segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Como o cristianismo se tornou uma religião que Jesus teria rejeitado.

Por Richard Hagenston “Quando eu era um pastor da Igreja Metodista Unida, aprendi uma coisa perturbadora com as minhas próprias experiências e com as de alguns colegas que servem outras igrejas: Muitos ministros guardam segredos sobre a Bíblia, para que as coisas que aprenderam no seminário (ou em outras fontes) não prejudiquem a frequência à igreja e a oferta dominical.” “Isso colocou alguns amigos meus em um dilema terrível, forçados a dizer coisas no púlpito porque eram doutrinariamente exigidas, mas que já tinham questionado em particular. Quanto a mim, resolvi o assunto deixando o pastorado. Quando o fiz, recebi telefonemas de parabéns de dois ministros próximos. Um desses telefonemas foi especialmente pungente. Disse-me que eu era afortunado por ter outras habilidades de minha experiência de trabalho anterior, mas que tudo o que ele tinha sido treinado para fazer, era ser um ministro. E que ele se sentia preso ao púlpito, dizendo coisas em que ele não acreditava mais, a fim de continuar a sustentar sua família.” É hora de revelar nossos segredos sobre a Bíblia. É hora de os cristãos saberem o que seus pastores nunca lhes dirão. 1 - Os Apóstolos de Jesus não sabiam nada sobre um nascimento virginal A menção mais antiga do nascimento de Jesus não são as histórias da natividade nos evangelhos de Mateus e Lucas, mas alguns versículos na carta de Paulo aos romanos. Ele disse que a escreveu depois de ter se encontrado com Pedro e outros que tinham conhecido pessoalmente não só a Jesus, mas também a sua mãe e irmãos, MAS NENHUM APÓSTOLO JAMAIS FALOU UMA LINHA SOBRE PAULO. Apesar afirmar que aprendeu com eles tudo o que eles poderiam dizer sobre Jesus, Paulo não mostra nenhum sinal de ter ouvido falar de um nascimento virginal. Em vez disso, ele escreveu que Jesus "descendia de Davi de acordo com a carne" (O que é impossível, já que ele é filho de Maria com o Espírito Santo e se não tem sangue de José, não é descendente carnal de Davi) e foi declarado ser o Filho de Deus não por qualquer nascimento especial que Paulo menciona, mas por sua ressurreição (Romanos 1:3-4). • Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras, Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, Romanos 1:1-4 As histórias de natividade em Mateus e Lucas, sugerindo que Jesus teve um nascimento virginal em Belém (o local de nascimento de Davi), foram inventadas mais tarde e nem mesmo seus próprios apóstolos mostraram qualquer indicação de saber algo sobre isso. Fora isso, nestes poucos versículo Paulo também mente descaradamente sobre ter sido chamado para apóstolo, pois jamais foi mencionado nos evangelhos como apóstolo de Jesus (ele usa a fórmula do delírio psicótico para se autodeclarar apóstolo, como fez Isaías) , mente também sobre os profetas terem falado de Jesus. Nenhum profeta do Antigo Testamento fez qualquer referência a um messias semelhante Jesus Cristo. 2 - Jesus disse que não queria ter gentios como seguidores O fato de o cristianismo se ter tornado uma religião de gentios que literalmente adoram Jesus, é uma grande ironia porque em seu ministério, Jesus disse que não pretendia oferecer nada aos gentios. Mateus 10: 5 mostra Jesus dando a seus discípulos instruções duras para que " Não se dirijam aos gentios ". • Jesus enviou estes doze com as seguintes instruções: "Não se dirijam aos gentios, nem entrem em cidade alguma dos samaritanos. Mateus 10:5 É verdade que o capítulo 8 de Mateus e o capítulo 7 de Lucas mostram Jesus curando o servo de um soldado romano. No entanto, isso só aconteceu depois que o soldado disse que era indigno da atenção de Jesus. Assim como seu falso pai, Jesus exige que as pessoas se humilhem diante dele. Também é possível que Jesus tenha atendido o pedido do romano porque pensou que o servo era judeu, porque, como mostrado em Mateus 15:21-28, quando uma mulher indiscutivelmente gentia, pedia cura para sua filha, Jesus inicialmente a ignorou. Ela era tão persistente com suas súplicas que seus apóstolos tentavam silenciá-la. Mas eles não pediram a Jesus que se livrasse dela, ajudando-a. Em vez disso, sabendo de sua atitude contra os gentios, eles pediram-lhe para mandá-la embora. Quando ela finalmente se ajoelhou diante de Jesus, tornando impossível continuar a ignorá-la, ele disse que foi enviado "apenas para as ovelhas perdidas da casa de Israel." Ele então deixou claro que os gentios não eram melhores que um cão e que não era justo tirar o alimento dos filhos (judeus) e dá-los aos cães (gentios). Somente após a mulher argumentar que mesmo os cães comem as migalhas que caem da mesa de seus donos, Jesus a elogiou por sua fé e deu a ajuda que ela procurava. Outra evidência de que Jesus odiava os gentios vem da resistência de seus discípulos aos esforços de Paulo na conversão dos gentios, segundo Paulo: • Gálatas 2:11-14 - Quando, porém, Pedro veio a Antióquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável. Pois, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios. Quando, porém, eles chegaram, afastou-se e separou-se dos gentios, temendo os que eram da circuncisão. Os demais judeus também se uniram a ele nessa hipocrisia, de modo que até Barnabé se deixou levar. Quando vi que não estavam andando de acordo com a verdade do evangelho, declarei a Pedro, diante de todos: "Você é judeu, mas vive como gentio e não como judeu. Portanto, como pode obrigar gentios a viverem como judeus? Estas são mentiras de Paulo, pois nenhum apóstolo jamais relatou qualquer encontro com Paulo ou sequer citaram seu nome. O cristianismo acabou se tornando uma religião dos gentios, não por causa de qualquer contato pessoal deles com Jesus durante sua vida, mas por causa da obra de Paulo e do fato de que a maioria dos judeus, a quem Jesus se apresentava, rejeitou. Mas a verdade pode ser bem outra: os judeus não o rejeitaram, simplesmente não o conheceram. 3 - Nos três primeiros evangelhos, Jesus diz a todos para não pensarem nele como Deus O Evangelho de João mostra repetidamente Jesus fazendo afirmações sobre sua divindade. Mas em nenhum lugar dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, amplamente reconhecidos como escritos anteriores ao de João e, portanto, mais próximos dos eventos que eles descrevem, Jesus afirma ser uma divindade. Na verdade, todos os três primeiros evangelhos mostram Jesus repreendendo que nunca deveria ser visto como Deus. Em Marcos 10:18 Jesus diz: " Respondeu-lhe Jesus: "Por que você me chama bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus." Obviamente, ele se ofendeu com o simples pensamento de que ele poderia ser considerado como tendo a mesma justiça que Deus. Ele diz a mesma coisa em Lucas 18:19 e Mateus 19:17. 4 - As aparições pós-ressurreição têm contradições irreconciliáveis Os relatos dos evangelhos sobre as aparições de Jesus após sua ressurreição diferem substancialmente, inclusive sobre o local onde ele teria aparecido aos seus apóstolos. Os evangelhos de Mateus e Marcos dizem que as aparições foram na Galileia. Já Lucas e Atos que foram apenas no entorno de Jerusalém. Para aumentar a confusão, João diz que apareceu em ambas localidades: Galileia e Jerusalém. Mais um milagre de Jesus? Para aumentar a confusão, o Evangelho de João mostra Jesus aparecendo na Galiléia e em Jerusalém. A aparição real de um Jesus ressuscitado teria sido tão impressionante que levanta a questão da inexistência de sequer um registro de tal evento; que teria causado impressão suficiente para ser transmitido em todos os evangelhos. 5 - Jesus era contra a oração pública PRATICADA POR CATÓLICOS E PROTESTANTES Ou seja, para Jesus, até mesmo nos templos não se deve rezar em voz alta. Mas em Timóteo temos isto: Aqueles que defendem a oração pública em contextos tão diversos como reuniões governamentais e jogos de futebol não parecem conhecer a Bíblia. Se o conhecessem, perceberiam que Jesus é contra isso. Mateus 6:1-4, ele adverte contra a pratica da caridade diante dos outros, dizendo que aqueles que o fazem "não terão recompensa do Pai celestial". Mateus 6:1-4 - Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. Em Mateus 6: 6, como um prefácio à Oração do Senhor, ele diz que para orar deve-se entrar em seu quarto, fechar a porta e orar em segredo. Na verdade, a Versão King James da Bíblia traduz isso como entrar em um “closet”, algo ainda mais escondido para orar. Mateus 6:6-8 - Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lhe pedirdes. Talvez ainda mais significativo seja o fato de que em Mateus 6: 5 Jesus critica duramente aqueles que oram em sinagogas, os locais de adoração de seu tempo. Com base nisso, parece possível, por mais chocante que seja, que ele também tenha desaprovado a oração pública nas igrejas, muito menos nas reuniões do governo, como é comum no Brasil, nas câmaras de vereadores. Mateus 6:5 - E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. É preciso notar com especial atenção o versículo Mateus 6:8: Mateus 6:8 - Não vos assemelheis, pois, a eles (os que rezam nas sinagogas, templos e em público); porque VOSSO PAI SABE O QUE VOS É NECESSÁRIO, ANTES DE VÓS LHE PEDIRDES. Este versículo entra em contradição brutal com os seguintes e os anteriores , pois nele Jesus deixa claro que qualquer tipo de oração é desnecessário, já que Deus sabe tudo antes que os crentes peçam. Este versículo descarta mesmo a oração privada. Mas logo depois ensina a rezar o pai nosso. Parece que os versículos ensinando a orar são falsificações feitas pela igreja. POIS SE DEUS SABE O QUE OS CRENTES NECESSITAM, QUALQUER FORMA DE ORAÇÃO É ABSOLUTAMENTE DESNECESSÁRIA E INÚTIL. Paulo, falso apóstolo mentiroso e ladrão que prega tudo ao contrário de Jesus, contraria ainda mais as orientações de Jesus e as falsificações da Igreja, pois em Timóteo ensina o contrário de tudo: 1 Timóteo 2:8 - Quero, pois, que os homens OREM EM TODO O LUGAR, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Contradições absurdas como estas tornam impossível ver qualquer credibilidade ou coerência no texto bíblico. 6 - Alguns livros da Bíblia são falsos Meus professores de seminário mencionaram que alguns livros da Bíblia, especialmente algumas cartas atribuídas a Paulo, provavelmente foram escritos por pessoas que mentiram sobre o que Paulo tinha pregado para dar a autoridade de Paulo às suas próprias ideias. Mas eles nunca dizem isso sem rodeios. Eles nem sequer conseguem usar a palavra "falsificações". Em vez disso, eles usam "pseudepigrafia", uma palavra extravagante para textos antigos, aos quais é atribuída falsa autoria, que é uma forma de disfarsar as falsificações. Especialmente suspeitas são as chamadas epístolas pastorais, 1 e 2 Timóteo e Tito. Como eles fizeram isso na Bíblia sob o nome de Paulo, alguns acham razões para insistir que devem ser autênticos. No entanto, existe um amplo consenso entre muitos estudiosos da Bíblia de que eles diferem tanto do vocabulário, estilo e ensinamentos de Paulo, que não poderiam ser escritos por ele. Tudo isso levanta a questão de quanta autoridade se deseja dar aos escritos daqueles que não eram verdadeiros sobre quem eles eram. Por exemplo, em contraste com o respeito que Paulo mostrou às mulheres, o autor de 1 Timóteo pensava muito diferente. Em: 1 Timóteo 2:11-15 ele diz: 11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. 12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. 13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14 E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação. Um ponto semelhante aparece em uma carta (supostamente) autêntica de Paulo em 1 Coríntios 14:34-35: “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.” No entanto, esses versos quebram profundamente o fluxo da passagem em que aparecem e são tão contrários a outras coisas que Paulo escreve, que parecem ser uma inserção (interpolação) posterior feita por outra pessoa querendo reivindicar a autoridade de Paulo para suas ideias repressivas em relação às mulheres. Ainda assim, esses versículos em 1 Timóteo e 1 Coríntios, aparentemente escritos por pessoas que fingiram ser alguém que não eram, são usados até hoje para justificar a limitação dos papéis de liderança das mulheres em algumas igrejas. 7 - Partes da Bíblia foram intencionalmente escritas para discordar de outras partes A Bíblia não só tem muitas contradições, Mas algumas delas são claramente intencionais. Um exemplo do Antigo Testamento é encontrado no Salmo 51. Esse salmo foi escrito depois que Babilônia destruiu Jerusalém (e seu Templo que tinha sido construído por Salomão) e levou os habitantes da cidade para o exílio. Visto que o Templo não estava mais disponível para o sacrifício, o autor do Salmo 51 oferece conforto nos versículos 16 e 17, dizendo que Deus nem sequer deseja sacrifício, mas apenas um coração contrito. Mas então, em uma contradição claramente intencional, alguém que discordou com isso, acrescentou imediatamente depois, os versículos 18 e 19 dizendo que Deus ficaria feliz com os sacrifícios que se seguiria uma reconstrução de Jerusalém. Salmos 51:16-19 Pois NÃO DESEJAS SACRIFÍCIOS, SENÃO EU OS DARIA; TU NÃO TE DELEITAS EM HOLOCAUSTOS. 17 - Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. 18 - Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém. 19 - Então TE AGRADARÁS DOS SACRIFÍCIOS DE JUSTIÇA, DOS HOLOCAUSTOS E DAS OFERTAS QUEIMADAS; ENTÃO SE OFERECERÃO NOVILHOS SOBRE O TEU ALTAR. Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas descrevem um episódio em que João Batista oferece um batismo em troca de perdão dos pecados por intermédio do arrependimento. Mas, escrevendo mais tarde, o autor do Evangelho de João não gostou nada disso porque, para ele, o perdão só pode ser concedido através de sacrifício — o sacrifício de sangue do próprio Jesus. Marcos 1:4,5 Apareceu JOÃO BATIZANDO NO DESERTO, E PREGANDO O BATISMO DE ARREPENDIMENTO, PARA REMISSÃO DOS PECADOS. E toda a província da Judéia e os de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. João 1:29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. João 1:36 E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. Contradições como as no Salmo 51 e o que os evangelhos dizem sobre João Batista e outras do Antigo e Novo Testamento, mostram que muito do que diz a Bíblia é um jogo de escritos de diferentes correntes de seguidores de Jesus, as quais muitas vezes entram em conflito umas com as outras. 8 - Apóstolos que viveram com Jesus não concordavam com Paulo O apóstolo Paulo era um homem constantemente atacado por suas crenças. Em Gálatas 1: 6-9 ele se queixa daqueles que pensavam que seu evangelho estava errado e estavam levando as pessoas a se afastassem do que ele lhes havia ensinado. Não querendo dar voz à oposição, ele não menciona as questões em disputa nem se consideram culpado pelo surgimento delas. Mas ao contrário, diz: Gálatas 1:6-9 Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: SE ALGUÉM LHES ANUNCIA UM EVANGELHO DIFERENTE DAQUELE QUE JÁ RECEBERAM, QUE SEJA AMALDIÇOADO! Quanto à identidade dos adversários de Paulo, em 2Coríntios 11:13 ele os chama de "falsos apóstolos, obreiros enganosos, disfarçando-se como apóstolos de Cristo". Mas quem eram eles? Em 2Coríntios 11:5 ele sarcasticamente os chama de "super-apóstolos". Naquela época, os "super-apóstolos" poderiam ter significado apenas uma coisa: os apóstolos originais. 2 Coríntios 11:13 Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo-se apóstolos de Cristo. 2 Coríntios 11:15 Portanto, não é surpresa que os seus servos finjam que são servos da justiça. O fim deles será o que as suas ações merecem. ISSO LEVA A UMA PERGUNTA: UMA VEZ QUE OS ENSINAMENTOS DE PAULO SE TORNARAM A BASE DA FÉ CRISTÃ DE HOJE, JESUS TERIA APROVADO A RELIGIÃO QUE HOJE É PROCLAMADA EM SEU NOME? Responder a essa pergunta é a base do meu livro Fabricating Faith. “Ainda sou cristão, mas não creio que devamos nos esconder dos fatos sobre nossa própria fé. Quantos pastores sabem sobre esses problemas, mas nunca mencionam em um sermão? Quantos deles estão privando suas congregações de uma compreensão mais completa e profunda de sua fé, com todas as suas complexidades? Devemos estar dispostos a abraçar algumas verdades desconfortáveis. ” Ex-pastor Hagenston. Referências: Baseado no texo do ex-Pastor Metodista Hagenston, da Igreja United Methodist Church, para o site Patheos, de seu livro Fabricating Faith: How Christianity Became a Religion Jesus Would Have Rejected (Fabricando a fé: Como o cristianismo se tornou uma religião que Jesus teria rejeitado) 1. http://www.patheos.com/…/8-things-your-pastor-will-never-t…/ 2. Fabricating Faith: How Christianity Became a Religion Jesus Would Have Rejected 3. https://www.scribd.com/us…/31810001/Colecao-Fabulas-Biblicas Ana Burke

Inconsistência dos chamados castigos divinos

O homem primitivo viu nas forças da natureza, raios, terremotos, vulcões, vendavais, etc., a manifestação da ira divina contra o mundo. Esse pensamento primevo transpôs a Pré-História, a Idade Clássica, a Idade Média, a Moderna e a Contemporânea. E, por incrível que pareça, essa visão pré-histórica se mantém viva nas mentes de muita gente após dois milênios de cristianismo. Quando se questiona sobre os destinatários desses castigos, os fiéis respondem com frases pouco racionais, como, “não entendemos os desígnios divinos”; "Deus escreve certo por linhas tortas”; etc. Todavia, uma visão bem racional dos fatos só vislumbra escritas mais tortas do que as linhas. “No século 18, a invenção do pára-raios, por Benjamin Franklin, foi condenada pela Igreja como invenção do diabo. Sendo o raio expressão da cólera do Senhor, só podia ser tentação do demo impedir que o castigo divino caísse sobre o mundo. Na França, a "excomunhão" foi levada a sério: em Saint-Omer, Vissery de Bois foi processado por heresia, por instalar um pára-raios em sua casa”. (AlmanaqueZAZ) Em 1912, milhares de pessoas expiraram nas gélidas águas do Atlântico Norte, com o naufrágio do Titanic. Afirmam cristãos que foi um castigo contra quem dissera: “nem Deus afunda o Titanic”. Um deus bom, justo, perfeito... levaria tanta gente inocente como vingança contra um indivíduo blasfemo? Ou seriam bons aqueles que se salvaram do acidente, e ruins os que se afogaram? A mim não parece ter havido nenhuma justiça divina no fato. Em 1755, no sacratíssimo “dia de todos os santos”, o monstruoso Terremoto de Lisboa fez um tremendo estrago. Para Ellen Gould White (O Grande Conflito), foi a reprovação divina àqueles idólatras. Seria isso obra de um deus sábio e justo? Se o catolicismo era a besta do Apocalipse, como consta das obras de E. G. White, Uriah Smith e outros, não seria mais adequado que Deus sepultasse em um terremoto o papa, o cabeça da Igreja? Não! Na realidade, o ser imaginário nada faz, e a natureza não escolhe entre pecadores e inocentes! Quase todos anos, as nossas rádios e TVs anunciam graves acidentes com ônibus de romeiros. Só no ano de 1999, uma batida envolveu, entre outros carros, dois ônibus de romeiros, resultando veículos incendiados e muitas vítimas. Sabemos que são pessoas devotas, que estão executando um ato de fé. Para os cristãos anticatólicos, isso tem externado o desagrado divino pela adoração “da criatura em vez do criador”. Que nada! Se fosse um deus onipotente, sábio, bom e justo a castigar a idolatria, ele enviaria um raio que partisse a Basílica de Aparecida do Norte, como prova de que detesta esses ritos abomináveis, sem fazer perecer os pobres que não sabem o que fazem. Nesse mesmo ano, o desabamento do teto de um dos templos da Igreja Universal do Reino de Deus, em Osasco, matou 23 pessoas e feriu 560. Cerca de 1.500 fiéis estavam em vigília de orações no momento do acidente. Não faltou quem visse aí o furor divino contra a igreja de um aproveitador da boa-fé do povo. Que incoerência!!! Fosse ação divina, o teto teria desabado sobre a cabeça do fundador da igreja, não sobre os humildes fiéis, que acreditavam estar ao lado da verdade. Por que Deus não trouxe um daqueles terremotos sobre Santiago quando Augusto Pinochet assassinava cruelmente tantos dissidentes? Por que não despejou um saraivada sobre a China quando Mao-Tse-Tung cometia atrocidades contra seu povo? E o Socialismo ateu da União Soviética? Por que lá não ocorreu nenhum desastroso fenômeno natural enviado pelo Senhor dos céus? Ah, esses castigos divinos não me convencem! Pensando por esse lado religioso, nós, os brasileiros, somos o seleto povo de Deus nos últimos séculos. Deixando de lado a marginalidade, as corrupções, as imoralidades políticas de que somos vítimas, tudo obra do Diabo, nós não precisamos nos preocupar com terremotos; não se tem conhecimento histórico de quando ocorreu um vulcão em nosso solo; nosso clima é bom; não temos uma guerra há mais de século; enquanto aqui ao lado nossos vizinhos chilenos têm sido alvo da ira divina através de terremotos; os colombianos, aí bem próximo, tem sofrido a fúria infernal das lavas vulcânicas; os norte-americanos, de vez em quando, em um canto ou outro, são aterrorizados com as chamas do inferno, sacudidos por fortes terremotos e violentos furacões; os filipinos, os japoneses e outros povos do Oriente - pobres rejeitados de Deus! -, sobre eles tem pesado a mão divina por meio desses catastróficos e incontroláveis fenômenos; os israelenses, que se diz terem-se apartado de Jeová, florescem economicamente; todavia, de quando em quando, estão às voltas com o terror impingido pelos servos de Alá. A Irlanda do Norte, como sofre com uma longa guerra intracristã! Não é à toa que alguns dizem que “Deus é brasileiro”. Estamos mesmo divinamente privilegiados. Pensando em tudo isso, eu questiono: Seriam os habitantes das zonas geográficas do “Círculo do Fogo” povos ímpios, merecedores da repreensão do todo-poderoso? Os indonésios, que cometeram tantas barbaridades contra crianças timorenses, não mereciam receber a justa medida do cálice transbordante da ira do Rei dos Reis? Como poderia eu crer que agentes divinos fossem os autores de afirmações capazes de provocar a horripilante morte de Giordano Bruno, a proibição do livro científico de Copérnico e a retratação de Galileu Galilei, que não quis ter o mesmo fim de seu antecessor Bruno? Sei que o nosso planeta pode sofrer a colisão de algum corpo espacial; mas as estrelas do céu caírem “pela terra como a figueira, quando abalada por vento forte, lança seus figos verdes”, isso não tenho como entender. Uma pequena estrela tem milhares de vezes o tamanho da Terra. Como se poderiam lançar todos os elefantes africanos e todas as baleias dos oceanos sobre um mosquito? Ah, assim só posso continuar ateu, graças a Deus! Que pai, por mau que fosse, no momento de ira, atiraria uma bomba entre todos os seus filhos só por que alguns deles o desonraram? Um pai sábio castigaria os filhos inocentes, esquecendo-se dos maus enquanto estivessem executando suas maldades? Não venham com essa de escrever certo por linhas tortas! Pois mais tortas estão as escritas! Não há como entender mesmo desígnios divinos tão aleatórios! Não tem qualquer lógica a crença em castigos divinos.

LHC provou a inexistência de fantasmas

O colisor de partículas já foi capaz de provar muitas teorias emocionantes, testemunhar a criação do plasma quark-glúon (a matéria mais densa fora dos buracos negros), encontrar evidências-chave contra a supersimetria e descobrir o famoso bóson de Higgs, resultado que gerou um Prêmio Nobel de Física. Muitas pessoas, no entanto, não têm sequer conhecimento de todas essas maravilhas que o LHC está desempenhando, em geral porque mal podem soletrar “quark-glúon”. Porém, uma certa conclusão que o LHC nos permite tirar pode agarrar a atenção do público: pelo menos um físico sustenta que ele, de fato, refutou a existência de fantasmas. Atividade paranormal: o que há por trás dela? Como é que é?! O físico em questão é Brian Cox, pesquisador de física de partículas na Universidade de Manchester, no Reino Unido. Em uma transmissão recente feita pela BBC, os convidados do programa “The Infinite Monkey Cage” estavam discutindo a ciência e o paranormal, quando Cox afirmou o seguinte: “Antes de fazermos a primeira pergunta, eu vou dar uma declaração: não estamos aqui para debater a existência de fantasmas porque eles não existem. Se queremos que algum tipo de padrão que carrega informações sobre nossas células vivas persista, então precisamos especificar exatamente qual meio carrega esse padrão e como ele interage com as partículas de matéria a partir das quais os nossos corpos são feitos. Temos que, em outras palavras, inventar uma extensão para o Modelo Padrão de Física de Partículas que escapou à detecção no Grande Colisor de Hádrons. Isso é quase inconcebível nas escalas de energia típicas das interações de partículas em nossos corpos”. Não entendeu nada? Pois é. Cox usou alguns termos científicos que podem confundir leigos como nós, de forma que o astrofísico Neil deGrasse Tyson, que também estava no programa, pressionou o cientista para esclarecer sua declaração. “Se eu entendi o que você acabou de declarar, você afirmou que o CERN, o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, refutou a existência de fantasmas”. “Sim”, respondeu Cox. 5 Fenômenos paranormais famosos facilmente desmascarados pela ciência Cadê? O físico explicou que, se houvesse algum tipo de substância “dirigindo” nossos corpos (algo que poderia virar um fantasma depois da nossa morte, e mover nossas pernas e braços), então deveria interagir com as partículas das quais nossos corpos são feitos. Dado o fato de que o LHC já fez medidas de alta precisão sobre as maneiras como as partículas interagem, Cox concluiu: “Minha afirmação é que não pode haver nada, tipo uma fonte de energia, que está dirigindo nossos corpos”. Embora existam inúmeras explicações científicas que refutam e desacreditam o paranormal, a declaração de Cox parece nova. As 10 piores farsas paranormais da história A ideia é mais simples do que sua explicação sugere: se fantasmas existem, eles são feitos de partículas, não é mesmo? Logo, se eles estivessem mesmo invadindo o mundo físico, então certamente seus “rastros” seriam detectados pelo LHC. Isso não aconteceu. [RealClearScience]

Seis explicações para entender o Big Bang.

SEIS EXPLICAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA ENTENDER O BIG BANG 08 Jun 2016 Escrito por Emerson Borges Publicado em COSMOLOGIA Lido 21713 vezes Imprimir E-mail Seis explicações fundamentais para entender o Big Bang A grande maioria dos Ateus aceitam a teoria do Big Bang, pois, até o momento é a teoria mais plausível para a origem do universo de acordo com o conhecimento atual da humanidade. Obviamente, novos fatos podem surgir e novas teorias podem ser formuladas, mas, até o presente momento, o Big Bang é a teoria mais plausível. Alguns detalhes são importantes serem ressaltados devido à grande confusão que as pessoas fazem sobre esta teoria, principalmente devido à falta de informação. Primeiro, a Teoria do Big Bang não postula que o universo surgiu do nada, mas sim em concomitância com tempo. Sendo assim, não existe um momento anterior ao Big Bang, uma vez que "antes" pressupõe tempo. O Big Bang criou o espaço-tempo, sendo assim não havia "antes", pois o Big Bang é o tempo=0. Segundo, o nada cria sim reações quando reage com o nada. Na mecânica quântica, por exemplo, partículas subatômicas surgem e desaparecem simplesmente do nada a todo instante. Esta ideia de que nada surge do nada (que é uma ideia de filósofos antigos como Aristóteles) já caiu por terra na década de 50. Terceiro, na verdade, a teoria do Big Bang, não diz que o universo se originou de uma explosão propriamente dita, porque a ocorrência de uma explosão pressupõe a existência de alguma coisa anterior que explodiu em um meio preexistente. E, no caso do universo, tudo o que existe surgiu desse ponto inicial. Além disso, não teve "Bang" (explosão) no Big Bang, porque a expansão não fez barulho - não existe som no vácuo Quarto, o Big Bang não gerou os planetas e as galáxias como nós conhecemos, a explosão que se deu de um ponto minúsculo continha a energia que daria origem após o resfriamento da mesma, as primeiras matérias. Hawking demonstrou que um buraco negro (singularidade) pode explodir liberando energia, a ciência não pode dizer ainda o que houve antes desta “explosão” ou o que gerou (se é que se pode dizer isso) o ponto superdenso que se precipitou, mas podemos dizer o que houve depois e entender tudo isto através de estudos e análises. Quinto, as singularidades (como a que originou o Big Bang) existem hoje mesmo. E são mais comuns do que parecem. Há um monte delas acima de nós agora mesmo. Dez milhões só na nossa galáxia. É que você as conhece por outro nome: buracos negros. Esses ralos cósmicos que sugam tudo o que aparece em seu caminho são basicamente pontos onde a força gravitacional é infinita. Para entender melhor um buraco negro, o melhor jeito é aprender a receita para construir um. Primeira parte: pegue 1 milhão de planetas Terra e funda todos eles até formar uma bolona, com massa equivalente à de 3 Sóis. Quanto maior a massa de alguma coisa, maior a gravidade. No caso da nossa bola, ela teria uma força gravitacional tão poderosa que nada teria como ficar em sua superfície sem começar a ser tragado para dentro do solo. Até a própria superfície começaria a ser engolida. Isso realmente acontece com as estrelas gigantes, bem maiores que o Sol, quando elas morrem. Nesse processo digestivo, a bola vai diminuindo de tamanho e fica cada vez mais densa. A força gravitacional também se concentra, puxando mais matéria ainda para o centro da bola. Uma hora a gravidade vai ter sugado tudo. Mas não vai deixar de existir. Será um ponto de dimensão zero. Uma singularidade, assim como a que originou o Big Bang. Sexto, crer no Big Bang, átomos e fenômenos astronômicos é crer no que eu vejo. Eu vejo o Big Bang e fenômenos astronômicos quando meço o efeito doppler em galáxias e vejo blueshifts (decréscimo no comprimento de onda [aumento da frequência]) em quase todas, quando vejo uma supernova, uma estrela anã branca, vejo em todo lugar. Eu vejo o Big Bang quando estudo um buraco negro. Eu vejo o Átomo quando a espectroscopia me mostra o comportamento da molécula e consigo comprova-lo por equações como a Equação de Schrodinger, o princípio da incerteza de Heiseberg e a Equação de Le Broglie. Eu vejo milhões e milhões de anos de evolução quando faço a datação de carbono 14 e datações radiométricas em fósseis e muitas outras estruturas geológicas e vejo que o universo não tem apenas alguns milhares de anos, mas sim, 13 BILHÕES de anos. O Big Bang é explicado pela mecânica quântica, portanto, aceitar que o Big Bang é verdadeiro não é questão de fé, antes, uma questão de evidências descobertas pela ciência.

Por que as pessoas acreditam na paranormalidade

Por Javier Salas Publicado no El País “Muitas pessoas razoáveis acreditam em fenômenos psíquicos e muitos céticos razoáveis descartam essas crenças. Estávamos interessados em saber por que há diferenças de opinião tão grandes entre pessoas igualmente racionais”. Essa foi a dúvida que o psicólogo David Gallo quis sanar, junto a seu colega de profissão na Universidade de Chicago Stephen Gray. O que distingue quem acredita no sobrenatural dos demais? Não é uma pergunta nada fácil de responder, por mais que a intuição nos faça acreditar que a resposta é simples. E, em se tratando de ciência, é preciso chegar a conclusões que estejam comprovadas. Através de uma série de estudos múltiplos, Gallo e Gray encontraram uma correlação: quem acredita na parapsicologia é um pouco pior em pensamento analítico do que aqueles que desconfiam da existência da paranormalidade. Pode parecer óbvio, mas, até hoje, os estudos que trataram de explicar o fenômeno não tinham apresentado uma conclusão tão nítida. Somos uma plataforma dedicada ao conhecimento que só poderá continuar a existir graças a sua comunidade de apoiadores. Saiba como ajudar. Gallo explica que, muitas vezes, foram propostas teorias sobre a existência de diferenças cognitivas entre os que acreditam em ciências ocultas e os céticos, que seriam responsáveis por essa crença no sobrenatural. “Mas, ao olhar através da literatura científica, nos demos conta de que havia poucas pesquisas que comprovassem essa hipótese” tão popular, ressaltou o psicólogo. Outros pesquisadores que tentaram encontrar uma correlação entre crenças esotéricas e o nível de inteligência e o desempenho acadêmico fracassaram: as pessoas que acreditam em médiuns ou em telepatia não são mais burras nem obtêm piores notas. Os dois psicólogos desenvolveram um estudo, o mais completo possível, para tratar de esclarecer algumas incógnitas da equação, utilizando grupos de pessoas – com alto nível de escolaridade – que estavam convencidas da existência de poderes parapsicológicos e que eram especialmente céticas sobre tais fenômenos. Eles compararam seus desempenhos em numerosas tarefas cognitivas: provas de lógica, memória, linguagem, associação… sem encontrar grandes diferenças. Em primeiro lugar, estudaram, detalhadamente, a memória episódica (lembrança precisa de experiências do passado), um ponto em que não encontraram diferenças entre os dois grupos. Gallo e Gray, especializados nessa área, pensavam – por engano – que a memória poderia ser a origem das distorções que geravam uma visão, como a que médiuns costumam ter, graças a lembranças mal selecionadas ou posteriormente manipuladas, por exemplo. A principal descoberta foi o fato de que os que acreditam em atividades paranormais tiveram um pior desempenho em testes de pensamento analítico e lógica. Apesar de a diferença em relação ao resultado dos céticos não ter sido grande, constitui uma sólida evidência. Para Gallo, isso pode significar que tendem a processar a informação de uma forma menos analítica e mais intuitiva que os céticos. “Isso poderia fazer com que eles tenham um pior desempenho nesse tipo de provas, e também poderia apoiar suas crenças sobrenaturais”, explicou. Curiosamente, o estudo também demonstrou que aqueles que acreditam na parapsicologia tendem a estar mais satisfeitos com suas vidas do que os céticos. Gallo lembra que esse é um fator que já havia sido observado em estudos prévios e que “poderia indicar que processar a informação de forma mais intuitiva tem vantagens, e que, talvez, faça com que as pessoas sejam mais felizes, de uma maneira geral”. A psicóloga Helena Matute, da Universidade de Deusto (Espanha), defende que isso é algo habitual e que determinadas superstições, em um nível adequado, podem ter aspectos positivos. Matute publicou, recentemente, um estudo cujos resultados se encaixam muito bem com os obtidos por Gallo e Gray, já que mostra que aqueles que acreditam na paranormalidade tendem a criar ilusões causais. “Tem muito a ver com o que nós estamos vendo, parecem ter menos pensamentos críticos e distorcem a informação que recebem”. Através dos experimentos realizados por Matute e sua equipe, foi possível concluir que quem acredita no sobrenatural tende a encontrar uma relação de causa e efeito em situações aleatórias. “São suscetíveis a esse tipo de ilusões causais, como detectar padrões a partir de informações ambíguas. É como quando olhamos o formato de certas nuvens e identificamos rostos ou figuras, mas elevado ao extremo: ver uma cara em uma torrada e dar a isso um significado real”, explica Matute, diretora do Labpsico da Deusto. Esse princípio explicaria outra das descobertas do trabalho de Gallo, publicado pela Memory & Cognition: o grupo que acredita no sobrenatural também abraçava com mais naturalidade as teorias da conspiração, que oferecem explicações extraordinárias e esotéricas a feitos notáveis (um dos exemplos utilizados no estudo é que o presidente norte-americano Barack Obama, na realidade, não teria nascido nos EUA). Embora o estudo proporcione uma das melhores provas da hipótese de diferenças cognitivas, também ressalta outros fatores que, sem dúvidas, influenciam as crenças de forma decisiva: 70% dos que acreditam na existência da paranormalidade afirmaram que sua forma de pensar coincide com a de amigos e parentes próximos. Gallo reconhece que não há evidências suficientes para garantir o que é mais determinante: “Há muitos fatores que impulsionam as crenças das pessoas, e eles poderiam interagir de maneiras desconhecidas”. Além disso, na maioria dos casos, essas pessoas afirmavam ter vivido experiências que as levavam a acreditar na paranormalidade, o que se encaixaria bem na hipótese desses estudos: possivelmente analisaram mal o ocorrido ou geraram uma explicação ilusória. Não obstante, chama a atenção o fato de que a maioria dos céticos também respondeu que não acreditava no sobrenatural porque nunca havia tido nenhuma experiência desse tipo. Gallo adverte que não se deve tirar conclusões exageradas de seu estudo e afirma que, para ele, o resultado mais surpreendente de seu trabalho foram as reações à sua publicação. “Alguns céticos disseram que, finalmente, ‘foi provado’ que os que acreditam na paranormalidade são cognitivamente inferiores, e alguns desses crentes disseram que nossos resultados estavam ao contrário. Acredito que nenhuma dessas reações se justifica”, defendeu Gallo. O pesquisador explicou que seu trabalho nega a ideia generalizada de que céticos e partidários do sobrenatural possuem grandes diferenças relacionadas à inteligência ou à cognição. “Muito pelo contrário, (os resultados) indicam que é necessária uma compreensão mais matizada de como os diferentes estilos de processamento de informação e habilidades cognitivas podem estar interagindo com as crenças”.

Evidências da Evolução

Claudio Murdoch 25 de setembro · Evolução diante nossos olhos: "Muitas vezes quando discutimos processos evolutivos somos remetidos a analisar uma escala de tempo profunda. Como os humanos vivem pouco é difícil ter uma dimensão de escalas temporais que abrangem milhões de anos. Assim, não conseguimos “ver” a evolução com nossos próprios olhos. Porém, existiriam casos onde a evolução das espécies seria possível ser vista em “tempo real”? Alguns organismos tem um ciclo de vida muito veloz. As bactérias por exemplo, em condições ideais, podem se duplicar a cada 20 minutos. Por isso, 30 anos para uma bactéria representaria um número gigante de gerações, sofrendo mutações nas quais estariam sendo selecionadas pela seleção natural. Por isso, as bactérias são um ótimo modelo para analisarmos a evolução diante de nossos olhos. As bactérias estabelecem uma relação muito intima com a humanidade e longe de serem um organismo que nos causa apenas mal, a nossa relação com as bactérias pode nos trazer inúmeros benefícios. No entanto, muitas podem ser prejudiciais a nossa espécie. No início do século XX, por exemplo, um mero arranhão poderia ser letal, resultado de uma infecção bacteriana. Todavia, com a descoberta dos antibióticos o combate as bactérias patológicas foram possíveis, trazendo uma melhoria significativa na nossa expectativa de vida. Porém o uso de antibióticos passou a ser uma força seletiva significativa atuando na evolução das bactérias. Isso porque os antibióticos matavam as bactérias mais suscetíveis ao medicamento mas selecionavam positivamente aquelas características de resistência aos antibióticos. Isso provocou uma corrida evolutiva entre a produção de antibióticos e as bactérias, um respondendo as mudanças do outro. Quando os antibióticos foram criados a expectativa é que venceríamos de vez as infecções bacterianas. Porém o cenário apesar de ser melhor do que o início do século XX, hoje estamos muito distantes daquela previsão já que as bactérias evoluíram em resposta aos antibióticos. Isso se deve ao fato do uso de antibióticos selecionar positivamente os genes que conferem resistência aos próprios antibióticos. E hoje um novo grupo de bactérias conhecidas como “superbactérias” extremamente resistente a antibióticos vem causado milhares de mortes no mundo. Recentemente a bactéria Neisseriagonorrhoeaque, que causa gonorréia, derivou uma variante super-resistente a antibióticos e incurável até o momento. A OMS alerta sobre o risco de disseminação mundial dessa nova bactéria.² Ou seja, a resistência aos antibióticos são outro exemplo categórico da evolução. Se a vida não evoluísse não faria nenhum sentido desenvolver novos antibióticos, já que as bactérias de 1970 seriam as mesmas dos dias atuais, mas a realidade nos mostra o contrário. Elas seguem evoluindo e se adaptando ao meio. Esse processo ocorre também com vírus em resposta a vacinas e insetos que evoluem a medida que são expostos inseticidas e passam a se tornar resistentes ao veneno. Distribuição geográfica A distribuição das espécies no globo também pode ser uma evidência da evolução, por exemplo, a inexistência de anfíbios ou peixes de água doce endêmicos em ilhas oceânicas. As ilhas oceânicas, diferentemente das ilhas continentais nunca foram ligadas aos continentes, elas surgiram a partir do leito marinho. Alguns exemplos de ilhas oceânicas são: Havaí, Galápagos e Santa Helena. Em todas essas ilhas não existem espécies endêmicas de peixes de água doce e anfíbios, isso porque na maior parte dos casos esses animais não toleram a alta salinidade da água e, portanto, não poderiam migrar do continente para essas ilhas. Diferentemente das ilhas oceânicas, as ilhas continentais apresentam uma vasta gama de anfíbios e peixes de água doce. Mas que criador teria um capricho de colocar anfíbios apenas em ilhas continentais e não em ilhas oceânicas? Alguém poderia argumentar que as ilhas oceânicas não seriam um bom habitat para anfíbios e, portanto, eles não sobreviveriam nessas ilhas. No entanto, existem experiências de introdução de anfíbios em ilhas oceânicas. Em 1932 foi introduzido no Havaí o sapo-boi a fim de controlar o besouro da cana de açúcar, no entanto, seu sucesso adaptativo foi tamanho que o peixe boi se transformou em uma praga na ilha. Outro padrão interessante envolvendo ilhas está relacionado aos tipos de espécies que elas apresentam. Ilhas continentais que se separaram recentemente do continente tendem a apresentar faunas e floras similares ao do continente na qual elas faziam parte. Já ilhas que se separaram há muito tempo do continente tendem a apresentar um padrão de espécie muito atípicos. Isso porque a medida que a ilha se separa do continente, o fluxo gênico entre espécies que até então estavam unidas se interrompe. E a partir de então essas espécies passam a evoluir de forma separadas. Quanto maior o tempo de interrupção do fluxo gênico maior será a divergência genética entre as espécies e, portanto, mais separadas evolutivamente. A Inglaterra se separou do continente europeu a cerca de 300 mil anos (pouco tempo do ponto de vista evolutivo) e a fauna e flora inglesa apresenta um padrão similar a da fauna e flora Europeia. No entanto, Madagascar se separou a 160 milhões do continente e pode ser considerado um caldeirão evolutivo. 70% das formas de vida de Madagascar são encontradas somente lá. Em Madagascar podemos encontrar lêmures,Cobra Malagaxe Nariz-de-Folha, besouro girafa e as arvores abobas, dentre outras espécies fascinantes."

Alexandre Versignassi Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti. SIGA Muito além de Marte: na pior das hipóteses, existe vida em dez trilhões de planetas. E isso não é o mais importante

Um bebê recém-nascido não sabe que é um indivíduo. Acha que ele e a mãe formam uma entidade única. Talvez ache até que ele, a mãe e o mundo sejam uma coisa só. PUBLICIDADE Mas antes de seguir com esse raciocínio, queria passar a palavra para alguém mais qualificado que eu, o Richard Dawkins. “Vamos imaginar que o surgimento de vida em algum planeta seja algo estupidamente improvável”, ele me disse numa entrevista recente. “Mais improvável até do que você tirar uma quadra de ases num jogo de cartas, e todo mundo na mesa também sair com quadras. Mas sabe de uma coisa? Mesmo se a vida for algo tão difícil de acontecer, ainda assim ela seria abundante no Universo”. Dawkins, professor emérito de biologia em Oxford e reformulador do darwinismo, entende de vida. Mas nem ele nem ninguém tem como dizer se o fenômeno é corriqueiro no Cosmos ou se não, se trata-se de algo raríssimo, que só aconteceu na Terra, ou, dando uma chance ao acaso, que só apareceu em um a cada um bilhão de planetas Cosmos afora. Um em um bilhão parece pouco. Só que é menos ainda. A probabilidade de você morrer atingido por um raio é de uma em 2 milhões. A de ganhar na Mega-Sena, uma em 50 milhões. Em outras palavras, uma chance em um bilhão é basicamente sinônimo de “impossível”. Mas isso aqui na Terra. Porque no céu a história é outra. É que, se um em um bilhão é algo menor do que parece, o espaço sideral é maior. Bem maior do que parece. As estimativas mais humildes indicam que existem 10 trilhões de bilhões de estrelas no Universo observável (ou 1022 , o número 1 seguido de 22 zeros, caso você prefira uma notação mais científica). Um mundo assim, com 10.000.000.000.000.000.000.000 de sóis, destrói qualquer estatística. Assim: se a vida surgiu em um único planeta por sistema solar (como parece ter sido o caso neste sistema solar aqui), e só um em cada bilhão de sistemas solares teve essa sorte, existiriam dez trilhões de planetas com vida. Mais: se entre esses supostos planetas com vida só um em um milhão abrigar seres inteligentes, teríamos dez milhões de civilizações sobre as nossas cabeças. Como o Dawkins mesmo disse naquela entrevista: “Nossos cérebros não sabem lidar com grandezas na ordem de bilhões e bilhões”. Mas tem outra coisa com a qual o nosso cérebro não sabe lidar: o próprio conceito de “vida”. Por instinto, nós teimamos em achar que somos entidades à parte no Universo. Que nós estamos aqui, e o Universo está “lá fora”. E aí que a gente volta aos bebês do primeiro parágrafo. Nos primeiros meses de vida, passamos a entender que somos indivíduos, entidades únicas, apartadas das nossas mães, e do mundo, e do Universo. Ilusão. Os átomos que formam o seu corpo sempre estiveram aqui na Terra. E vão continuar por aqui, independentemente do que você faça com eles até o dia que o seu coração parar de bater. O autor do Gênesis traduziu bem essa ideia, na cena em que Deus diz a Adão que ele terá de trabalhar pesado, e suar para que a terra produza algum alimento “até que você, Adão, volte para a terra, pois do pó você foi feito, e em pó irá se transformar” (Gen. 3:19). Três mil anos depois, o astrônomo britânico Martin Rees refinou o raciocínio. Diante da descoberta de que todos os átomos mais complexos que o hidrogênio e o hélio foram forjados no interior de estrelas, ele escreveu que “somos todos, literalmente, cinzas de estrelas mortas há muito tempo”. Logo, nós somos o chão. Nós somos as estrelas. Somos o espaço e o tempo. E a vida consciente talvez seja o Universo se olhando no espelho, e descobrindo que ele próprio é um indivíduo. —— VEJA TAMBÉM: Rachaduras nas paredes do Universo

A Fascinante Evolução do Olho

Trevor D. Lamb O olho humano é um órgão extremamente complexo; atua como uma câmera, coletando, focando luz e convertendo a luz em um sinal elétrico traduzido em imagens pelo cérebro. Mas, em vez de um filme fotográfico, o que existe aqui é uma retina altamente especializada que detecta e processa os sinais usando dezenas de tipos de neurônios. O olho humano é tão complexo que sua origem provoca discussão entre criacionistas e defensores do desenho inteligente, que o têm como exemplo básico do que chamam de complexidade irredutível: um sistema que não funciona na ausência de quaisquer de seus componentes e, portanto, não poderia ter evoluído naturalmente de uma forma mais primitiva. Mesmo Charles Darwin admitiu em A origem das espécies, de 1859 – que detalha a teoria da evolução pela seleção natural –, que pode parecer absurdo pensar que a estrutura ocular se desenvolveu por seleção natural. No entanto, apesar da falta de evidências de formas intermediárias naquele momento, Darwin acreditava que o olho evoluíra dessa maneira. Não foi fácil encontrar uma evidência direta para essa teoria. Embora pesquisadores que estudam a evolução do esqueleto possam documentar facilmente a metamorfose em registros fósseis, estruturas de tecidos moles raramente fossilizam. E mesmo quando isso ocorre, os fósseis não preservam detalhes suficientes para determinar como as estruturas evoluíram. Ainda assim, recentemente biólogos fizeram avanços significativos no estudo da origem do olho, observando a formação em embriões em desenvolvimento e comparando a estrutura e os genes de várias espécies para determinar quando surgem os caracteres essenciais. Os resultados indicam que o tipo de olho comum entre os vertebrados se formou há menos de 100 milhões de anos, evoluindo de um simples sensor de luz para ritmos circadianos e sazonais, há cerca de 600 milhões de anos, até chegar ao órgão sofisticado de hoje, em termos ópticos e neurológicos, há 500 milhões de anos. Mais de 150 anos após Darwin ter publicado sua teoria revolucionária, essas descobertas sepultam a tese da complexidade irredutível e apoiam a teoria da evolução. Explicam ainda porque o olho, longe de ser uma peça de maquinaria criada à perfeição, exibe falhas evidentes – “cicatrizes” da evolução. A seleção natural não leva à perfeição; ela lida com o material disponível, às vezes, com efeitos estranhos. Para entender a origem do olho humano é preciso conhecer eventos ocorridos há muito tempo. Nós, seres humanos, temos uma linha ininterrupta de ancestrais que remonta a quase 4 bilhões de anos até o início da vida na Terra. Cerca de 1 bilhão de anos atrás, animais multicelulares simples se separaram em dois grupos: um com estrutura de simetria radial (parte superior e inferior, mas não anterior e posterior), e outro de simetria bilateral, com os lados direito e esquerdo espelhando imagens do outro lado, terminando em uma cabeça. Após cerca de 600 milhões de anos, os bilaterais se dividiram em dois grupos importantes: um deu origem à grande maioria dos animais sem coluna vertebral, os invertebrados; e outro, cujos descendentes incluem nossa própria linhagem de vertebrados. Logo após essas duas linhagens se separarem, ocorreu uma incrível diversidade de estruturas animais: a explosão cambriana que deixou sua famosa marca nos registros fósseis de 540 a 490 milhões de anos atrás. Essa explosão evolutiva lançou a base para a origem de nossos tão complexos olhos. COMPOSTO VERSUS CÂMERA o registro fóssil revela que durante a explosão cambriana surgiram basicamente dois tipos diferentes de olhos. O primeiro parece ter sido composto da versão observada atualmente em quase todos artrópodes (insetos, crustáceos e aracnídeos). Nesse tipo de olho, uma série de unidades idênticas de geração de imagens – cada uma constitui uma lente ou um refletor – irradia luz para alguns elementos sensíveis a ela, denominados fotorreceptores. Os olhos compostos são muito eficazes para animais de pequeno porte, pois oferecem um amplo ângulo de visão e resolução espacial moderada em volume pequeno. No Cambriano, essa acuidade visual pode ter dado aos trilobitas e a outros artrópodes primitivos uma vantagem de sobrevivência sobre seus contemporâneos. No entanto, olhos compostos são impraticáveis em animais maiores, pois o olho teria de ser enorme para proporcionar visão em alta resolução. Assim, com o aumento do tamanho do corpo, também aumentaram as pressões seletivas favorecendo a evolução do olho tipo câmera. Nos olhos tipo câmera, todos os fotorreceptores compartilham uma única lente que foca a luz e estão dispostos como uma lâmina (a retina) que reveste a superfície interna da parede ocular. Moluscos têm olhos tipo câmera que lembram os nossos, mas seus fotorreceptores são idênticos ao encontrado em insetos. Os vertebrados apresentam um tipo diferente de fotorreceptores, que nos mandibulados (inclusive nós) ocorrem em duas modalidades: cones para a visão diurna e bastonetes para a visão noturna. Há muitos anos, Edward N. Pugh Jr., na época na University of Pennsylvania, e Shaun P. Collin, então na University of Queensland, Austrália, e eu formamos uma equipe para tentar descobrir como os diversos tipos de fotorreceptores poderiam ter evoluído. O que constatamos foi além da resposta a essa questão, fornecendo um cenário convincente para a origem do olho dos vertebrados. Como outros biólogos antes de nós, Pugh, Collin e eu observamos que muitas características marcantes do olho dos vertebrados também ocorrem em todos os representantes atuais de um ramo principal da árvore dos vertebrados: a dos vertebrados mandibulados. Esse padrão sugere que os vertebrados com mandíbulas herdaram os caracteres de um ancestral comum e que nosso olho já evoluíra por volta de 420 milhões de anos quando os primeiros vertebrados mandibulados (que provavelmente se assemelhavam aos modernos peixes cartilaginosos, como os tubarões) patrulhavam os mares. Concluímos então que nosso olho tipo câmera e seus fotorreceptores devem ter raízes ainda mais profundas e voltamos a atenção para os vertebrados sem mandíbulas, com quem compartilhamos um ancestral comum há cerca de 500 milhões de anos. Queríamos examinar a anatomia desse animal em detalhe e assim decidimos observar um dos poucos animais modernos desse grupo: a lampreia, peixe semelhante à enguia, com boca em forma de funil estruturada para sugar em vez de morder. Acontece que esse peixe também tem um olho tipo câmera completo, com cristalino, íris e músculos oculares. A retina da lampreia chega a ter uma estrutura em três camadas como a nossa e suas células fotorreceptoras se assemelham bastante aos nossos cones, embora não pareçam ter desenvolvido bastonetes mais sensíveis. Além disso, os genes que regulam muitos aspectos da detecção da luz, do processamento neural e do desenvolvimento do olho são os mesmos que comandam esses processos em vertebrados com mandíbulas. Essas semelhanças surpreendentes com o olho de vertebrados mandibulados são numerosas demais para terem surgido de forma independente. Um olho essencialmente idêntico ao nosso deve ter existido no ancestral comum dos vertebrados com ou sem mandíbulas há 500 milhões de anos. Nesse ponto, meus colegas e eu não conseguimos deixar de questionar se poderíamos rastrear a origem do olho e de seus fotorreceptores ainda mais longe. Infelizmente, na próxima faixa a ser estudada pela lógica, não há representantes vivos das linhagens que se separaram da nossa nos últimos 50 milhões de anos, mas encontramos indícios no olho de um animal enigmático conhecido popularmente como peixe-bruxa. Como a lampreia, seu parente próximo, ele tem a forma de uma enguia, sem mandíbulas. Costuma viver no leito oceânico, onde se alimenta de crustáceos e de carcaças de outros animais marinhos. Quando ameaçado, libera um muco extremamente viscoso. Embora esse peixe seja um vertebrado, o olho é bem diferente do modelo comum: não apresenta córnea, íris, cristalino nem todos os músculos de apoio. A retina tem apenas duas camadas de células em vez de três. Além disso, os olhos ficam encaixados profundamente sob uma área de pele translúcida. Observações no comportamento do peixe-bruxa sugerem que seja praticamente cego, localizando o alimento pelo olfato aguçado. Esses animais compartilham um ancestral com as lampreias, que talvez tenham tido um olho tipo câmera. Assim, o olho do peixe-bruxa deve ter se degenerado dessa forma mais avançada; é isso que a existência desse estado mais precário revela. Tomando o exemplo dos peixes cegos em cavernas, sabemos que os olhos podem sofrer degeneração significativa e até mesmo podem ser perdidos completamente em menos de dez mil anos. Mas o olho desse peixe manteve-se igual por centenas de milhões de anos. A persistência sugere que embora o animal não use o olho para enxergar nas profundezas do oceano escuro, o órgão é essencial para a sobrevivência. A descoberta gera outras implicações. O olho do peixebruxa pode ter permanecido nesse estado rudimentar devido a uma falha no desenvolvimento; assim, sua estrutura atual representaria a arquitetura de um estágio evolutivo anterior. Ao observar melhor a retina do animal podem surgir suposições sobre o papel do olho. Na retina normal, de três camadas dos vertebrados, as células da camada média, conhecidas como bipolares, processam informações dos fotorreceptores e transmitem os resultados para os neurônios de saída, cujos sinais viajam até o cérebro para interpretação. Mas a retina de duas camadas do peixe-bruxa carece de células bipolares intermediárias, ou seja, os fotorreceptores conectam-se diretamente com os neurônios de saída. Nesse sentido, o sistema nervoso da retina do peixe-bruxa assemelha-se ao da glândula pineal − pequeno corpo secretor de hormônios do cérebro de vertebrados. A glândula pineal modula o ritmo circadiano e, nos vertebrados não mamíferos, contém células fotorreceptoras que se conectam diretamente com os neurônios de saída, sem células intermediárias; em mamíferos, essas células perderam a capacidade de detectar luz. Em 2007, parcialmente fundamentados por esse paralelo com a glândula pineal, meus colaboradores e eu propusemos que o olho do peixe-bruxa não está envolvido na visão, mas fornece informações à parte do cérebro do animal que regula o essencial ritmo circadiano, além de atividades sazonais como alimentação e reprodução. Assim, talvez, o olho ancestral dos protovertebrados que viveram entre 550 milhões ou 500 milhões de anos, primeiro serviu como um órgão não visual, e só mais tarde o poder de processamento neural e os componentes ópticos e motores necessários para a visão espacial evoluíram. Estudos de desenvolvimento embriológico do olho dos vertebrados apoiam essa hipótese. Quando a lampreia está na fase larval, vive em leito de riachos e é cega. Nesse estágio de vida, o olho assemelha-se ao do peixe-bruxa, com estrutura simples, soba pele. Quando a larva sofre metamorfose, o olho rudimentar cresce substancialmente, desenvolve uma retina de três camadas, cristalino, córnea e músculos de apoio. Depois, o órgão emerge na superfície como o olho tipo câmera dos vertebrados mandibulados. Muitos aspectos do desenvolvimento de um indivíduo espelham eventos que ocorreram durante a evolução de seus antepassados, assim podemos, com cautela, usar o desenvolvimento do olho da lampreia para relatar a nossa reconstrução de como o olho evoluiu. Cicatrizes da Evolução - O olho dos vertebrados, longe de ser concebido de forma inteligente, contém inúmeros defeitos que atestam a sua origem evolutiva. Entre os defeitos que degradam a qualidade da imagem, estão uma retina invertida, que força a luz a atravessar corpos celulares e fibras nervosas antes de atingir os fotorreceptores 1 ; vasos sanguíneos que se espalham pela superfície interna da retina, provocando sombras indesejadas 2 ; fibras nervosas que se juntam, projetam-se numa abertura única na retina e viram o nervo óptico, criando um ponto cego 3 . O sistema ocular dos mamíferos também apresenta indícios intrigantes de sua origem evolutiva durante o desenvolvimento embrionário. Benjamin E. Reese e seus colaboradores da University of California em Santa Barbara constataram que os circuitos da retina de mamíferos começam um pouco como o dos peixes-bruxa, , com os fotorreceptores conectando-se diretamente com os neurônios de saída. Então, em um período de semanas, as células bipolares amadurecem e se inserem entre os fotorreceptores e os neurônios de saída. Essa sequência é exatamente o padrão de desenvolvimento esperado para confirmar se a retina de vertebrados evoluiu de um órgão de duas camadas, acrescentando poder de processamento e componentes de formação de imagens. Portanto, parece perfeitamente plausível que esse estágio inicial e simples de desenvolvimento representa o resquício de um período de evolução anterior à criação do circuito de células bipolares na retina e antes do surgimento do cristalino, córnea e músculos . ASCENSÃO DOS RECEPTORES enquanto estudávamos o desenvolvimento das três camadas da retina, surgiu outra questão relativa à evolução do olho. As células fotorreceptoras em todo o reino animal se distribuem em duas categorias distintas: rabdoméricas e ciliares. Até recentemente, muitos cientistas acreditavam que os invertebrados usavam as rabdoméricas, enquanto vertebrados usavam as ciliares, mas, na verdade, a questão é mais complexa. Na grande maioria dos organismos, os fotorreceptores ciliares são responsáveis pela detecção de luz para fins não visuais, como regular o ritmo circadiano, por exemplo. Em contraste, os receptores rabdoméricos detectam a luz com o propósito explícito de permitir a visão. Tanto os olhos compostos dos artrópodes quanto os olhos tipo câmera dos moluscos – como os do polvo, que evoluíram de forma independente dos olhos tipo câmera dos vertebrados – usam fotorreceptores rabdoméricos. Mas o olho dos vertebrados usa fotorreceptores ciliares para detectar a luz para a visão. Em 2003, Detlev Arendt, do Laboratório Europeu de Biologia Molecular em Heidelberg, na Alemanha, relatou evidências de que o nosso olho ainda retém descendentes dos fotorreceptores rabdoméricos, que foram modificados para formar os neurônios de saída que enviam informações da retina para o cérebro. Essa descoberta indica que a nossa retina contém os descendentes das duas classes de fotorreceptores: as ciliares, originalmente fotorreceptoras, e as rabdoméricas, transformadas em neurônios de saída. A evolução funciona exatamente assim, pressionando uma estrutura existente para um novo propósito; a descoberta de que os fotorreceptoras ciliares e rabdoméricos desempenham papéis diferentes em nosso olho em comparação com os olhos de invertebrados acrescenta ainda mais peso à evidência de que o olho dos vertebrados foi construído num processo natural. Para tentar entender por que os fotorreceptores ciliares triunfaram como sensores de luz na retina de vertebrados, enquanto a classe rabdomérica evoluiu para neurônios de projeção, analisei as propriedades de seus respectivos pigmentos sensíveis à luz, as rodopsinas, assim denominadas devido à molécula da proteína opsina que contêm. Em 2004, Yoshinori Shichida e seus colegas da Universidade de Kyoto, no Japão, mostraram que bem no início da evolução dos pigmentos visuais de vertebrados, ocorreu uma mudança que tornou a forma do pigmento ativada pela luz mais estável e, portanto, mais ativa. Postulei que essa mudança também bloqueou a rota de reconversão da rodopsina ativada de volta à sua forma inativa, que no caso de rodopsinas rabdoméricas requer a absorção de um segundo fóton de luz; basicamente, uma via bioquímica foi necessária para recolocar a molécula em alerta para o sinal de luz. Assim que esses dois elementos foram colocados na devida proporção, eu supus que os fotorreceptores ciliares tiveram uma vantagem distinta sobre os fotorreceptores rabdoméricos em ambientes como o oceano profundo, onde os níveis de luz são muito baixos. Então, alguns cordados primitivos (ancestrais dos vertebrados) podem ter conseguido colonizar nichos ecológicos inacessíveis a animais que dependiam de fotorreceptores rabdoméricos – não porque a opsina ciliar melhorada garantia mais visão, mas por propiciar um modo melhorado de sentir a luz, permitindo que os relógios sazonais e circadianos tenham noção de tempo. Para esses cordados primitivos, habitantes de reinos mais escuros, os fotorreceptores rabdoméricos menos sensíveis e que dispunham, junto com os ciliares, teriam sido virtualmente inúteis e assim estariam livres para assumir um novo papel: de neurônios transmissores de sinais ao cérebro. (Nesse ponto, eles não precisavam mais de opsinas, e a seleção natural as teria eliminado dessas células.) NASCE UM OLHO Agora que os meus colegas e eu tínhamos ideia de como os componentes da retina dos vertebrados se originaram, quisemos entender como, há cerca de 500 milhões de anos, o olho evoluiu de um órgão sensor de luz não visual para esse que forma imagens. Novamente encontramos indícios em embriões em desenvolvimento. No início do desenvolvimento, a estrutura neural que dá origem ao olho se projeta em um dos lados formando dois sacos ou vesículas. Depois, as vesículas se dobram, formando uma retina em forma de C que reveste o interior do olho. Provavelmente a evolução prosseguiu de forma bem semelhante. Nossa hipótese é que um proto-olho deste tipo – com uma retina em forma de C, de duas camadas, composta de fotorreceptores ciliares no exterior e neurônios de saída oriundos de fotorreceptores rabdoméricos no interior – evoluiu em um ancestral de vertebrados entre 550 e 500 milhões de anos. Ele serviu como propulsor de um relógio interno, e talvez para ajudá-lo a detectar sombras orientar o organismo de modo apropriado. Na etapa seguinte do desenvolvimento embrionário, enquanto a retina dobra-se para o interior, forma-se o cristalino, oriundo de um espessamento da superfície externa do embrião, ou ectoderma, que protrai no espaço curvo vazio formado pela retina em forma de C. Por fim, essa protrusão se separa do resto do ectoderma, tornando-se um elemento de livre flutuação. Parece provável que uma sequência de transformações muito semelhantes ocorreu durante a evolução. Não sabemos exatamente quando aconteceu, mas em 1994, cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, mostraram que os componentes ópticos do olho podem ter evoluído facilmente em 1 milhão de anos. Com o surgimento do cristalino para captar a luz e focar imagens, a capacidade de o olho coletar informações melhorou muito. Esse progresso teria criado pressões seletivas favorecendo o surgimento de processamento de sinal melhorado na retina além do que a simples ligação de fotorreceptores para neurônios de saída oferecia. A evolução satisfez essa necessidade, modificando o processo de maturação das células para que algumas células em desenvolvimento em vez de formar fotorreceptores ciliares se tornassem células bipolares da retina que se inserem entre a camada de fotorreceptores e a de neurônios de saída. É por isso que as células bipolares da retina são tão semelhantes aos bastonetes e cones, embora não tenham rodopsina e recebam a entrada não da luz, mas da substância química liberada pelos fotorreceptores. Embora os olhos tipo câmera proporcionem um amplo campo de visão (basicamente em torno de 180 graus), na prática nosso cérebro consegue processar apenas uma fração da informação disponível a qualquer momento devido ao número limitado de fibras nervosas que ligam o olho ao cérebro. Sem dúvida, os olhos tipo câmera primitivos enfrentaram uma limitação ainda mais séria, pois se supõe que tivessem ainda menos fibras nervosas. Assim, houve pressão seletiva considerável para a evolução dos músculos para movimentarem os olhos. Esses músculos deviam existir há 500 milhões de anos, porque a estrutura deles na lampreia, cuja linhagem remonta a essa época, é quase idêntica à dos vertebrados mandibulados , inclusive nós, seres humanos. Para todos os aspectos engenhosos da evolução ocorridas dentro do olho dos vertebrados, há vários caracteres decididamente deselegantes. Por exemplo, a retina está invertida, então a luz tem de passar por toda a sua espessura, através das fibras nervosas intermediárias e corpos celulares que dispersam a luz e degradam a qualidade da imagem, antes de atingir os fotorreceptores sensíveis à luz. Os vasos sanguíneos também cobrem a superfície interna da retina e lançam sombras indesejáveis na camada de fotorreceptores. A retina tem um ponto cego onde fibras nervosas que passam por toda a sua superfície se reúnem antes de canalizar pela retina e surgir por trás dela como nervo óptico. E a lista vai longe.

Refutando a Bíblia

“O ÊXODO NÃO EXISTIU”, diz o arqueólogo Israel Finkelstein. TEL AVIV. – Israel Finkelstein é um homem de sorte: mesmo que seus trabalhos de arqueologia questionem a origem divina dos primeiros livros do Antigo Testamento, judeus e católicos acolhem suas hipóteses com autêntico interesse e, curiosamente, não o estigmatizam. Este “enfant terrible” da ciência revolucionou a nova arqueologia bíblica quando afirmou que a saga histórica relatada nos cinco livros que formam o Pentateuco dos cristãos e a Torá dos judeus não responde a nenhuma revelação divina. Disse que, pelo contrário, essa gestação é um brilhante produto da imaginação humana e que muitos de seus episódios nunca existiram. El Pentateuco “é uma genial reconstrução literária e política da gênesis do povo judeu, realizada 1500 anos depois do que sempre acreditamos”, afirma Finkelstein, de 57 anos, diretor do Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv. Acrescenta que esses textos bíblicos são uma compilação iniciada durante a monarquia de Josias, rei de Judá, no século VII AEC. Naquela época, esse reino israelita do Sul começou a emergir como uma potência regional, em uma época em que Israel (reino israelita do Norte) tinha caído sob o controle do império assírio. O objetivo principal dessa obra era criação de uma nação unificada que pudesse basear-se em uma nova religião. O projeto, que marcou o nascimento da ideia monoteísta, era formar um só povo judeu, guiado por um só Deus, governado por um só rei, com uma só capital, Jerusalém, e um só templo, o de Salomão. Em suas obras, que têm marcado as novas gerações da escola de arqueologia bíblica, Finkelstein estabelece uma coerência entre os cinco livros do Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Os séculos nos trouxeram estes episódios relatam a criação do homem, a vida do patriarca Abraão e sua família - fundadora da nação judaica - o êxodo do Egito, a instalação na terra prometida e a época dos Reis. De acordo com Finkelstein, essas histórias foram embelezadas para servir ao projeto do rei Josias de reconciliar os dois reinos israelitas (Israel e Judá) e impor-se contra os grandes impérios regionais: Assíria, Egito e Mesopotâmia. O arqueólogo recebeu LA NACION na Universidade de Tel Aviv. - Durante mais de vinte séculos, os homens creram que Deus tinha ditado as Escrituras a certo número de sábios, profetas e grandes sacerdotes israelitas. - Assim é. Para as autoridades religiosas, judaicas e cristãs, Moisés era o autor do Pentateuco. Segundo o Deuteronômio, o profeta o escreveu pouco antes de sua morte, no monte Nebo. Os livros de Josué, dos Juízes e de Samuel eram arquivos sagrados, obtidos e conservados pelo profeta Samuel no santuário de Silo, os livros de Reis vinham da pena do profeta Jeremias. Davi era o autor dos Salmos e Salomão, o autor de Provérbios e do Cântico dos cânticos. Entretanto... Desde o século XVII, os estudiosos começaram a se perguntar sobre quem tinha escrito a Bíblia. Moisés foi a primeira vítima dos avanços da investigação científica, que levantou muitas contradições. Como é possível - perguntaram os especialistas - que tenha sido o autor do Pentateuco quando o Deuteronômio, o último dos cinco livros, descreve o momento e as circunstâncias de sua própria morte? - Você afirma que o Pentateuco foi escrito em uma idade muito mais recente. - A arqueologia moderna nos permite assegurar que o núcleo histórico do Pentateuco e da história deuteronômica foi composto durante o século VII antes de Cristo. O Pentateuco foi uma criação da monarquia tardia do reino de Judá, destinada a propagar a ideologia e as necessidades desse reino. Creio que a história deuteronômica foi compilada durante o reino de Josias, a fim de servir de fundamento ideológico às ambições políticas e reformas religiosas particulares. -Segundo a Bíblia, primeiro foi a viagem do patriarca Abraão, da Mesopotâmia a Canaã. O relato bíblico abunda em informações cronológicas precisas. - É verdade. A Bíblia fornece uma quantidade de informações que deveria permitir saber quando viveram os patriarcas. Nesse relato, a história do começo de Israel se desenvolve em sequências bem ordenadas: os Patriarcas, o Êxodo, a travessia do deserto, a conquista de Canaã, o reino dos Juízes e o estabelecimento da monarquia. Fazendo cálculos, Abraão deveria ter partido para Canaã uns 2100 anos antes de Cristo. - E não é assim? - Não. Em dois séculos de investigação científica, a busca pelos patriarcas nunca deu resultados positivos. A suposta migração para o Oeste de tribos provenientes da Mesopotâmia, com destino a Canaã, se revelou ilusória. A arqueologia conseguiu provar que nessa época não se produziu nenhum movimento massivo de população. O texto bíblico dá indícios que permitem precisar o momento da composição final do livro dos Patriarcas. Por exemplo, a história dos patriarcas está cheia de camelos. No entanto, a arqueologia revela que o dromedário foi domesticado somente quando acabava o segundo milênio anterior à era cristã, e que começou a ser usado como animal de carga no Oriente Médio muito tempo depois do ano 1000 AEC. A história de José diz que a caravana de camelos transportava “goma tragacanto, bálsamo e láudano”. Essa descrição corresponde ao comércio realizado pelos mercadores árabes sob o controle do império assírio nos séculos VIII e VII AEC. Outro fato anacrônico é a primeira aparição dos filisteus no relato, quando Isaque encontra Abimeleque, rei dos filisteus. Esses filisteus, grupo migratório proveniente do mar Egeu ou da Ásia Menor, se estabeleceram na planície costeira de Canaã a partir de 1200 AEC. Este e outros detalhes mostram que esses textos foram escritos entre os séculos VIII e VII AEC. - O heroísmo de Moisés frente à tirania do faraó, as dez pragas do Egito e o Êxodo massivo de israelitas para Canaã são alguns dos episódios mais dramáticos da Bíblia. Isso também é lenda? -Segundo a Bíblia, os descendentes do patriarca Jacó permaneceram 430 anos no Egito antes de iniciar o Êxodo para a terra Prometida, guiados por Moisés, a meados do século XV AEC. Outra possibilidade é que essa viagem tenha ocorrido séculos depois. Os textos sagrados afirmam que 600.000 hebreus cruzaram o Mar Vermelho e que erraram durante 40 anos pelo deserto antes de chegarem ao monte Sinai, onde Moisés selou a aliança de seu povo com Deus. No entanto, os arquivos egípcios, que registravam todos os acontecimentos administrativos do reino faraônico, não registraram nenhum rastro de uma presença judaica durante mais de quatro séculos em seu território. Também não existiam, nessas datas, muitos locais mencionados no relato. As cidades de Pitom e Ramsés, que teriam sido construídas pelos hebreus escravos antes de partir, não existiam no século XV AEC. O Êxodo, desde o ponto de vista científico, não resiste a qualquer análise. - Por quê? - Porque, desde o século XVI AEC, O Egito havia construído em toda a região uma série de fortes militares, perfeitamente administrados e equipados. Nada, desde o litoral oriental do Nilo até o mais distante dos povos de Canaã, escapava ao seu controle. Quase dois milhões de israelitas que tivessem fugido pelo deserto durante 40 anos deveriam ter chamado a atenção dessas tropas. No entanto, nem uma estela da época faz referência a essa gente. Tampouco existiram as grandes batalhas mencionadas nos textos sagrados. A orgulhosa Jericó, cujos muros se desmancharam com o soar das trombetas dos hebreus, não passava de um pobre casario. Tampouco existiam outros lugares célebres, como Bersheba ou Edom. Não havia nenhum rei em Edom para enfrentar os israelitas. Esses locais existiram, mas muito tempo depois do Êxodo, muito depois do surgimento do reino de Judá. Nem sequer há rastros deixados por essa gente em sua peregrinação de 40 anos. Temos sido capazes de encontrar rastros de minúsculos casarios de 40 ou 50 pessoas. A menos que essa multidão nunca tenha parado para dormir, comer ou descansar: não existe o menor indício de sua passagem pelo deserto. - Em resumo, os hebreus nunca conquistaram a Palestina. - Nunca. Porque já estavam ali. Os primeiros israelitas eram pastores nômadas de Canaã que se instalaram nas regiões montanhosas, no século XII AEC. Ali, umas 250 comunidades muito reduzidas viveram da agricultura, isoladas umas das outras, sem administração nem organização política. Todas as escavações na região exumaram vestígios de povoados com silos para cereais, mas também de currais rudimentares. Isto nos leva a pensar que esses indivíduos haviam sido nômadas que se converteram em agricultores. Mas esta foi a terceira onda de instalação sedentária registrada na região desde 3500 AEC. Esses povoadores passavam alternativamente do sedentarismo ao nomadismo pastoril com muita facilidade. - Por quê? - Esse tipo de flutuação era muito frequente no Oriente Médio. Os povos autóctones sempre souberam operar uma rápida transição da atividade agrícola à pastoril em função das condições políticas, econômicas ou climáticas. Neste caso, em épocas de nomadismo, esses grupos intercambiavam a carne de suas manadas por cereais com as ricas cidades cananeias do litoral. Mas quando estas eram vítimas de invasões, crises econômicas ou secas, esses pastores se viam forçados a procurar os grãos necessários para sua subsistência e se instalavam para cultivar nas colinas. Esse processo é o oposto do que relata a Bíblia: o surgimento de Israel foi o resultado, não a causa do colapso da cultura Cananeia. - Mas então, se esses primeiros israelitas eram também originários de Canaã, como identificá-los? - Os povos dispõem de todo tipo de meios para afirmar sua etnicidade: a língua, a religião, a indumentária, os ritos funerários, os tabus alimentares. E neste caso, a cultura material não apresenta nenhum indício revelador quanto a dialetos, ritos religiosos, formas de vestir ou de enterrar os mortos. Mas há um detalhe muito interessante sobre seus costumes alimentares: nunca, em nenhum povoado israelita, foram encontrados ossos de porco. Nessa época, os primeiros israelitas eram o único povo dessa região que não comia porco. - Qual é a razão? - Não sabemos. Talvez os proto-israelitas tenham deixado de comer porco porque seus adversários o fizessem em profusão e eles queriam ser diferentes. O monoteísmo, os relatos do Êxodo e a aliança estabelecida pelos hebreus com Deus fizeram sua aparição muito mais tarde na história, 500 anos depois. Quando os judeus atuais observam essa proibição, não fazem mais que perpetuar a prática mais antiga da cultura de seu povo verificada pela arqueologia. - No século X AEC, as tribos de Israel formaram uma monarquia unificada - o reino de Judá – sob a égide do rei Davi. Davi e seu filho, Salomão, serviram de modelo às monarquias do Ocidente. Tampouco eles foram o que sempre se acreditou? - Nem mesmo neste caso a arqueologia tem sido capaz de encontrar provas do império que nos relata a Bíblia: nem nos arquivos egípcios nem no subsolo palestino. Davi, sucessor do primeiro rei, Saul, provavelmente existiu entre 1010 e 970 AEC. Uma única estela encontrada no santuário de Tel Dan, no norte da Palestina, menciona “a casa de Davi”. Mas nada indica que se trate do conquistador que evocam as Escrituras, capaz de derrotar Golias. É improvável que Davi tenha sido capaz de conquistas militares a mais de um dia de marcha de Judá. A Jerusalém de então, escolhida pelo soberano como sua capital, era um pequeno povoado, rodeado de aldeias pouco habitadas. Onde o mais carismático dos reis, teria conseguido recrutar soldados e reunir o armamento necessário para conquistar e conservar um império que se estendia desde o Mar Vermelho, ao Sul, até a Síria, ao Norte? Salomão, construtor do Templo e do palácio de Samaria, provavelmente tampouco tenha sido o personagem glorioso que nos legou a Bíblia. - E de onde saíram seus fabulosos estábulos para 400.000 cavalos, cujos vestígios se encontraram? - Foram fazendas instaladas no sul do reino de Israel várias décadas mais tarde. Com a morte de Salomão ao redor de 933 AEC, as tribos do norte da Palestina se separaram do reino unificado de Judá e constituíram o reino de Israel. Um reino que, contrariamente ao que afirma a Bíblia, se desenvolveu rápido, econômica e politicamente. Os textos sagrados nos descrevem as tribos do Norte como bandos de fracassados e pusilânimes, inclinados ao pecado e à idolatria. No entanto, a arqueologia nos dá boas razões para crer que, das duas entidades existentes, a meridional (Judá) foi sempre mais pobre, menos povoada, mais rústica e menos influente. Até o dia em que alcançou uma prosperidade espetacular. Isto se produziu depois da queda do reino de Israel, ocupado pelo poderoso império assírio, que não só deportou os israelitas para a Babilônia, como também instalou sua própria gente nessas férteis terras. - Foi, então, durante o reino de Josias em Judá quando surgiu a ideia desse texto que se transformaria em fundamento de nossa civilização ocidental e origem do monoteísmo? - Até o final do século VII AEC havia em Judá uma efervescência espiritual sem precedentes e uma intensa agitação política. Uma coalizão heterogênea de funcionários da corte seria a responsável pela confecção de uma saga épica composta por uma coleção de relatos históricos, memórias, lendas, contos populares, histórias, profecias e poemas antigos. Essa obra mestra da literatura - metade composição original, metade adaptação de versões anteriores - passou por ajustes e melhoras antes de servir de fundamento espiritual aos descendentes do povo de Judá e a inumeráveis comunidades em todo o mundo. - O núcleo do Pentateuco foi concebido, então, quinze séculos depois do que acreditávamos. Só por razões políticas? Com o fim de unificar os dois reinos israelitas? - O objetivo foi religioso. Os dirigentes de Jerusalém lançaram um anátema contra a mínima expressão de veneração de divindades estrangeiras, acusadas de ser a origem dos infortúnios que padecia o povo judeu. Colocaram em marcha uma campanha de purificação religiosa, ordenando a destruição dos santuários locais. A partir desse momento, o templo que dominava Jerusalém devia ser reconhecido como único local de culto legítimo pelo conjunto do povo de Israel. O monoteísmo moderno nasceu dessa inovação. Fonte: Entrevista realizada por Luisa Corradini para o diário LA NACIÓN a Finkelstein. Publicada el 25 de Janeiro de 2006.

Oito Falácias que Contribuem para a Anticiência.

Por George Dvorsky Publicado na Io9 Hoje, mais do que nunca, precisamos de ciência. Infelizmente, muitas pessoas pensam que é difícil obter informações precisas sobre o método científico e suas realizações. O problema é que muitos dos argumentos utilizados para desprestigiar ou refutar as descobertas científicas (ou o próprio método científico) estão repletos de erros lógicos. Por esta razão, selecionei oito das falácias anticientíficas mais comuns: 1. Falsa equivalência Somos uma plataforma dedicada ao conhecimento que só poderá continuar a existir graças a sua comunidade de apoiadores. Saiba como ajudar. Não há dúvida de que a informação equilibrada é importante, mas isso não significa que cada perspectiva única sobre um tema polêmico tenha uma contraparte que mereça igual consideração. Essa é a falácia de falsa equivalência, a afirmação de que há uma equivalência lógica entre dois argumentos opostos quando não há nenhuma. Esse é um erro que acontece quando os jornalistas tratam de proporcionar um debate “justo” entre um ponto de vista científico e outro negacionista (como o debate entre Bill Nye e Ken Ham). Com demasiada frequência, contudo, o lado dissidente carece de evidências, ou apresenta evidência de má ou duvidosa qualidade. Na verdade, os dois lados de um argumento nem sempre são iguais em termos de qualidade e evidências. 2. Recurso da natureza Um dos argumentos mais utilizados para atacar os cientistas e os seus trabalhos é o apelo à natureza e a falácia naturalista. A primeira é a crença de que o que é natural é “bom”, enquanto que a falácia naturalista implica que “o que tiver que ser, será”. Ambas argumentam que o progresso da ciência e tecnologia representa uma ameaça para a ordem natural das coisas. É uma linha de argumentação que elogia a salubridade inerente de todas as coisas naturais, denunciando a insalubridade de todas as coisas não naturais. 3. Observação seletiva Muitos críticos da ciência deliberadamente (e, às vezes, inconscientemente) selecionam e compartilham informações que servem apenas para bombardear problemas específicos da ciência, sem levar em conta as informações que trabalham para apoiar essas hipóteses. Por exemplo: “O meu avô fumava e comia mal, e nunca adoeceu” (aqui inclui-se outra falácia: as estatísticas mostram números pequenos). Ou para indicar circunstâncias favoráveis, dispensando ou ignorando as situações desfavoráveis (ou vice-versa). 4. Apelar a fé “Não estou interessado em evidência, apenas tenho fé que o que creio está certo”. “Discutir acerca da existência de Deus é inútil, porque Deus está além dos argumentos ou razões científicas”. “Nego-me a crer no aquecimento global, porque tenho fé de que Deus não permitirá que algo de ruim aconteça”. Soa familiar? Essas frases são repetidas por pessoas que apelam à fé para fazer um argumento, uma falácia em que as convicções religiosas confundem-se com a evidência e a razão. Enquanto que muitas dessas pessoas pensam que estão agindo racionalmente, a verdade é que a escolha de crer em algo não é um substituto para a ciência. 5. Deus das lacunas A ciência não tem todas as respostas (nem pretende tê-las). Embora aceitemos o fato de que não sabemos como funciona a consciência, o que causou (caso exista uma “causa primordial”) o Big Bang, entre outras coisas. Isso não significa que esses problemas sejam insolúveis; é bem possível que encontremos soluções nos próximos dias ou décadas. Enquanto isso, é importante reunir evidências, propor novas hipóteses e assumir uma ontologia materialista (isto é, a ideia de que todo fenômeno pode ser explicado sem recorrer as ações de uma força divina). Infelizmente, há uma tendência entre os negacionistas da ciência que tentam preencher as lacunas do conhecimento com explicações de agentes sobrenaturais. Por exemplo, os criacionistas argumentam que a seleção natural não pode explicar adequadamente a complexidade, a diversidade e o aparente design da vida na Terra. Do mesmo modo, nos fenômenos neurológicos, tais como as experiências de quase-morte, atribui-se explicações de agentes sobrenaturais, enquanto existem explicações mais prováveis e plausíveis. 6. O uso das consequências Apelar às consequências pode ser visto como uma espécie de princípio de precaução, uma medida cautelar para evitar atividades ou esforços científicos que representem ameaças ao ambiente ou à saúde. Em muitos casos, no entanto, os anticientíficos tecem os limites de seus discursos com supostas consequências filosóficas e morais. Por exemplo, há o medo de que a teoria da evolução dê lugar a um genocídio, ou levar à conclusão de que os seres humanos são melhores do que os outros animais (isto é, a negação da excepcionalidade humana). Uma outra preocupação é a de que o ateísmo e o materialismo conduziram a uma vida imoral. Claramente, algumas vias de investigação científica são mais perigosas do que outras, mas não é o método científico (ou os cientistas) que tem culpa, mas, sim, como podemos adaptar-nos aos conhecimentos recém descobertos. 7. Retenção de consentimento “É só uma teoria!” Não, não é só uma teoria. Os princípios científicos como a seleção natural e a relatividade geral são teorias, mas chega um momento em que essas explicações ou modelos tornam-se tão instrutivas e úteis que se equiparam com o nível de axiomas (uma afirmação ou proposta que está aceita, estabelecida, ou que é evidentemente certa). Isso não significa que devemos abandonar o ceticismo científico, mas, sim, que é importante reconhecer a importância e utilidade das teorias, e não em desacreditá-las quando nos parecem inconvenientes. 8. Brincando de Deus Não é uma falácia lógica, mas, sim, um erro de pensamento: a ideia de que a humanidade não deve pisar no que é, tradicionalmente, conhecido como o domínio de Deus, e que, ao fazê-lo, estaríamos sendo arrogantes ou imprudentes. A preocupação é o fato de que estamos participando de atividades que estão além da nossa compreensão e controle, e que podem irrevogavelmente estragar as coisas. Mesmo correndo o risco de enfurecer a Deus nesse processo. Afirmações contra a ideia de “brincar de Deus” são utilizadas na questão do aborto, do controle de natalidade, da eutanásia voluntária, da engenharia genética e embrionária, e da colheita de células estaminais. Nota do Tradutor [1] Criacionistas, que são defensores do mito da criação bíblica, tentam colocar suas ideias em pé de igualdade com a teoria sintética da evolução, como se fossem ideias equivalentes. No entanto, o criacionismo ocupa o rol de pseudociências por suas afirmações falsas (p.ex., a origem do universo e da vida) e falhas preditivas (p.ex., as profecias pré e pós-apocalípticas), enquanto que a teoria da evolução está fundamentada em evidências que, com o auxílio de modelos que visam representar entidades materiais da realidade (p.ex., os ecossistemas e os seus componentes), explicam a diversidade da vida na Terra e a evolução humana. [2] O sujeito que faz uso desse tipo de argumento ignora que nem tudo que é natural é bom, como, por exemplo, bactérias, vírus ou venenos de animais e insetos. [3] Hoje, apesar dos avanços em biomedicina, as pessoas tendem a rechaçar as vacinas olhando para casos isolados que não tiveram estudos adequados, e ignorando revisões sistemáticas altamente rigorosas sobre a eficácia das vacinas. [4] O apelo à fé pode ser prejudicial na área da saúde. Convém recordamos do dogma anticientífico das testemunhas de Jeová, que acreditam que a transfusão de sangue compromete a pureza do sangue, e, por esta razão, acabam rechaçando o tratamento por causa de suas convicções fideístas sobre a vontade de Deus. Em consequência, as atitudes das testemunhas de Jeová acabam colocando a vida de seus familiares em risco e gerando empecilhos éticos sobre a atividade médica. [5] (a) A ontologia das ciências fáticas (p.ex., astronomia, biologia, física, história, neurociência, psicologia, química, sociologia, etc.) é materialista, porque elas lidam com entes materiais (campos, cérebros, indústrias, partículas, pessoas, sociedades); (b) não faz sentido afirmar que a ciência pretende responder todas as perguntas, porque muitas perguntas podem estar mal formuladas, outras podem ter surgido em decorrência de hipóteses que eram aceitadas em um dado período histórico (p.ex., “qual é a natureza do éter?”, ou “como o espírito interage com o cérebro?”) e outras que podem ter surgido através de investigações mal conduzidas (p.ex., “como o cérebro consegue mover objetos?”); (c) hoje, a partir do grande estudo da AWARE, sabemos que a consciência pode estar presente, apesar de ser clinicamente indetectável em um nível baixíssimo, em pacientes declarados clinicamente mortos (morte cerebral) que alegam terem voltado à vida, o que explica suas autodeclaradas experiências religiosas como alucinações provocadas pela falta de oxigênio e outras lesões no cérebro. [6] O medo de que a teoria da evolução dará lugar a um genocídio, assim como aconteceu nos Estados Unidos e na Alemanha nazista, reside na confusão entre a ciência e pseudociência. [7] As teorias visam explicar os fatos entre os entes materiais da realidade (p.ex., o mecanismo de evolução das espécies, ou a emergência da consciência no cérebro humano, entre outros fatos das quais seus referentes os designam), e não em criar explicações fantasiosas para coisas que não conhecemos. [8] O transhumanismo, que é o movimento que visa aplicar a ciência e tecnologia para aumentar a capacidade cognitiva e física de seres humanos, vem sofrendo com o ataque conservador por considerar a prática como herética.

A Bíblia é um Manual de Maus Costumes

Valter Moraes A Bíblia: "Por José Saramago " “A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”. “A Bíblia passou mil anos, dezenas de gerações, a ser escrita, mas sempre sob a dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável. É uma loucura!”. Não existe nada de divino na Bíblia, nem no Corão. “O Corão, que foi escrito só em 30 anos, é a mesma coisa. Imaginar que o Corão e a Bíblia são de inspiração divina? Francamente! Como? Que canal de comunicação tinham Maomé ou os redactores da Bíblia com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que deviam escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos!” Saramago sublinhou que “as guerras de religião estão na História, sabemos a tragédia que foram”. E considerou que as Cruzadas são um crime do Cristianismo, porque morreram milhares e milhares de pessoas, culpados e inocentes, ao abrigo da palavra de ordem "Deus o quer", tal como acontece hoje com a Jihad (Guerra Santa). Saramago lamenta que todo esse “horror” tenha feito em nome de “um Deus que não existe, nunca ninguém o viu”. “O teólogo Hans Kung disse sobre isto uma frase que considero definitiva, que as religiões nunca serviram para aproximar os seres humanos uns dos outros. Só isto basta para acabar com isso de Deus”, afirmou. O escritor criticou também o conceito de inferno: "No Catolicismo os pecados são castigados com o inferno eterno. Isto é completamente idiota!”. “Nós, os humanos somos muito mais misericordiosos. Quando alguém comete um delito vai cinco, dez ou 15 anos para a prisão e depois é reintegrado na sociedade, se quer”, disse. “Mas há coisas muito mais idiotas, por exemplo: antes, na criação do Universo, Deus não fez nada. Depois, decidiu criar o Universo, não se sabe porquê, nem para quê. Fê-lo em seis dias, apenas seis dias. Descansou ao sétimo. Até hoje! Nunca mais fez nada! Isto tem algum sentido?”, perguntou. “Deus só existe na nossa cabeça, é o único lugar em que nós podemos confrontar-nos com a ideia de Deus. É isso que tenho feito, na parte que me toca”.

O Mito de Jesus Cristo

A teoria do mito de Cristo (também conhecido como Jesus mítico ou a hipótese da inexistência de Jesus) é a ideia de que Jesus de Nazaré não era uma pessoa histórica, mas sim um personagem fictício ou mitológico criado pela comunidade cristã primitiva.[1][2][3][4] Alguns proponentes alegam que os eventos ou frases associados com a figura de Jesus no Novo Testamento podem ter sido elaborado a partir de uma ou mais pessoas que realmente existiram, mas que nenhum deles era em nenhum sentido o fundador do cristianismo.[5] Praticamente todos os estudiosos envolvidos com a pesquisa do Jesus histórico acreditam que sua existência pode ser estabelecida usando documentos e outras evidências, embora a maioria sustenta que muito do material sobre ele no Novo Testamento não deve ser tomado ao pé da letra.[6] A história da teoria do mito de Cristo pode ser atribuída aos pensadores do Iluminismo francês Constantin-François Volney e Charles François Dupuis na década de 1790. Proponentes notáveis ​​incluem Bruno Bauer e Arthur Drews, no século XX, e mais recentemente GA Wells, Alvar Ellegård e Robert M. Price. A ideia veio à atenção do público moderno através do trabalho de autores como Richard Dawkins, Christopher Hitchens e o filósofo francês Michel Onfray.[7] Argumentos utilizados para apoiar a teoria enfatizam a ausência de referências existentes sobre a vida de Jesus e da escassez de referências não cristãs no século I. Alguns proponentes alegam que o Cristianismo surgiu organicamente do Judaísmo helenístico e baseia-se em paralelos do Jesus histórico e dos deuses gregos, egípcios entre outros, especialmente aqueles que possuem mitos sobre a morte e ressurreição. Índice [esconder] 1 A teoria 2 Fundamentos desta teoria 2.1 Supostas semelhanças entre as divindades pagãs com Jesus Cristo 2.2 As fontes não-bíblicas 3 Bibliografia 4 Referências 5 Ver também A teoria[editar | editar código-fonte] A teoria do mito de Cristo (algumas vezes chamada o mito de Cristo, o mito de Jesus, ou hipótese de inexistência) é a afirmação de que Jesus de Nazaré não existiu como uma pessoa histórica, que o Jesus do cristianismo primitivo era a personificação de um ideal de salvador ou ser mítico, semelhantes em alguns aspectos a Krishna, Osíris e Mitra, a quem acontecimentos terrenos foram posteriormente anexados.[8] Os defensores de uma origem mítica do cristianismo, por vezes, permitem que algum material dos evangelhos pode ter sido extraído de um pregador histórico ou pregadores, mas que estes indivíduos não foram em nenhum sentido "os fundadores do cristianismo", mas alegam que o cristianismo surgiu organicamente do judaísmo helenístico. Os defensores da teoria traçam a evolução do cristianismo através de uma compreensão conjectural da evolução da literatura do Novo Testamento e, portanto, dão primazia às epístolas sobre os evangelhos para determinar os pontos de vista dos primeiros cristãos. A pessoa de Jesus, de acordo com essa tese, seria o resultado de uma elaboração teológica posterior, com o objetivo de construir uma base concreta para assegurar a difusão de uma nova religião. Segundo a teoria do mito de Cristo, o personagem de Jesus é, em parte, mítico ou imaginário. Quadro de Juan de Juanes, final do século XVI. Estes argumentos são desenvolvidos ao longo de duas linhas complementares de argumentação: por um lado, não há provas nem evidências arqueológicas que atestem a existência de Jesus de Nazaré: os textos cristãos não são confiáveis, e os textos não-cristãos são de autenticidade duvidosa ou podem ser um eco do discurso cristão; em segundo lugar, da identificação de evidências que podem sugerir ser um mito ou ficção. Todos relacionam de alguma forma a Igreja Católica e a religião judaica com a Astrologia e afirmam que criou-se o mito de Jesus para que as instituições religiosas pudessem ter poder social e econômico explorando o medo dos analfabetos do inferno. Os antecedentes da teoria podem ser rastreados até os pensadores do Iluminismo francês Constantin-François Volney e Charles François Dupuis na década de 1790. O primeiro acadêmico a defender tal tese foi o historiador do século XIX e teólogo Bruno Bauer e os proponentes como Arthur Drews foram notáveis em estudos bíblicos durante o início do século XX. Autores como George Albert Wells, Robert M. Price e Earl Doherty recentemente repopularizaram a teoria entre o público leigo. Fundamentos desta teoria[editar | editar código-fonte] Defensores dessa teoria afirmam que houve grande influência das religiões dos povos com as quais os judeus conviviam, ou seja, egípcios, persas, gregos e romanos. Exemplos: A história do salvador nascido de uma virgem e tentativas de matá-lo quando criança. Sua morte e ressurreição (em vários casos, no terceiro dia). Céu, inferno e juízo final (que não existiam no judaísmo original). Petra, no mitraísmo e no “Livro dos Mortos” egípcio, era o guardião das chaves do céu. O mitraísmo também denominava Petra a um rochedo considerado sagrado. A última ceia, frequentemente com uma bebida e um alimento que representavam o corpo e o sangue de Deus. A estrela guia, elemento frequente em lendas e mitologias antigas. Nascimentos de forma virginal, mortes por meio de sacrifícios, sangue que "purifica" e abençoa, ressurreições, e sua herança o amor incondicional ao Criador de todas as coisas; amor que se manifesta amando as criaturas. Supostas semelhanças entre as divindades pagãs com Jesus Cristo[editar | editar código-fonte] Ver artigo principal: Jesus nas comparações mitológicas De acordo com algumas fontes, se referem à teoria da ressurreição no terceiro dia com um período de três dias em que o Sol se mantém no lugar mais baixo e em 25 de dezembro está num ponto mais alto (como se diz que Jesus esteve morto por três dias e então ressuscitou), mas de acordo com o relato bíblico Jesus morreu durante a Páscoa judaica. Afirmam que os deuses do Sol muito anteriores a Jesus como Horus, Átis, Krishna, Mitra, Dionísio, Buda, todos eles, têm como elemento vital a sua crença na ressurreição no terceiro dia após as suas mortes, também tiveram discípulos que os acompanharam, faziam milagres e nasceram de uma Virgem Imaculada em 25 de dezembro. Segundo os defensores dessa Teoria, algumas destas lendas podem ter sofrido influência direta da história de Jesus, já que os cultos coexistiram com o cristianismo primitivo, mas certamente a imensa maioria surgiu milhares de anos antes do nascimento do mesmo. Entretanto, muitos acrescentam mais similaridades nos deuses antigos por conta própria para criar mais semelhanças. Tamuz: deus da Suméria e Fenícia, morreu com uma chaga no flanco e, três dias depois, levantou-se do túmulo e o deixou vazio com a pedra que o fechava a um lado. Belém era o centro do culto a Tamuz. Hórus - 3000 a.C.: Deus egípcio do Céu, do Sol e da Lua; Nasceu de Isis, de forma milagrosa, sem envolvimento sexual; Seu nascimento é comemorado em 25 de dezembro; Ressuscitou um homem de nome EL-AZAR-US; Um de seus títulos é "Krst" ou "Karast"; Lutou durante 40 dias no deserto contra as tentações de Set (divindade comparada a Satã); Batizado com água por Anup; Representado por uma cruz; A trindade Atom (o pai), Hórus (o filho) e Rá (comparado ao Espírito Santo). Mitra - séc. I a.C.: Originalmente um deus persa, mas foi adotado pelos romanos e convertido em deus Sol; Intermediário entre Ormuzd (Deus-Pai) e o homem; Seu nascimento é comemorado em 25 de dezembro; Nasceu de forma milagrosa, sem envolvimento sexual; Pastores vieram adorá-lo, com presentes como ouro e incenso; Viria livrar o mundo do seu irmão maligno, Ariman; Era considerado um professor e um grande mestre viajante; Era identificado com o leão e o cordeiro; Seu dia sagrado era domingo ("Sunday"), "Dia do Sol", centenas de anos antes de Cristo; Tinha sua festa no período que se tornou mais tarde a Páscoa cristã; Teve doze companheiros ou discípulos; Executava milagres; Foi enterrado em um túmulo e após três dias levantou-se outra vez; Sua ressurreição era comemorada cada ano. Átis (Frígia / Roma) - 1200 a.C.: Nasceu dia 25 de dezembro; Nasceu de uma virgem; Foi crucificado, morreu e foi enterrado; Ressuscitou no terceiro dia. Buda - séc. V a.C.: Sua missão de salvador do mundo foi profetizada quando ele ainda era um bebê; Por volta dos 30 anos inicia sua vida espiritual; Foi impiedosamente tentado pelas forças do mal enquanto jejuava; Caminhou sobre as águas (Anguttara Nikaya 3:60); Ensinava por meio de parábolas, inclusive uma sobre um "filho pródigo"; A partir de um pão alimentou 500 discípulos, e ainda sobrou (Jataka); Transfigurou-se em frente aos discípulos, com luz saindo de seu corpo; Após sua morte, ressuscitou (apenas na tradição chinesa). Baco / Dionísio - séc. II a.C.: Deus grego-romano do vinho; Nascido da virgem Sémele (que foi fecundada por Zeus); Quando criança, quiseram matá-lo; Fez milagres, como a transformação da água em vinho e a multiplicação dos peixes; Após a morte, ressuscitou; Era chamado de "Filho pródigo" de Zeus. Hércules - séc. II a.C.: Nascido da virgem Alcmena, que foi fecundada por Zeus; Seu nascimento é comemorado em 25 de dezembro; Foi impiedosamente tentado pelas forças do mal (Hera, a ciumenta esposa de Zeus); A causadora de sua morte (sua esposa) se arrepende e se mata enforcada. Estão presentes no momento de sua morte sua mãe e seu discípulo mais amado (Hylas); Sua morte é acompanhada por um terremoto e um eclipse do Sol; Após sua morte, ressuscitou, ascendendo aos céus. Krishna - 3228 a.C.: Trata-se de um avatar do Deus Vishnu – um avatar é como se fosse a personificação ou encarnação de um deus; Nasceu no dia 25 de dezembro; Nasceu de uma virgem, Devaki ("Divina"); Uma estrela avisou a sua chegada; É a segunda pessoa da trindade; Foi perseguido por um tirano que requisitou o massacre dos milhares dos infantes; Fez milagres; Em algumas tradições morreu em uma árvore; Após morrer, ressuscitou. Estas coincidências biográficas, segundo os defensores de "O Mito de Cristo", provam que os autores dos Evangelhos, ao escreverem as histórias de vida de Jesus, tomaram emprestados relatos e feitos de outros deuses antigos ou heróis. As fontes não-bíblicas[editar | editar código-fonte] Embora Flávio Josefo, Tácito, Suetônio e outros historiadores antigos sejam frequentemente citados como evidência de um Jesus histórico, de acordo com estes autores as histórias são derivadas, não originais. Josefo, o mais antigo desses autores, nasceu, no mínimo, cinco anos após a suposta morte de Jesus. Não há nenhum testemunho direto dos fatos. Além disso, os antigos relatos não-cristãos de Jesus foram escritos quando o Cristianismo já era generalizado e alguns parágrafos dos livros de Josefo são questionados, supondo-se que foram mais tarde interpolações cristãs. Bibliografia[editar | editar código-fonte] Massey, Gerald. The historical Jesus and the mythical Christ Bennett, Clinton (2001). In search of Jesus: insider and outsider images. [S.l.]: Continuum. ISBN 0826449158 Parâmetro desconhecido |ubicación= ignorado (|local=) sugerido (ajuda) Case, Shirley Jackson (1911). «The Historicity of Jesus an Estimate of the Negative Argument». The American Journal of Theology. 15 (1): 20-42 Conybeare, Frederick Cornwallis (1914) [1914]. The Historical Christ, or an investigation of the views of J.M. Robertson, A. Drews and W.B. Smith. London: [s.n.] Farmer, William R. (1975), «A Fresh Approach to Q», in: Neusner, Jacob, Christianity, Judaism and Other Greco-Roman Cults, Brill Gerrish, B. A. (1975). «Jesus, Myth, and History: Troeltsch's Stand in the "Christ-Myth" Debate». The Journal of Religion. 55 (1): 13-35 Goguel, Maurice (1926a) [1925]. Jesus the Nazarene: Myth or History?. London: T. Fisher Unwin. Consultado em 24 de julho de 2008 Goguel, Maurice (1926b). «Recent French Discussion of the Historical Existence of Jesus Christ». 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