sábado, 29 de agosto de 2009

LAVAGEM CEREBRAL
Ela é usada por militares, políticos, religiosos e gente querendo sua grana. Saiba como ela funciona e aprenda a blindar sua mente


Em 1974, Patty Heasrt, herdeira de um império de comunicação, morava na Califórnia, cursava faculdade e preparava seu casamento. Até que, numa bela noite, a patricinha foi sequestrada por um grupo paramilitar esquerdista chamado Exército Simbiônes de Libertação e dois meses depois reapareceu, armada com um rifle e uniformizada, assaltando um banco ao lado do bando. Durante um ano e meio, participou de varias ações. (...) Ninguém entendeu nada: o que transformou aquela garota rica de 19 anos em uma guerrilheira urbana? Quando foi capturada pela polícia, Patty explicou: tinha sido submetida a uma lavagem cerebral. Foram 57 dias trancada em um armário, sofrendo maus-tratos físicos e psicológicos. Teve muita gente que duvidou da explicação, achando que se tratava de desculpa esfarrapada. Mas, por outro lado, o que explicaria uma mudança tão radical? Apesar de não existir consenso sobre até que ponto é possível substituir convicções e comportamentos, não faltam estudos sobre o prcesso de LAVAGEM CEREBRAL. (...)
O que se sabe é que nesse processo, seja qual for a estratégia, é essencial o elemento surpresa. Isso porque somos programados para reagir imediatamente a estímulos intensos, ou seja, se alguém quiser provocar novas crenças e comportamentos em alguém, precisa criar situações que exijam reações automáticas, pois nelas o processo consciente é desativado.

NÃO É FORÇA, É JEITO


Existem duas maneiras de deixar o sujeito estressado, frágil, cansado e, consequentemente, mais aberto a novas ideias. A primeira é a lavagem cerebral forçada, alcançada com tortura, privações de sono e jejum. O segundo método, mais comum, é o induzido, em que a vítima é envolvida num “intensivão”. Pessoas que se dizem manipuladas por igreja e cultos religiosos descrevem um programa intenso de atividades, palestras, celebrações e tarefas como distribuir panfletos, limpar o chão, fazer comida. Imersa nessa rotina, que geralmente prevê poucas horas de sono, a vítima fica tão cansada que literalmente não tem tempo para pensar sobre o que está acontecendo. É a mesma técnica, por exemplo, daquele vendedor tagarela que o deixa confuso e faz com que você compre uma coisa de que não precisa, só pra se livrar do chato.
“Quando algo provoca uma reação emocional, o cérebro se mobiliza para lidar com ela, destinando poucos recursos a reflexões”, explica Kathleen Taylor da Universidade Oxford. Por isso que se diz que a idéia é “engatada” à sensação: sempre que aquele assunto vier a tona, a sensação vem a reboque, num processo conhecido como reflexo condicionado.
É o que acontece em um culto daqueles intensos em que a pessoa dança, canta, grita, inunda o corpo de endorfina. Inconscientemente, a sensação de bem-estar passa a ser associada àquela religião. O processo começa leve, quase recreativo, e vai aumentado de intensidade. No fim, o individuo está convertido e dependente. Para quem está observando de fora, parece que essas pessoas estão felizes. Acontece que, na verdade, elas são orientadas a sorrir o tempo todo. A pessoa envolvida com esse tipo de grupo se vê aos poucos dominada por medos paralisantes que chegam ao ponto de impedir que ela questione a situação. Os cultos de controle da mente passam a seus membros a sensação de que, se eles saírem do grupo, coisas horríveis acontecerão. Conquistado, o “cerebralmente lavado” se torna cada vez mais envolvido e dependente. Alem disso, ainda há uma hierarquia rígida à qual o sujeito deve se submeter: são criados modos uniformizados de agir e pensar, desenvolvidos para parecer espontâneos. A vitima é convencida da autoridade absoluta e do caráter especial – as, vezes, sobrenatural – do líder. (...)


MENTE BLINDADA


Para a escritora Kathleen Taylor, a principal arma para evitar manipulações é, basicamente, “parar e pensar nas coisas”. Sem se deixar levar pela afobação, fica fácil resistir tanto ao discurso nacionalista de um político quanto ao papo emocional de um pregador religioso. Outro ponto importante é não subestimar a influência que o meio e a autoridade podem ter sobre nós. A necessidade de ser aceito em um grupo leva muitas vezes ao “efeito – rebanho”, isto é “maria- vai – com – as - outras”. Desenvolver criatividade, pensar sobre a vida, questionar o que é escutado e lido, aprender coisas novas, estudar relações entre assuntos aparentemente não relacionados, tudo isso deixa o cérebro mais resistente à manipulação. (...)
O importante é saber que nossa mente não está pronta e acabada, mas permanentemente em obras. Entender que somos influenciáveis e que nossa identidade é mutante nos torna mais espertos para avaliar uma tentativa de persuasão.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

vermelho.org.br >> Cultura AAA..Cultura23 de Agosto de 2009 - 23h59
Países ateus são mais justos, confirmam pesquisas
Sam Harris, famoso filósofo ateu norte-americano, em “Carta à uma Nação Cristã”, mostra que os países mais desenvolvidos, justos e igualitários do mundo são compostos, em sua grande maioria, por ateus e não-religiosos. Nações desenvolvidas, mas que são muito religiosas, como os Estados Unidos, possuem taxas de criminalidade, injustiça, desigualdade etc. menores que as dos países subdesenvolvidos, mas no entanto ficam muito aquém dos países ateus da Europa.
Os Estados Unidos são um país com alta taxa de criminalidade, ao contrário dos países “ateus” do norte da Europa. Sam Harris mostram ainda que a criminalidade na Europa poderia ser ainda menor se não fosse por conta da imigração. Mostra que na França, 70% (!) dos detentos nas prisões francesas são muçulmanos. A quantidade de ateus nas prisões francesas é muito pequena. Ao contrário do Brasil, onde o ateísmo não chega a 5%, portanto seria normal não encontrar muitos presidiários ateus (e não encontram), na França existem muitos ateus, mas eles não saem por ai cometendo todos os tipos de crimes. Sam Harris continua:

“Noruega, Islândia, Canadá, Suécia, Suíça, Bélgica, Japão, Holanda. Dinamarca e Reino Unido estão entre as sociedades menos religiosas da Terra. De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (2005), essas sociedades também são as mais saudáveis, segundo os indicadores da expectativa de vida, alfabetização, renda per capta, nível educacional, igualdade entre os sexos, taxa de homicídio e mortalidade infantil.”

Dostoievski estava errado. É possível viver bem, justa e eticamente sem Deus. Muitos acham que os ateus, por não acreditarem em Deus, também não acreditam em valores morais, mas é justamente o contrário.

Ateus acreditam no bem, no amor, na igualdade e na justiça. Mas diferentemente dos crentes, os ateus pensam em tais coisas com bens em si mesmos. Não pensamos que devemos ser justos e morais porque se não fôssemos assim seríamos punidos por um ser superior, mas devemos ser justos e morais porque isso é o certo.

Além do mais, acreditar em Deus não garante um comportamento mais moral e justo, por isso existem as leis escritas e a polícia. Mesmo que todos acreditassem em Deus e freqüentasse a Igreja todos os Domingos, muitos deles não cometeriam crimes, não por fé em Deus, mas por medo da justiça dos homens mesmo.

Se os ateus são mesmo os monstros devassos pintados pela religião e pela Bíblia, como eles conseguiram formar uma sociedade mais justa e igualitária que os religiosos? Zuckerman responde:

“Não é necessário acreditar em Deus para acreditar na justiça. De fato, se poderia argumentar que aqueles que acreditam fortemente em Deus podem ser mais indiferentes e assumir que “tudo está nas mãos de Deus”, enquanto que os seculares sabem que a possibilidade de construir uma vida e um mundo melhores está nas mãos deles e apenas deles. Então, os dinamarqueses e os suecos contaram apenas com o seu próprio esforço
20 NAÇÕES COM OS MAIS ELEVADOS ÍNDICES DE ATEÍSMO
País População Ateístas + Agnósticos – Máx.
1 Suécia 8,986,000 85%
2 Vietnam 82,690,000 81%
3 Dinamarca 5,413,000 80%
4 Noruega 4,575,000 72%
5 Japão 127,333,000 65%
6 República Tcheca 10,246,100 61%
7 Finlândia 5,215,000 60%
8 França 60,424,000 54%
9 Coréia do Sul 48,598,000 52%
10 Estônia 1,342,000 49%
11 Alemanha 82,425,000 49%
12 Rússia 143,782,000 48%
13 Hungria 10,032,000 46%
14 Holanda 16,318,000 44%
15 Grã-Bretanha 60,271,000 44%
16 Bélgica 10,348,000 43%
17 Bulgária 7,518,000 40%
18 Eslovênia 2,011,000 38%
19 Israel 6,199,000 37%
20 Canadá 32,508,000 30%

Ciência

"O que diz a ciência
Depois da criação do eletroencefalograma, apareceram a ressonância magnética, a tomografia computadorizada e a ressonância funcional.
Com elas, já se conseguiu mapear no cérebro até as áreas que despertam as emoções e controlam funções específicas do corpo, como enxergar em profundidade ou reconhecer faces.
Mas esses equipamentos não são suficientes para detectar a química envolvida na troca de impulsos elétricos e as alterações celulares de quem afirma ver espíritos.
Mesmo assim, no mundo das hipóteses médicas, os relatos de retorno dos mortos à Terra não passam de ficção criada pela máquina chamada cérebro.
Desde os primeiros estudos, a epilepsia virou explicação para manifestações de mediunidade, idéia que é seguida até hoje.
Ataques epilépticos são o ponto máximo da hiperexcitabilidade do cérebro, que responde mandando ao corpo reflexos não só motores.
Epilépticos sofrem também reações olfativas, visuais e sonoras, como ter alucinações muito parecidas com as de quem afirma ver espíritos.
Há tipos de epilepsia que são muito relacionados a relatos sobrenaturais. A epilepsia do lobo temporal do cérebro, por exemplo, provoca alucinações e induz à religiosidade.
Essa parte do cérebro é tida como a responsável pela religiosidade: pessoas com lesões nela costumam desenvolver uma religiosidade extrema.
Para o InterPsi, um grupo de pesquisadores da PUC-SP que se dedica a encontrar explicações lógicas e científicas para fenômenos sobrenaturais, a epilepsia é só uma das possíveis soluções do mistério. Além dela, outros estados alterados da mente se relacionam a alucinações.
Sabe-se, também, que alucinações são comuns em pessoas com estados graves de fome ou em quem fica 3 dias sem dormir.
Se o cérebro é a chave para as alucinações, os cientistas se dedicam agora a saber quais circuitos movem essa engrenagem.
Em setembro de 2006, o médico Olaf Blanke, da Escola Politécnica de Lausanne, na Suíça, criou em laboratório aquela sensação desagradável de ter uma presença parada às costas.
A cobaia foi uma mulher de 22 anos, com epilepsia, que se submetia a uma cirurgia para retirar a lesão que provocava as crises.
A equipe de Blanke aplicou estímulos elétricos em pontos do lado esquerdo do cérebro.
A reação foi sinistra: a mulher sentiu que alguém estava atrás dela. Os médicos estimularam ainda mais a área e a paciente foi capaz de descrever o ser invisível como uma pessoa jovem.
Os pesquisadores, então, pediram que ela tentasse abraçar os joelhos. Ao se abaixar, a mulher podia jurar que a presença que sentia tinha segurado seus braços.
A área estimulada está relacionada à noção corporal - sem ela fica impossível, por exemplo, mexer os braços na hora de trocar de roupa, por mais que o braço esteja perfeito.
Para o médico Olaf Blanke, estímulos nesse ponto podem explicar não só a presença fantasma, como também os relatos sobre viagens feitas fora do corpo.
A tese é reforçada por uma experiência similar realizada em 2002. Ao tentar identificar a área de lesão de uma inglesa de 43 anos, com epilepsia havia 11, Blanke estimulou o giro angular, uma área que fica na parte posterior do lobo temporal, e se surpreendeu com o resultado: a mulher sentiu como se tivesse saído do corpo e levitado 2 metros acima da mesa de cirurgia.
"O giro angular é importante para processos cerebrais associados à experiência extracorpórea", afirmou Blanke na revista Nature.
Tentar reproduzir fenômenos espirituais em laboratório não é novidade. Desde a década de 1980, o neurologista canadense Michael Persinger faz testes com ondas eletromagnéticas em pessoas normais.
A experiência consiste em colocar capacetes, que geram uma espécie de campo magnético, em voluntários vendados, dentro de uma sala escura e com isolamento acústico.
À medida que o pesquisador estimula o lobo temporal, os voluntários têm sensações de fazer inveja a qualquer usuário de alucinógenos: olhos que se mexem e viram luzes roxas, visões de incêndios, demônios, deslocamento do corpo e cenas da infância como se acontecessem no presente.
Ou seja: para a neurologia, ver espíritos é resultado de uma disfunção cerebral ainda não diagnosticada.
Talvez nem mesmo o cérebro abrigue todas as explicações. "Há uma tendência hoje de reduzir tudo a causas cerebrais", diz o psicólogo Wellington Zan gari, do InterPsi. "Mas não dá para entender tudo sem um olhar antropológico, cultural e psicológico."
Mais longe ainda está a explicação para fenômenos como previsões do futuro, o meio como os médiuns costumam saber da morte de parentes.
Também há o problema dos relatos de luzes que acendem sozinhas à noite, gavetas, portas que aparecem inexplicavelmente abertas.
Enquanto uma explicação definitiva não aparece, quem acredita ver espíritos prefere tentar levar a vida normalmente."

Matéria compilada da revista Superintessante, assinada por Aryane Cararo

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Jesus Cristo é um mito solar
Tendo em vista o completo silêncio histórico a respeito de Jesus Cristo, bem como as evidentes ligações deste com o mito dos deuses-solares, Dupuis escreveu o seguinte:

“Um deus nascido de uma virgem no solstício do inverno, que ressuscita na Páscoa, no equinócio da primavera, depois de haver descido ao inferno; um deus que leva atrás de si doze apóstolos, correspondentes às doze constelações; que põe o homem sob o império da luz, não pode ser mais que um deus solar, copiado de tantos outros deuses heliosísticos em que abundavam as religiões orientais. No céu da esfera armilar dos magos e dos caldeus via-se um menino colocado entre os braços de uma virgem celestial, a que Eratóstenes dá como Ísis, mãe de Horus. Seu nascimento foi a 25 de dezembro. Era a virgem das constelações zodiacais. Graças aos raios solares, a virgem pôde ser mãe sem deixar de ser virgem… Via-se uma jovem ‘Seclanidas de Darzana’, que em árabe é ‘Adrenadefa’, e significa virgem pura, casta, imaculada e bela… Está assentada e dá de mamar a um filho que alguns chamam de Jesus e, nós, de Cristo.”

Já mostrei que Jesus repete todos os mistérios dos deuses solares e redentores, pelo que Heródoto, Plutarco, Lactâncio e Firmico puderam afirmar que esse deus redentor é o Sol. De modo que Jesus é apenas mais um deus solar.

Ainda hoje, grande parte do rito cristão é de origem solar. Na Bíblia, encontramos estas palavras: “Deus estabeleceu sua tenda no Sol”, e ainda: “Sobre vós que temeis o meu nome, levantar-se-á o Sol da justiça e vossa vida estará em seus raios”. João diz que “o verbo é a lei, a luz e a vida, a luz que ilumina a vista de todos os mortais, a luz do mundo”. E ainda chama a Jesus de o “cordeiro”, o “Agnus Dei qui tollit peccata mundi”.

Com isto, o Apocalipse fez de Jesus o “cordeiro pascal”, e a Igreja o adorou sob a forma de um cordeiro até o ano de 680. Era o Cristo o Áries zodiacal, vindo de Agnus, com a representação de fogo, o Sol condensado. Origenes justificava a adoração do Sol tendo em vista a sua luz sensível e também pelo aspecto espiritual. Tertuliano reconheceu que o dogma da ressurreição tem sua origem na religião persa de Mitra. Para S. Crisóstomo, Jesus era o Sol da justiça, para Sinésio, o Sol intelectual. Fírmico Materno descreveu Jesus baixando ao inferno, esplendente como o Sol. O domingo, o dia do Senhor, o dia do descanso, procede de Dominus, o deus-sol, o Senhor. Segundo Teodoro e Cirilo, para o maniqueus Cristo era o Sol.

Os Saturnilianos acreditavam que a alma tinha substância solar, deixando o corpo e voltando para o Sol, de onde proviera, após a morte. O antigo rito do batismo determinava que o catecúmeno voltasse o rosto em primeiro lugar para o ocidente, para retirar de si Satanás, símbolo das trevas.

Igualmente, as festas do sábado santo são reminiscências do mito da luta do Sol contra as trevas, na Páscoa. As orações desse ofício são cópia dos hinos védicos. A palavra aleluia, que era o grito de alegria dos persas, adoradores do Sol, quando na Páscoa festejavam a sua volta, significa: elevado e brilhante.

Foram necessários muitos séculos para que a igreja pudesse alienar um pouco do que lembrava que o seu culto era de um deus solar. Entretanto, a história escrita é inflexível e demonstra que todos os deuses redentores ou solares foram tão adorados quanto o mitológico Jesus Cristo. E embora tenha havido longas fases em que foram impostos a ferro e fogo, nem por isto deixaram de cair, nada mais sendo hoje do que o pó do passado religioso do homem.

O certo é que Jesus Cristo é mitológico de origem, natureza e significado. O seu surgimento ocorreu para atender à tendência religiosa e mística da maioria, que ainda hoje teme as realidades da vida e, portanto, procura, para se orientar, algo fora da esfera humana, na esperança de assim conseguir superar a si mesmo e aos obstáculos que surgem diariamente.

O cristianismo é produto de tendências naturais de uma época, aproveitadas espertamente pelos líderes do cristianismo. O judeu pobre e oprimido, não tendo para quem apelar, passou a esperar de Deus aquilo que o seu semelhante lhe negava. O sacerdote, valendo-se do deplorável estado de espírito de uma população faminta e, sobretudo, desesperançada, ressuscitou um dentre os velhos deuses para restaurar a esperança do povo judeu.

E assim, surgiu mais um mito solar, mais um deus com todos os atributos divinos, tal como os que antecederam. O novo deus solar em questão é Jesus Cristo.

Próximo capítulo: Outras fontes do cristianismo

Veja os outros capítulos da série A maior farsa de todos os tempos clicando aqui.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Daniele - Recife-PE - 1982
Pedagoga e estudante de Direito.
Cristã
D a n i s h a l l o n h o t m a i l . c o m
CARO MARCOS,
Concordo que não há como estabelecer uma validade cientifica da bíblia, pois há uma dicotomia entre os conhecimentos científicos e os exposto na bíblia .
Bom, a tão falada ciência acadêmica, nada mais é do que testada e estabelecida por homens, homens esses que vivem numa profunda contradição em relação aos seus próprios achados científicos. Homens teoricamente iguais aos que escreveram a bíblia, porém de fato diferentes, pois os cientistas buscam a explicação dos acontecimentos motivados pela curiosidade ou pelo financeiro, enquanto aqueles revelarão algumas explicações por meio inspiração divina, visto que, na época que escreveram passagens que citavam a redondeza da terra, a sua suspensão sobre o nada, entre outras, só poderiam ser conhecimentos revelados a eles por meio de DEus, pois não haviam nem como cogitar outra hipótese neste tempo.
A bíblia é a verdade de DEUS e não a verdade humana, por isso, nunca foi e nunca será de fácil compreensão e explicação assim como a ciência é. DEus que criou o homem e este criou a ciência, então acredito que querer estabelecer cientificidade no contexto bíblico é diminuir e empobrecer demais a verdade da bíblia,é querer explicar DEus com a ciência do homem, inútil isso! A imensidão do poder de DEus não pode ser explicada por homens, não temos essa capacidade, por isso, que cientistas vivem querendo invalidar o que tem escrito na bíblia, pois não conseguem adequar a uma lógica humana os acontecimentos divinos da bíblia e nunca vão conseguir. Contudo, uma coisa é certa, ninguém deixara de está frente a frente com DEus, por mais que ignorem sua existência. Ciência neste dia? De nada valerá a explicação racional e lógica do mundo acadêmico, pq transcenderá o entendimento humano.

Segunda, 20 de Julho de 2009
Tema: Bíblia, Deus, Ciência, Fé, Revelação, Adequação
Petição de Princípio
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.472
- Resposta: 2.882
Cara DanielA...
Achei interessante o modo como sua mensagem aplica a circularidade de uma boa petição de princípio, isto é, ao invés de argumentar a favor de algo que se pretende demonstrar, o toma por certo, e estabelecendo-o como princípio, avalia os argumentos adversários.
Embora eu nunca tenha tomado a iniciativa de demonstrar a inadequação da Bíblia à Ciência (o que faço é demonstrar que as afirmações de inerrância científica são errôneas), talvez esteja na hora de pensar em termos de uma oposição entre quem tem acesso a uma 'verdade' externa ou não.
Você delineou bem algumas distinções entre os cientistas e os homens de fé, e ficarei com as seguintes características principais: Os primeiros são movidos pela curiosidade, que é desejo de conhecimento, os segundos são movidos pela certeza de que estão divinamente inspirados.
Os cientistas usam métodos complexos para averiguar a natureza, testes, experiências, desenvolvem teorias e apresentam resultados. Este últimos, por sinal, são inegavelmente úteis. Assim, podemos aceitar como verdadeiras várias de suas alegações pelo simples fato de gerarem resultados bastante concretos, como a tecnologia que permite nos comunicar como fazemos agora. Eles tem alguma 'verdade' afinal.
Os autores da Bíblia nada mais fizeram do que escrever, coisa que qualquer um, em qualquer lugar, pode, bastando apenas não serem ágrafos e disporem de instrumentos riscadores e base onde se riscar. Eles também alegam tem não apenas 'verdades', eles pretendem ter A VERDADE, reivindicado inspiração divina, mas a grande questão é: POR QUE ACREDITAR NELES?!
São dados muitos argumentos, e no texto É a Bíblia Divinamente Inspirada? eu analiso os mais comuns, mostrando que não há qualquer bom motivo para se ter certeza dessa alegação. A afirmação de Inerrância Científica, por exemplo, é o que eu contestei em Bíblia X Ciência, que possivelmente você deveria ter lido, já que suas afirmações parecem apontar isso. Só é estranho que o tenha feito e ainda tenha dito "...na época que escreveram passagens que citavam a redondeza da terra, a sua suspensão sobre o nada, entre outras, só poderiam ser conhecimentos revelados a eles por meio de DEus, pois não haviam nem como cogitar outra hipótese neste tempo.", como se não fosse EXATAMENTE isso que é contestado com diversos argumentos no texto.
Você solenemente faz aqui o que costumo descartar como mensagem, por simplesmente ignorar os argumentos e repetir a afirmação que foi contestada (violação da Regra de postagem 6). O que me levou a responder sua mensagem é o modo singelo como o faz, tomando irracionalidade, obscuridade e incoerência como provas de divindade.
À mim são completamente inúteis comentários como o do último parágrafo, exceto sobre a inutilidade de tentar cientificizar a Bíblia, que é idéia dos defensores da Inerrância Científica. Não estou em posição de me sentir pressionado por ameaças sutis de me confrontar com um deus que defende interesses de algumas pessoas.
Se há um Deus, que necessariamente transcenderia o conhecimento humano, ele estaria também muitíssimo além da ingenuidade de quem toma crenças irrestritas em fábulas como evidências de espiritualidade superior, e muitíssimo mais dos que se consideram detentores de verdades supremas e proprietários exclusivos dos elementos que permitiriam acessar o transcendente.
Se estaria além da razão, muitíssimo mais estaria da ignorância.
Amigavelmente
Marcus Valério XR

sábado, 8 de agosto de 2009

Sacrifícios humanos na Bíblia
sábado, 08 de agosto de 2009 por Fernando Silva
Os crentes costumam apresentar uma descrição detalhada das coisas horríveis que os cananeus faziam às próprias crianças. Alegam que isto dava aos judeus o direito de exterminá-los e tomar-lhes as terras.

A verdade é que os judeus não eram melhores que os vizinhos. A Bíblia mostra que faziam sacrifícios humanos com frequência, inclusive por ordem de Javé, em alguns casos.

Nos outros, não fica claro se a ira de Javé se devia aos sacrifícios em si ou ao fato de serem oferecidos a outros deuses.

Sacrifícios por ordem de Javé ou oferecidos a ele:

Êxodo 22
28 Não atrase em oferecer de sua abundância e de sua fartura. Entregue a mim o seu filho primogênito; 29 faça o mesmo com seus bois e ovelhas: a cria ficará com sua mãe durante sete dias e, no oitavo, você a entregará para mim. 30 Vocês estão consagrados a mim: não comam carne de animal que tenha sido dilacerado no campo; joguem para os cães.

Pode-se alegar que o trecho não fala em sacrificar, mas ele junta bois, ovelhas e filho primogênito no mesmo pacote. E o que seria “entregar a Javé” numa cultura onde Abraão nem piscou quando Deus lhe pediu o sacrifício do filho único?

Ezequiel 20
24 porque não praticaram as minhas normas e desprezaram os meus estatutos, profanaram os meus sábados e se tornaram admiradores dos ídolos de seus antepassados. 25 Dei a eles estatutos que não eram bons e normas que não lhes dariam vida, 26 os contaminei com as ofertas que faziam, quando imolavam seus filhos mais velhos. Eu os amedrontei, para que reconhecessem que eu sou Javé.

Aqui, Javé permite que os judeus continuem com os sacrifícios, embora os condene, e lhes dá leis más, o que é difícil de compreender quando se trata de um deus de infinita bondade.

Juízes 11
30 E Jefté fez uma promessa a Javé: “Se entregares os amonitas em meu poder, 31 então, quando eu voltar vitorioso da guerra contra eles, a primeira pessoa que sair para me receber na porta de casa, pertencerá a Javé, e eu a oferecerei em holocausto”.

32 Jefté partiu para guerrear contra os amonitas, e Javé os entregou em seu poder.


33 Jefté os derrotou desde Aroer até Menit, tomando vinte cidades, e foi até Abel-Carmim. Foi uma grande derrota, e os amonitas foram dominados pelos israelitas.


34 Jefté voltou para a sua casa em Masfa. E foi justamente sua filha quem saiu para recebê-lo, dançando ao som de tamborins. Era sua filha única, pois Jefté não tinha outros filhos ou filhas.


35 Logo que viu a filha, Jefté rasgou as vestes, e gritou: “Ai, minha filha, como sou infeliz! Você é a minha desgraça, porque eu fiz uma promessa a Javé e não posso voltar atrás”.


36 Ela respondeu: “Pai, se você fez promessa a Javé, cumpra o que prometeu, porque Javé concedeu a você vingar-se dos inimigos”.


37 E pediu ao pai: “Conceda-me apenas isto: deixe-me andar dois meses pelos montes, chorando com minhas amigas, porque vou morrer virgem”.


38 Jefté lhe disse: “Vá”. E deixou-a andar por dois meses. Ela foi pelos montes com suas amigas, chorando porque ia morrer virgem.


39 Dois meses depois, ela voltou para casa, e seu pai cumpriu a promessa que tinha feito. A moça era virgem. Daí começou um costume em Israel: 40 todos os anos as moças israelitas saem por quatro dias para chorar a filha de Jefté, o galaadita.

Neste caso, não há uma ordem de Javé, mas o trecho deixa claro que era uma coisa natural oferecer sacrifícios humanos. Ninguém se espanta, nem mesmo a vítima.

Os crentes alegam que Jefté, na verdade, consagrou a filha ao serviço do templo e que, devido a isto, ela deveria permanecer virgem até morrer, mas este não era o costume deles. Só os levitas (e homens) serviam no templo e ela, no máximo, poderia prestar serviços externos e ocasionais, sem ficar presa ao templo.

Além disto, “holocausto” é uma palavra grega que significa “queimar por inteiro”.

Números 31
40 dezesseis mil pessoas, das quais foi feito para Javé o tributo de trinta e duas pessoas. 41 Moisés entregou o tributo de Javé ao sacerdote Eleazar, conforme Javé lhe havia ordenado. 47 Dessa metade que pertencia aos filhos de Israel, Moisés tomou um tributo de dois por cento de pessoas e animais e o entregou aos levitas, que tinham funções no santuário de Javé, conforme Javé havia ordenado a Moisés.

Este trecho é menos claro, mas é de se perguntar que função os inimigos capturados teriam no templo, onde só entravam os levitas. É bem possível que eles e os animais fossem sacrificados no tal “tributo a Javé”.

Sacrifícios a Moloch

Josué 6
26 Nesse tempo, Josué fez um juramento: “Seja maldito por Javé quem reconstruir esta cidade: os alicerces lhe custarão o primogênito e as portas lhe custarão o caçula”.

27 Javé estava com Josué, e sua fama correu por toda a terra.

O trecho acima, sobre Jericó, explica o trecho a seguir:

1 Reis 16
34 Em seus dias Hiel, o betelita, edificou a Jericó; em Abirão, seu primogênito, a fundou, e em Segube, seu filho menor, pôs as suas portas; conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério de Josué, filho de Num.

Embora a linguagem usada tente disfarçar, se a maldição de Josué ainda estava valendo (e o trecho de 1 Reis a menciona), foi necessário sacrificar o primogênito e o mais novo, um nas fundações e outro nos portões.

2 Reis 16
3 Imitou o comportamento dos reis de Israel e chegou até a sacrificar seu filho no fogo, conforme os costumes abomináveis das nações que Javé tinha expulsado diante dos israelitas.

2 Reis 17
17 Sacrificaram no fogo seus filhos e filhas, praticaram a adivinhação e a magia, e se venderam para praticar o mal diante de Javé, provocando a ira dele.

2 Reis 21
6 sacrificou seu filho no fogo; praticou adivinhação e magia, estabelecendo necromantes e adivinhos. E multiplicando as ações que Javé reprova, ele provocou a sua ira.

2 Reis 23
10 Josias profanou o Tofet que existia no vale de Ben-Enom, para que ninguém sacrificasse no fogo seu filho ou filha em honra do deus Moloc.

Ezequiel 20
30 Por isso, diga à casa de Israel: Assim diz o Senhor Javé: Vocês se contaminam como seus antepassados, e se prostituem com suas abominações, 31 trazem suas ofertas, oferecem seus filhos, queimando-os no fogo, e continuam até o dia de hoje a se contaminar com seus ídolos. E eu iria ainda atender vocês, casa de Israel? Juro por minha vida – oráculo do Senhor Javé – que eu, de maneira nenhuma, atenderei vocês!

2 Crônicas 33
6 Sacrificou no fogo seus próprios filhos no vale dos filhos de Enom. Praticou adivinhação e magia, estabelecendo necromantes e adivinhos. Ele provocou a ira de Javé, multiplicando as ações que Javé reprova.

Levítico 20
1 Javé falou a Moisés:


2 “Diga aos filhos de Israel: Todo filho de Israel ou imigrante residente em Israel, que entregar um de seus filhos a Moloc, será réu de morte. O povo da terra o apedrejará, 3 e eu me voltarei contra esse homem e o eliminarei do seu povo, pois, entregando um de seus filhos a Moloc, contaminou o meu santuário e profanou o meu santo nome.”

Jeremias 7:31
31 Depois construíram os lugares altos de Tofet, no vale de Ben-Enom, para queimar no fogo filhos e filhas, coisa que não mandei e que jamais passou pela minha mente.

Jeremias 19
4 Porque eles me abandonaram e profanaram este lugar, queimando incenso a outros deuses, que vocês não conheciam, nem seus antepassados, nem os reis de Judá. Encheram este lugar com sangue de inocentes, 5 e construíram lugares altos para Baal, para queimar seus filhos no fogo em holocausto a Baal. Uma coisa dessas eu nunca mandei fazer, nem falei, nem me passou pelo pensamento.

Jeremias 32
35 construíram lugares altos a Baal no vale de Ben-Enom, para aí queimar seus filhos e filhas em honra de Moloc: coisa que eu nunca mandei, nem jamais passou pelo meu pensamento. Eles fizeram abominações semelhantes, ensinando Judá a pecar.

Ezequiel 16
20 Você pegou até seus próprios filhos e filhas, que você havia gerado para mim, e os sacrificou, para que essas estátuas os devorassem. Como se as suas prostituições não fossem o bastante, 21 você ainda matou meus filhos, e os entregou para serem queimados em honra dessas estátuas.

Salmos 106
37 Sacrificaram aos demônios seus filhos e suas filhas. 38 Derramaram o sangue inocente, e profanaram a terra com sangue.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A moral provisória de Jesus
quinta-feira, 06 de agosto de 2009 por Fernando Silva
As regras de moral estão relacionadas aos costumes de cada povo. Elas nos permitem viver em sociedade, minimizando os conflitos com nossos semelhantes e tornando nossa vida mais fácil. Não são perfeitas, não são absolutas e muito menos imutáveis. Variam com a ocasião, com o lugar, com a época. De um modo geral, aperfeiçoam-se com o tempo.

Diante disto, o que pensar da moral pregada por Jesus? Seria ela o padrão absoluto de excelência, conforme acreditam os cristãos?

Em primeiro lugar, não há como discutir o que Jesus disse. Os filósofos gregos, muito antes dele, debateram a fundo este assunto. Podemos concordar com eles ou não, mas, pelo menos, eles apresentaram suas razões, eles nos deram argumentos que podemos analisar.

Jesus, ao contrário, apenas nos impôs sua doutrina, arbitrariamente, sem maiores explicações, por meio de promessas e ameaças. Ele não era um moralista. Sua missão era anunciar a vinda próxima do Reino de Deus e seu preceito básico era o de que os homens devem se dedicar inteiramente a Deus se quiserem entrar no céu:

“Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo” (Mateus 04:17)

“‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’
Jesus respondeu: ‘Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento.’ ”(Mateus 22:36-38).

Ou seja, seus mandamentos, em sua maior parte, se referem ao que é preciso fazer para se alcançar a recompensa em outra vida: obediência total e amor compulsório.

Não acreditar nele era o grande pecado:

“Se alguém não os receber bem, e não escutar a palavra de vocês, ao sair dessa casa e dessa cidade, sacudam a poeira dos pés.
Eu garanto a vocês: no dia do julgamento as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos rigor do que essa cidade.” (Mateus 10-14-15).

Quando Jesus fala em ter fé, ele fala em obedecer sem discutir.

Se aceitamos algo sem analisar, mas apenas porque é o que se exige de nós, em obediência cega, renunciamos à busca da verdade, renunciamos ao uso de nossa mente. Recorrer à razão se torna um pecado.

Embora, em poucos casos, trate das relações interpessoais, sua moral pouco se importa com a melhoria da vida terrena. Isto até que faz sentido: Jesus afirmou que partiria, mas logo voltaria para estabelecer seu reino. Voltaria, de fato, enquanto “alguns dos que o ouviam ainda estivessem vivos” (Marcos 09:01).

Sua moral era uma moral provisória, a ser seguida no pouco tempo de existência que restava ao mundo.

Isto talvez explique por que ninguém se preocupou em registrar sua biografia para que os fatos chegassem às gerações futuras. Não haveria gerações futuras. Apenas décadas depois, quando seus discípulos, desiludidos, se deram conta de que ele só voltaria em futuro incerto e não sabido, é que começaram as tentativas de se produzir uma biografia.

E, como o tempo que restava à humanidade era curto, faziam sentido mandamentos do tipo “abandonar a família, os pais, a mulher e os filhos” ou “vender tudo o que se tem e dar aos pobres” (Lucas 18:22). Ou, um absurdo para os costumes da época, “deixar o pai insepulto e seguir a Jesus”.

Mas… e o Sermão da Montanha, alguns dirão? Mais uma vez, não passa de promessas a serem cumpridas numa outra vida.

Como é possível se ter uma vida digna se a gente dá a outra face a quem nos bate, se a gente também entrega a camisa a quem nos pediu o casaco, se a gente anda duas milhas quando alguém nos manda andar uma?

Temos, é claro, a “Regra de Ouro”, mas ela nada tem de original. Foi enunciada por Confúcio 500 anos antes de Cristo e já fazia parte da Lei, como o próprio Jesus afirma em Mateus 07:12. Ou “ama teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39), que é uma cópia de Levítico 19:18.

Além disto, era uma moral sectarista, limitada às “ovelhas perdidas de Israel”, e o resto da humanidade que se danasse (Marcos 04:10-12, 13:22 e 13:27 ou João 06:37, 44 e 65 ou 17:02 e 06).

Isto fica claro neste trecho:

“Jesus enviou os Doze com estas recomendações: ‘Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel’” (Mateus 10:05-06)

Ou neste, embora, mais adiante, ele pareça se arrepender da própria grosseria:

“Jesus respondeu: ‘Eu fui mandado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel’. Mas a mulher, aproximando-se, ajoelhou-se diante de Jesus, e começou a implorar: ‘Senhor, ajuda-me’
Jesus lhe disse: ‘Não está certo tirar o pão dos filhos, e jogá-lo aos cachorrinhos’” (Mateus 15: 24-26)

Para piorar, alguns dos mandamentos de Jesus são absurdos, já que exigem que eliminemos nossos sentimentos: “não olhar para as mulheres com desejo” (Mateus 05:27-28) ou “não sentir raiva do irmão” (Mateus 05:21-22). Ora, podemos controlar como reagimos a nossos sentimentos, podemos controlar nossas ações, mas não podemos anular nossos sentimentos mais íntimos sem anular nossa personalidade. Entretanto, Jesus declara que até os sentimentos são pecaminosos. Para seguir a Jesus, temos que destruir aquilo que somos, sentimos e pensamos.

Inversamente, ele nos ordena “amar a Deus” e “amar ao próximo”, como se sentimentos pudessem ser ligados ou desligados voluntariamente. Sentimentos surgem a partir de valores que observamos nas pessoas. Se não os observamos, como fazer para despertar esses sentimentos sem mentir para nós mesmos? Mas Jesus não nos dá essas respostas, apenas nos ameaça com castigos eternos se não obedecermos.

Como podemos nos tornar “mansos e humildes” a não ser destruindo nossa autoestima e nossa vontade própria? Por medo do castigo?

Como é possível se contruir uma civilização se o sofrimento é uma virtude, se a prosperidade e a felicidade são condenáveis?

“Felizes de vocês se os homens os odeiam, se os expulsam, os insultam e amaldiçoam o nome de vocês, por causa do Filho do Homem. Alegrem-se nesse dia, pulem de alegria, pois será grande a recompensa de vocês no céu, porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas. Mas, ai de vocês, os ricos, porque já têm a sua consolação! Ai de vocês, que agora têm fartura, porque vão passar fome! Ai de vocês, que agora riem, porque vão ficar aflitos e irão chorar!” (Lucas 06:22-25)

Fica claro que estes eram mandamentos para os poucos anos que ainda restavam ao mundo, e não um guia moral para uma civilização que se estenderia por muitas gerações, indefinidamente.
Sua validade é questionável.

Inspirado em “Atheism-The case against God”, por George H. Smith.
Origens babilônicas do mito de Adão e Eva
sexta-feira, 07 de agosto de 2009 por Fernando Silva
Grande parte da Bíblia, principalmente o Gênesis, se baseia em uma mistura de mitos babilônicos. Em lugar de começar do zero, os hebreus os adotaram como se fossem um fato da vida, mas, em repúdio ao politeísmo dos mitos originais, eles os reinterpretaram e, em muitos casos, inverteram o contexto e o significado das narrativas.

No mito sumeriano original, por exemplo, os deuses maiores (Anunnaki) escravizaram os deuses menores (Igigi) e os forçaram a trabalhar a terra para produzir comida para eles. Um deles (We-ila) se revoltou e foi morto. Sua energia vital foi aplicada ao barro e dele foi criado o homem, que passou a cultivar a terra no lugar dos Igigi, e estes tiveram então direito à ociosidade junto aos Anunnaki.

Desta forma, os sumerianos explicavam a rebeldia, a desonestidade e a luxúria do homem: eram características herdadas dos deuses, que o haviam criado, e não culpa dele, criado à imagem divina. Os hebreus adotaram este mito, mas inverteram as coisas: Deus era um ser perfeito e criou o homem perfeito, mas este, por iniciativa própria, se rebelou, mentiu, pecou. A culpa seria então do homem, não de Deus. Para os sumerianos, o homem era vítima dos deuses e não perdeu a inocência porque nunca a teve. Para os hebreus, o homem, criado inocente, torna-se o vilão e a vítima é Deus.

Para os sumerianos, os deuses viviam em cidades como Uruk, cercada de terras cultivadas que produziam os alimentos. As terras selvagens que ficavam além eram denominadas eden ou edin e eram habitadas por animais selvagens, sem língua e sem cultura. Para a cultura sumeriana, a vida nas cidades era o ideal, não a selvageria do eden. Em outras versões, eden/edin era o local onde a humanidade trabalhava sem parar para alimentar os deuses. Para os antigos, o atual desejo dos cristãos e muçulmanos de voltar para o Eden pareceria loucura.

O épico de Gilgamesh mostra uma das visões do eden/edin: Enkidu, criado por uma deusa, vivia como um animal, comendo capim e bebendo água do rio junto com os animais. Um caçador queixou-se aos deuses que Enkidu destruía suas armadilhas e então Shamhat, uma prostituta do templo, foi enviada para seduzí-lo. Enkidu nunca tinha visto uma mulher e se apaixonou por ela, esquecendo-se dos animais. No caminho para Uruk, Shamhat lhe deu pão e vinho (ou cerveja) para beber. Acostumado a comer capim e beber água, ele a princípio recusou, mas acabou convencido. Depois de comer, tornou-se humano e então aceitou as roupas que Shamhat lhe deu. Enkidu foi viver em Uruk e, com o tempo, tornou-se como um irmão para Gilgamesh.

Ao inverter este mito, os judeus transformaram o eden num lugar ideal, onde o homem foi posto por Deus para cuidar de seus jardins, vivendo em paz com os animais. Após o pecado, ou seja, após comer da fruta proibida, percebeu que estava nu, foi expulso e teve que cultivar a terra.

Numa outra versão, Anu, o deus principal, proíbe que os Anunnak, deuses secundários, ensinem segredos aos homens, que devem ser mantidos ignorantes e trabalhando na lavoura. Os Anunnak, entretanto, concluem que os homens serão mais úteis se aprenderem os segredos do pão, do vinho, da cerveja e das roupas. Com este conhecimento, os homens passam a produzí-los para si e para os deuses. Inicialmente, os homens não consomem o pão e as bebidas, pois Ea, o deus que criou o homem, lhes disse que morreriam se o fizessem, mas outro deus – Enki, apelidado “ushumgal” (“A Grande Serpente”, embora ele tivesse forma de homem) – lhes explica que não haveria problema. O curioso é que Enki parece ser uma outra versão de Ea, o que significa que Javé e o Diabo/Serpente são, na verdade, Ea/Enki, mas os hebreus recusaram a idéia de terem sido enganados por seu próprio deus e transformaram Ea/Enki num simples animal.

Há também uma versão em que o homem vivia no reino celestial e o deus principal, Anu, lhe oferece o alimento que lhe daria vida eterna, mas ele o recusa porque Ea/Enki lhe dissera que o alimento o mataria. O homem é então expulso do reino. Mais uma inversão, portanto, já que aqui é Deus que quer lhe dar vida eterna e é a serpente que o engana.

A Árvore do Conhecimento hebraica tem origem no pinheiro, cuja pinha a deusa Inanna (a “Senhora do Éden”) comeu para adquirir conhecimento e a Árvore da Vida se origina do “pão da vida” que Anu oferece ao homem.

Querubins guardam a Árvore da Vida no Gênesis assim como querubins a guardavam na mitologia assíria.

Os deuses babilônicos eram mortais e precisavam comer 2 vezes ao dia e, para isto, exigiam sacrifícios de alimentos nos templos.
Javé também exige sacrifícios 2 vezes por dia no monte Sinai e, mais tarde, no templo de Jerusalém, o que é estranho, já que não é mortal nem material e não precisa de alimentos.

A criação de Eva a partir de uma costela de Adão deve ter vindo do mito sobre a deusa Nin-Ti, criada para curar a costela de Enki.

Se o texto acima parece confuso, é porque ele realmente é. Os mitos babilônicos tinham muitas versões, onde os deuses trocavam de nomes e de papéis, se fundiam em um só deus ou se dividiam em dois, onde cada “fato” era narrado de formas diferentes em contextos diferentes. E foi desta confusão que nasceu a Bíblia…

Mais sobre o assunto em Forbidden Knowledge: the Bible’s Origins – Meio confuso porque o autor despejou fatos sem muita organização.

Um texto em português: Na Terra dos Zigurates

Este aqui é mais organizado e bem documentado, com muitas fotos: The Origin of Sin and the Queen of Heaven – O defeito é que o cara acredita na Deusa Mãe e o objetivo do site é detonar as religiões patriarcais, mas vale pela quantidade de material pesquisado.

terça-feira, 4 de agosto de 2009


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o

Re: Jesus, o tolerante e benfeitor
« Reply #13 : Julho 25, 2009, 02:21:49 »
O contexto é uma variante do mandamento amar a Deus sobre todas as coisas, só que com um lembrete: isso inclui as pessoas que você mais ama.

Como a mensagem de salvação é exclusivista e intolerante, pois de acordo com ela somente por meio de Jesus que se pode conhecer a verdade, a doutrinação só pode ser feita por meio de uma analogia a guerra. A discórdia é incontornável e, para enfrentá-la, a escritura cria uma espécie de blindagem na mente do discípulo: Quem não concordar é contra Jesus, inclusive seus parentes! Esteja preparado para a batalha!

O seguidor precisaria então ter a consciência de um soldado, que coloca seu amor à causa acima de seus interesses emocionais. Para mim, este tipo de submissão da vida e da mente em torno da salvação é uma das contradições mais brutais do amor desse deus cristão.

sábado, 1 de agosto de 2009

Ateísmo Positivo
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007 por Fernando Silva
Uma religião afirma coisas. O ateísmo, em geral, nega coisas. Poderíamos dizer que religiões são positivas e o ateísmo é negativo. Ele não se define por valores próprios mas pela negação dos valores das religiões. Para que o ateísmo se torne positivo (ou afirmativo) é preciso mostrar que há vantagens em não se ter um deus e uma crença religiosa. De modo geral, a escolha certa é aquela que nos faz feliz ou, pelo menos, nos ajuda a enfrentar a vida. Uma religião pode não ter nenhuma base lógica mas adotá-la se justifica se seus efeitos em nossa vida são positivos. Religiões nos trazem esperança, nos convencem de que há justiça no universo. Seremos um dia recompensados pelo bem que fizermos e o mal será punido. A morte não é mais o fim, apenas a passagem para uma vida melhor.
Por outro lado, religiões nos trazem o medo da punição, a culpa por termos feito ou deixado de fazer alguma coisa que, na verdade, não prejudica nem beneficia ninguém. Elas nos levam a nos humilharmos e nos autodesvalorizarmos diante de Deus. Exigem que paguemos por supostos pecados com penitências que em nada enriquecem a comunidade ou o próprio indivíduo. Geram intolerância e rejeição dos que têm outra fé, condenam as atitudes nos outros só porque contrariam o que está no “livro sagrado” etc. Até que ponto é preciso se ater ao que está escrito sem se tornar um fundamentalista? A doutrina é confusa e há muitos modos de interpretá-la. É louvável e meritório ser virtuoso apenas por medo do inferno? Qual religião é a verdadeira, entre tantas? A fé nos leva a agir sem pensar, a seguir dogmas sem discutir sua validade. Precisamos da razão e da dúvida constante para limitar nossos erros, para questionarmos constantemente nossas decisões.

Ateus não seguem dogmas. Procuram pensar com a própria cabeça e fazer o que lhes parece certo, porque é certo e não porque “está escrito”, nem porque esperam uma recompensa em outra vida ou têm medo do inferno. Embora tenham defeitos como todo ser humano, estão livres para ser mais tolerantes em relação ao que os outros pensam, porque acham que opinião própria é o direito de cada um. Eles não têm uma religião que lhes diga, a priori e sem justificativas, o que aceitar ou não. Não têm nenhum motivo, além de possíveis razões pessoais, para discriminar mulheres ou homossexuais. Podem se dedicar mais a melhorar este mundo, o único que eles conhecem, em lugar de apenas esperar pela hora de ir para o céu, sem o conformismo de aceitar que “as coisas são assim mesmo” ou “é a vontade de Deus”. Não desperdiçam a vida em orações improdutivas fechados em um convento. Um ateu não se vê como um joguete na luta entre Deus e o Diabo pela sua alma; ele é o único responsável pelos seus atos. Ele tem toda a culpa pelos seus erros e todo o mérito pelos seus acertos.

Religiões oferecem respostas a todas as dúvidas e regras de conduta para qualquer ocasião. Ateus têm que pensar com a própria cabeça e tirar suas próprias conclusões, o que os ajuda a refletir melhor e mais profundamente antes de decidir. Respostas simplistas levam a mentes simplistas mas, é claro, muitos preferem a segurança de um dogma incerteza de uma busca por respostas. É por isto que não se deve tentar ”desconverter” as pessoas. Quando e se elas estiverem prontas, irão procurar respostas fora de sua religião.

Pessoas religiosas que preferem ignorar os mandamentos de seus “livros sagrados” que lhes parecem excessivos ou cruéis estão agindo como ateus, pensando com sua própria cabeça e seguindo sua razão, embora muitas vezes nem se dêem conta disto.

Ateus devem se policiar, entretanto, para não repetir os erros das religiões. Devem respeitar as escolhas dos crentes, por mais obtusas que lhes pareçam. Quando instados a defender sua posição, destacar os aspectos positivos do ateísmo, como a liberdade de escolha e a racionalidade, evitando atacar os aspectos negativos desta ou daquela religião ou duvidar da inteligência do interlocutor.

Sim, é possível ser um ateu militante. Pode até ser necessário, como forma de defender sua liberdade de expressão num mundo ameaçado pelo fundamentalismo. Mas é preciso levar em conta que uma postura agressiva só reforçará os estereótipos do “ateu revoltado e perverso”, do “ateu sem moral e sem limites”. Contra a fé, a razão nem sempre faz efeito. Comecemos confundindo os crentes, sendo o oposto daquilo que eles esperam de nós. Sejamos honestos, prestativos e respeitadores das leis.

Aos poucos, e com cuidado para evitar a rejeição, procuremos despertar nos religiosos a consciência de que a “verdade” deles não é a única. Que é possível ser feliz e decente sem um deus. Que a crença em deuses não fez da humanidade um lugar melhor, talvez muito pelo contrário.

Não é possível desconverter uma pessoa de fora para dentro, mas podemos torná-la mais tolerante. Fazê-la entender que há outros modos de pensar igualmente aceitáveis. Que a crença delas não é uma escolha óbvia e que ninguém se torna um pervertido, condenado ao inferno, por não adotá-la. Fazê-la entender que não é possível “rejeitar” um deus em que não se acredita.

Autor: Fernando Silva
inspirado em Paul O’Brien: “Gentle Godlessness”