terça-feira, 24 de agosto de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=chBE_hyeiS8
http://www.youtube.com/watch?v=eKPrBVZT43Q
http://www.youtube.com/watch?v=F38CLkOX2FE
http://www.youtube.com/watch?v=p6DQGMdcLdQ
http://www.youtube.com/watch?v=22Bl8xt6dio
http://www.youtube.com/watch?v=gsTs9d4O30g
http://www.youtube.com/watch?v=UjOlG__Nyg0
http://www.youtube.com/watch?v=IuKbLqLRRVQ
http://www.youtube.com/watch?v=9psAUPSzQ98
http://www.youtube.com/watch?v=_zFVlA6F9QI
http://www.youtube.com/watch?v=HIa3DXMuk3I
http://www.youtube.com/watch?v=-hL_GycpvT8

domingo, 22 de agosto de 2010

por Daniel Lopes – “A maioria dos nossos teólogos e alguns dos nossos filósofos se empenham em nos convencer de que Deus existe. Muito amável da parte deles. Mas, afinal, seria mais simples, e mais eficaz, Deus consentir em se mostrar!”, escreveu o filósofo humanista e materialista francês André Comte-Sponville.*
Eis uma questão que ocupa grande parte das elucubrações de crentes e descrentes. A evidência ou não da presença de Deus no nosso mundo é, por assim dizer, uma discordância que une os dois lados.Não foi premeditado, mas as aspas do meu título têm o poder de agradar (ou pelo menos não desagradar) a gregos e troianos. De fato, para os crentes a “invisibilidade” de Deus é apenas aparente (!). E para os ateus ou agnósticos, ela é apenas um eufemismo para a inexistência de um Ser Superior. Tomemos os argumentos de um ateu e de um crente para tornar mais claros os pontos da controvérsia. Em 1996 o cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI, teve o seguinte a dizer: Na nossa maneira de viver e de pensar, há tantas interferências perturbadoras que não somos capazes de captar o som, que também se tornou tão estranho para nós que não o reconhecemos como vindo dEle. (…) [Deus fala] através de sinais e dos acontecimentos da vida, e através das outras pessoas. É necessário, pois, ter uma certa vigilância e perseverança para não ser dominado pelas coisas que ocupam o primeiro plano.**
É a velha tática cristã de, em vista das evidência (ou melhor, das não-evidências), pôr a culpa no receptor, ao invés de no suposto Emissor – que nesse caso seria incompetente ou apenas… suposto.
Que Deus não se faça perceber clara e imediatamente, nem mesmo em medida igual a essas “interferências perturbadoras” que deveriam ser periféricas mas que no entanto “ocupam o primeiro plano”, nos faz pensar… O citado André Comte-Sponville conta-nos que, em sua infância católica, certo dia disse ao padre com quem se confessava: “Eu rogo a Deus, mas ele não me responde”. O padre respondeu: “Deus não fala porque ouve”. A seguir, relata André: “Isso me fez pensar por muito tempo. Com o passar deste, porém, esse silêncio me cansou, depois me pareceu suspeito. Como saber se é o silêncio da escuta ou da inexistência?” O argumento mais propagado pelos crentes para explicar por que Deus não é tão visível foi refutado por Comte-Sponville. É aquele estruturado por Kant na Crítica da razão pura. Segundo este filósofo conterrâneo de Ratzinger e muito querido seu, se Deus estivesse “sem cessar diante dos nossos olhos”, isso levaria a humanidade à “heteronomia”, ou seja, à ausência de autonomia. Nos submeteríamos às normas morais, mas meramente por interesse. Kant: “A maioria das ações conformes à lei seriam produzidas pelo temor, somente algumas pela esperança e nenhuma pelo dever”. Em resumo, “o valor moral das ações não existiria mais”. O filósofo ateu encontra três defeitos nesse argumento: 1) Se é verdade que Deus se esconde para nos deixar mais livres, então somos mais livres que o próprio Deus – que não tem a opção de acreditar ou não em sua própria existência – e, por conseguinte, não haveria como termos sido feitos à sua imagem e semelhança, segundo reza o dogma. 2) A teoria kantiana implica que há mais liberdade na ignorância do que no conhecimento, idéia refutada no Ocidente pelo menos desde o Iluminismo. 3) Por fim, se Kant e seus seguidores estivessem corretos, cairia por terra o mito de um “Deus Pai”. “O que vocês pensariam”, nos indaga André, “de um pai que se escondesse dos seus filhos? ‘Não fiz nada para manifestar minha existência, eles nunca me viram, nunca me encontraram’, ele contaria a vocês. ‘Deixei-os crer que eram órfãos ou filhos de pai desconhecido, para que fossem livres de acreditar ou não em mim…’ Vocês achariam que esse pai é um doente, um louco, um monstro. E teriam toda razão. Que Pai seria este para se esconder em Auschwitz, no Gulag, em Ruanda, quando seus filhos são deportados, humilhados, esfaimados, assassinados, torturados?” Joseph Ratzinger também tem algo a dizer sobre a liberdade. Desta feita, em 2001: (…) para o cristão, Deus, por um lado, abarca tudo, sabe tudo, guia o curso da História, mas, por outro lado, dispôs as coisas de tal modo que a liberdade encontra o seu lugar.*** Há uma absurda contradição aí: como eu e meus semelhantes teríamos alguma importância no desenrolar dos fatos se Alguém já “guia o curso da História”? Acrescente-se a isso a informação de que, para o futuro papa, 1)a Igreja é a “Esposa de Cristo” na Terra e 2)seus ditames devem guiar as atitudes individuais mais que a própria consciência de cada um, e teremos enfim uma noção exata do que o senhor Ratzinger entende por “liberdade”.**** Mas voltemos à questão da visibilidade de Deus.Para o chefe da igreja Católica, “Ele [Deus] se manifesta, mas não de forma ruidosa, não necessariamente sob a forma de uma catástrofe natural, embora as catástrofes naturais também possam ser manifestações suas.” Os grifos são meus e levantam questões importantes. Dessa luminosa explicação, conclui-se que há desastres naturais que Deus não pode controlar; assim sendo, não é um Deus onipotente. Se pode e não controla, não é um Deus bom – já que não se sabe como a inexistência de tais eventos lamentáveis poderia atrapalhar nas escolhas que balizam a “liberdade” do homem. No caso de um desastre ser uma manifestação Sua, algum ingênuo poderia perguntar se não dava para o Bom Senhor se fazer notar de uma maneira que causasse menos desgraça e mortes. E será que não dá para o cabeça da “Esposa de Deus” nos listar as catástrofes naturais que são manifestações dos Céus, e quais não? Não seria preciso remontar às catástrofes mais primitivas, como àquelas que ajudaram no surgimento da nossa espécie, mas, digamos, dentre as dos últimos cinco anos, quais foram as que tiveram a mão de Deus? Aliás, não deveríamos nesse caso rebatizá-las para “catástrofes divinas”, em contraposição àquelas naturais, digo, demasiado naturais? Mois: A espécie humana diferencia-se de outras espécies não só pela grande capacidade de raciocínio, mas também pela capacidade de acumular conhecimento ao longo do tempo. No entanto o ser humano,assim como outras espécies, tem seus costumes, e estes também são transferidos os longo do tempo. As religiões são costumes que tem suas origens ainda no processo de formação do homo sapiens sapiens, e naturalmente foram mantidos pela tradição, até porque não havia motivo para que estes costumes desaparecessem. Analisando estes costumes percebemos que em algumas culturas havia culto de um único deus, o deus criador. Porem, libertando-se desta influência cultural que ainda persiste, o que devemos nos perguntar é: porque acreditar em deus? Ou ainda, porque questionamos se existe um deus ou não?
Nos perguntamos simplesmente porque isto faz parte da nossa cultura? Ou porque há alguma evidência que de sentido a esta pergunta?
Evidências sabemos que não há. O que existe é uma crença ainda presente em nossa sociedade e que inevitavelmente influencia qualquer ser humano pertencente a esta sociedade. Mesmo os ateus são influenciados pelos valores religiosos.
Considero portando a existência ou não de deus como um falso dilema. Não há motivação lógica nem para questionarmos se existe ou não um deus. Pois o que há, não é um deus criador, mas um deus criado pelo homem, e tal estudo deveria se restringir à sociologia.
Portando eu não me pergunto se existe ou não um deus, pois como cético, esta pergunta sequer faz sentido. Mas se me perguntarem se existe ou não um deus, eu devolveria imediatamente a pergunta: o que é deus?
Existem deuses em vária culturas, e cada uma tem suas definições para deus. Existem inclusive religiões politeístas e monoteístas. Não há nenhuma lógica em dizer que uma é mais verdadeira que outra. Mas se qualquer uma delas me mostrarem as características que define seu deus, eu posso analisar enfim se deus existe ou não.
Uma definição muito comum, a de que deus é bom, já torna duvidoso tal deus, pois o termo “bom” é um termo relativo, é inerente a uma cultura apenas, e não a toda civilização humana, e muito menos ao universo. Como se o argumento anterior não bastasse, eu continuo: e se deus é bom (segundo a definição da cultura atual), porque puniria alguém que não acredita nele se ele nunca se manifestou? Porque puniria alguém que viveu uma vida que não pediu (pois ninguém pediu para nascer). Os crentes então não precisariam ser prisioneiros desta crença, não teria porque seguir qualquer ritual, e poderia acreditar simplesmente no que vê, ou seja, a inexistência de um deus.
Talvez as únicas características que não são negadas pela lógica são as de que deus é criador do universo, é um ser consciente, inteligente, e capaz de nos observar (pois se fosse apenas criador, poderíamos chamá-lo de Big-Bang). De fato não podemos negar (pelo menos até agora) a existência de um criador, ou que exista algo inteligente que esteja nos observando. Mas também não há nenhuma evidência de que isto exista. Então volto às mesmas perguntas: porque acreditar em deus? Porque questionamos se existe um deus ou não?

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Última entrevista com Carl Edward Sagan:

Parte 1. http://www.youtube.com/watch?v=h9DwkAWJTew
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Parte 2. http://www.youtube.com/watch?v=mj837dPP50k
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Parte 3. http://www.youtube.com/watch?v=SEPYfXPEh78