavalos” (Ezequiel 23:20).

V. O hebreu Onã casou com a viúva de seu irmão, mas não conseguia fazer sexo com ela – preferia o prazer solitário. Do nome dele vem o termo “onanismo”, que significa masturbação (Gênesis 38:9).


As história da história
Como o livro sagrado evoluiu ao longo dos tempos
Tanach - Século 5 a.C.

É a Bíblia judaica, e tem 3 livros: Torá (palavra hebraica que significa “lei”), Nebiim (“profetas”) e Ketuvim (“escritos”). É parecida com a Bíblia atual, pois os católicos copiaram seus escritos. Contém as sementes do monoteísmo e da ética religiosa, mas também pregações de violência. A primeira das bíblias tem trechos ambíguos e misteriosos – algumas passagens dão a entender que Javé não é o único deus do Universo.

Septuaginta - Século 3 a.C.

O Oriente Médio era dominado pelos gregos e pelos macedônios. Muitos judeus viviam em cidades de cultura grega, como Alexandria, e desejavam adaptar sua religião aos novos tempos. Diz a lenda que Ptolomeu, rei do Egito, reuniu um grupo de 72 sábios judeus para traduzir a Tanach – e fizeram tudo em 72 dias. Por isso, o resultado é conhecido como Septuaginta. Inclui textos que não constam da Tanach.

Novo Testamento - Século 1

A língua do Antigo Testamento é o hebraico, mas o Novo Testamento foi escrito num dialeto grego chamado coiné. Contém os relatos sobre vida, milagres, morte e ressurreição de Jesus – os evangelhos. Em alguns trechos, vai deixando evidente a divergência entre cristianismo e judaísmo. É o caso, por exemplo, do Evangelho de João, em que Jesus é descrito como uma encarnação de Deus (coisa na qual os judeus não acreditavam).

Católica - Século 4

Seus autores decidiram incluir 7 livros que os judeus não reconheciam. São os chamados Deuterocanônicos: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Macabeus 1 e 2 (mais trechos dos livros Daniel e Ester). A Bíblia católica bate na tecla do monoteísmo: a palavra hebraica Elohim, usada na Tanach para designar a divindade, é o plural de El, um deus cananeu. Mas foi traduzida no singular e virou “Senhor”.

Ortodoxa - Por volta do século 4

É baseada na Septuaginta, mas também inclui livros considerados apócrifos por católicos e protestantes: Esdras 1, Macabeus 3 e 4 e o Salmo 151. A tradução é mais exata (nesta Bíblia, Moisés nunca teve chifres, um erro de tradução introduzido pela Bíblia latina), e os escritos não são levados ao pé da letra: para os ortodoxos, o que conta são as interpretações do texto bíblico, feitas por teólogos ao longo dos séculos.

Protestante - Século 16

Ao traduzir a Bíblia para o alemão, Martinho Lutero excluiu os livros Deuterocanônicos e mudou algumas coisas. Um exemplo é a palavra grega metanoia, que na Bíblia católica significa “fazer penitência” – uma referência à confissão dos pecados, um dos sacramentos católicos. Já Lutero traduziu metanoia como “reviravolta”. Para ele, confessar os pecados era inútil. O importante era transformar a vida pela fé.


Top 5 milagres
I. O maior de todos os milagres divinos foi o primeiro: a Criação do mundo, pelo poder da palavra. “E Deus disse: que haja luz. E houve luz” (Gênesis 1:3).

II. Para dar-lhe uma amostra de seus poderes, o Senhor leva Ezequiel a um campo cheio de esqueletos – e os traz de volta à vida. “O vento do Senhor soprou neles, e viveram” (Ezequiel, 37; 1-28).

III. Graças à benção divina, o herói Sansão tinha a força de muitos homens. Certa vez, foi atacado por um leão. “O espírito do Senhor deu-lhe poder, e Sansão destroçou a fera com as próprias mãos, como se matasse um cabrito” (Juízes 14:6).

IV. Josué liderava uma batalha contra os amalequitas, mas o Sol estava se pondo. Como não queria lutar no escuro, o hebreu pediu ajuda divina – e o Sol ficou no céu (Josué 10:13).

V. Para fugir do Egito, os hebreus precisavam atravessar o mar Vermelho. E não tinham navios. Moisés ergueu seu bastão e as águas do mar se dividiram. Após a passagem dos hebreus, o profeta deixou que as ondas se fechassem sobre os exércitos do faraó (Êxodo 14; 21-30).


Para saber mais
A Bíblia: Uma Biografia

Karen Armstrong, Jorge Zahar Editora, 2007.

Who Wrote the Bible?

Richard Elliott Friedman, HarperOne, 1997.