terça-feira, 29 de novembro de 2011

COMO ENTENDER UM ATEU

“Quem quiser crer, crê e acabou-se.” Saramago
Autor: Meire Gomes
Em 2009 publiquei um ensaio extenso chamado ‘Acerca da Fé – uma peça em 12 atos‘, objetivando estimular tanto a tolerância entre pessoas com fé e sem fé quanto entre pessoas com credos distintos.
Apesar do ateu ser alvo de um preconceito praticamente generalizado e nada implícito, muitas vezes o crente também é alvo de preconceitos vindos de ateus imaturos ou muito passionais.
Este trecho do Ensaio foi construído com questões recorrentes em debates virtuais e presenciais.
Para boa parte dos leitores não haverá nada novo. O FAQ destina-se sobretudo aos crentes e aos ateus que, em vez de tratar o tema com controle emocional, debatem de maneira jocosa ou agressiva e julgam-se intelectualmente ou moralmente superiores.
Como entender um ateu?
(1) Por que eles não acreditam em Deus? E por que eles não acreditam numa mente superior?
Eles não acreditam porque não existem evidências que os convençam de que exista uma força não natural agindo sobre o Universo. Se existisse uma evidência convincente para os ateus, ela seria forte o suficiente para todo o mundo ter uma religião só ou acreditar no mesmo ou nos mesmos deuses.
As evidências das pessoas que creem são tão variadas em seus significados, que geram milhões de entendimentos mundo afora, porque elas não são fatos e sim sensações que as pessoas interpretam à sua maneira.
Da mesma forma que os religiosos merecem respeito pelo valor que dão a essas sensações, os ateus merecem respeito pelo valor que dão ao peso das evidências.
As Leis da Física, a Biologia e as Ciências de uma maneira geral conferem respostas naturais para fenômenos que são tido como sobrenaturais ou miraculosos para muitas pessoas. Quando existem lacunas e ausência de respostas, os ateus não a preenchem com forças fora da natureza: esta é uma das principais diferenças entre ateus e crentes.
Da mesma forma que você está no direito de não crer no deus dos outros, os ateus também tem o mesmo direito. Como você, eles também não compartilham a fé dos outros.
(2) Se Deus não existe, tudo é permitido para os ateus?
Não, da mesma forma que tudo não é permitido para quaisquer outras pessoas.
Se você não rouba, não mata e não estupra só porque tem medo de ir para o inferno, isto não acontece com a maior parte das pessoas, sejam elas ateias ou crentes.
Os atos do homem são passíveis de duas sentenças: os ditames de sua consciência e as normas legais de seu país. Estes dois juízes são universais e existem tenha a pessoa ou não fé em um Deus em particular.
As pessoas em geral não matam, roubam ou estupram porque o homem é um ser adaptado à vida gregária e tem freios morais devidamente selecionados ao longo da evolução da nossa espécie. A consciência é uma ‘ferramenta’ vantajosa para a vida em sociedade presente em pessoas de todas as etnias e culturas.
Pessoas destituídas de consciência, empatia ou arrependimento são os Sociopatas ou Psicopatas, que constituem, para nossa felicidade, parcela menor da população.
Os psicopatas não são apenas os serial killers, são desde pessoas que buscam ganhos ilegítimos, como alguns líderes religiosos e políticos, como aquele ‘amigo’ ou parceiro sexual aproveitador que provoca danos em terceiros e não respeita os sentimentos de ninguém.
Pode existir algum psicopata ateu? Claro que pode, ateus são pessoas como outras quaisquer.
(3) Os ateus são a favor do aborto?
Ateus não são pessoas feitas em série e que concordam entre si em todos os aspectos. Por definição, ateu é todo aquele que não acredita em um ou mais deuses.
Os ateus podem discordar entre si em outros assuntos tanto quanto um crente de uma igreja discorda de outro crente da mesma igreja.
Há ateus favoráveis à legalização do aborto, ateus contrários e ateus sem opinião formada. E o mesmo ocorre com religiosos. Muitos religiosos são favoráveis à legalização do aborto por questões de saúde pública.
(4) Os ateus cultuam o’ satã’?
Não.
O Satanás, conforme os crentes, foi criado pelo Deus cristão e seria um anjo caído. Só é possível para alguém cultuar o Satanás se acredita na existência de Deus, portanto, tal culto é um ato antirreligioso ou herege realizado por uma pessoa crente.
(5) Como os ateus enfrentam momentos de dificuldade e tristeza?
Como quaisquer outras pessoas, buscando o que lhes forneça conforto, como o apoio da família, ou de um ombro amigo. Todas as pessoas precisam de um conforto, a diferença é que ateus não buscam um conforto sobrenatural.
Da mesma forma que uma pessoa que crê em Krishna não busca Allah nos momentos difíceis, uma pessoa que crê em Alah não busca conforto em Jesus Cristo ou você, cristão, não busca conforto na Cientologia, o ateu faz o mesmo. Não busca conforto em Krishna, em Allah, em Jesus Cristo ou na Cientologia.
(6) Como a pessoa se torna ateia?
Como a formalização da crença depende primordialmente de onde a pessoa nasce, do que lhe foi ensinado na infância, das experiências que acumulou ao longo da vida, do que ouviu, viu, estudou etc, com a falta de uma crença pode ocorrer coisa similar. Mas no geral o processamento mental de não crer é mais complexo, porque nosso cérebro é predisposto a crer.
Um exercício para entender: suponhamos que você seja brasileiro e seus pais católicos e que você seja católico praticante. Se você tivesse nascido em Israel e fosse filho de Judeus ortodoxos, acha que mesmo assim seria cristão? Na infância e adolescência precoce certamente não. Mas poderia vir a ser cristão, ateu ou budista no futuro, com base em outras experiências na adultícia e seus questionamentos, ou permanecer muçulmano o resto de sua vida.
Se a pessoa já nasce num lar ateu ou agnóstico e não é ensinada a seguir um credo em particular, poderá ser ateia para o resto da vida, como poderá, em algum momento, passar a crer por influência do meio.
As pessoas adultas se julgam ateias ou crentes através de um questionamento, o que varia entre elas é o grau de satisfação das respostas que obtem. Como há pessoas com pouca ou com muita confiança em Deus, há ateus mais ou menos convictos. A fé de uma pessoa pode sofrer altos e baixos e nada impede que a convicção de um ateu em particular sofra o mesmo.
O que torna mais difícil uma pessoa tipicamente ateia se converter a algum credo em particular, é que na trajetória do ateísmo é comum a pessoa já ter sido crente antes e ter estudado ou observado diversas religiões. É possível que a mente do ateu tenha um processamento lógico diferente da mente do crente, mas isto é tema para outra discussão.
Há também a possibilidade da pessoa se tornar ateia porque perdeu um filho ou se decepcionou com a bondade de Deus. Esse tipo particular de ateísmo, o ateísmo do ‘revoltado’, é basicamente emocional e pode fazer com que a pessoa mude de opinião se sentir abençoada ou for convencida de que os problemas do mundo são provações para o crescimento espiritual do povo de Deus ou algo similar.
(7) É verdade que na hora da morte muitos ateus se convertem?
Os ateus veem a morte como algo natural e consequência da vida, mas podem ter angústias no leito de morte como quaisquer outras pessoas venham a ter.
Basta irmos a um velório para vermos o quanto as pessoas sofrem com a morte, mesmo quando creem em Deus.
Crer ou não crer não torna a nossa morte mais atraente. Pela lógica, quem acredita em Deus, Paraíso e vida após a morte deveria alegrar-se ao morrer, mas não é isto que se vê em velórios de cristãos. Uma crença autêntica na vida eterna em um mundo paralelo florido e asséptico não é compatível com luto ou medo da morte.
A morte é a demonstração concreta de nossa finitude. Choramos tanto pelo ente perdido quanto por nossa constatação de que poderemos ser o próximo.
Mesmo crendo em vida após a morte e creditando a esta o status de passagem para algo melhor, há pessoas que sofrem por anos ou até durante toda a sua vida quando perdem um filho, por exemplo. Alegar que alguém está sofrendo durante um velório exatamente por ser ateu é um vício de confirmação.
Contrariando o que muitas pessoas pensam, pacientes com longas enfermidades enfrentam a vinda da morte com muita serenidade porque tiveram mais tempo para refletir.
Defender que uma conversão de um ateu deve ocorrer na hora do sofrimento é advogar contra sua própria fé: é preciso estar desesperado para crer?
As pessoas que pensam assim esquecem que ateus são pessoas que também passam por problemas em suas vidas, e nem por isto necessariamente voltam-se para algum tipo de crença, da mesma forma que pessoas que creem necessariamente não deixam de crer porque Deus não teria ouvido suas preces.
Stephen Jay Gould, Carl Sagan e José Saramago, a exemplo de muitos outros ateus, enfrentaram suas moléstias e despediram-se da vida sem conversões religiosas.
Se você passou a vida inteira cristão convicto não se tornará ateu justamente na hora da morte, da mesma forma que um ateu em geral não abraçará algum credo.
Estar com medo ou sob ameaça dificulta um raciocínio adequado, portanto, pensar a morte anos antes dela ocorrer é a forma de se preparar ao menos parcialmente para ela, seja a pessoa crente ou ateia.
A imposição por ameaça – fogo do inferno, por exemplo – ou promessa de cura e prosperidade são formas comumente usadas por muitos líderes religiosos para forçar conversões de pessoas que de fato já são crentes, mas que estavam ‘desviadas’ da Igreja.
Os mecanismos de conversão muitos ateus conhecem na prática, porque muitos deles já creram em Deus um dia através desses caminhos.
O momento em que a pessoa está mais fragilizada emocionalmente é o mais fértil para que ela ou perca a sua fé ou se converta e não se constituem situações que especificamente caracterizem uma opção consciente.
(8) Os ateus são contra Religiões?
Alguns ateus são contra, outros são indiferentes e outros ainda apostam que a paz entre os povos seja possível mesmo com religiões.
Como já foi dito antes, o fato de alguém ser ateu não transforma sua opinião idêntica a de outros ateus em assuntos diversos.
(9) Os ateus são mais inteligentes do que os crentes? Por que há tantos ateus nas universidades e nos meios científicos? E por que praticamente não existem ateus nos presídios?
Não, ateus não são mais inteligentes do que quaisquer outras pessoas.
O que ocorre é que entre as pessoas não alfabetizadas ou com pouca instrução há uma parcela pequena de ateus/humanistas seculares, mas isso ocorre por questões sobretudo culturais.
Entre os ateus há uma parcela importante de pessoas com nível de instrução mais elevado que podem ser tão inteligentes e produtivas quanto são inteligentes e produtivos muitos crentes com o mesmo nível de instrução. Instrução e inteligência não são a mesma coisa.
O que ocorre de fato é que é mais possível uma pessoa se tornar ateia se tiver acesso à diversidade dos credos, a preceitos filosóficos e científicos, viajar mais e conhecer outras culturas.
Para ficar bem claro e evitar preconceito dos dois lados: não é preciso ser mais inteligente do que os outros para ser ateu, mas pode ser preciso ter mais instrução. E um maior nível de instrução não torna necessariamente uma pessoa ateia.
Quando se demonstra estatisticamente que o índice de criminalidade entre ateus é menor que entre crentes, não podemos concluir que ateus seriam menos predispostos ao crime do que crentes.
Há menos apenados entre os ateus da mesma forma que há menos apenados entre pessoas que creem em Deus e são economicamente favorecidas. Certamente há muitas explicações para isto, como a facilidade de acesso a bons advogados, condições materiais para o pagamento de fiança ou ação criminosa melhor planejada, como sonegação de impostos, lavagem de dinheiro, estelionato e fraudes de uma maneira geral.
As pessoas privadas das necessidades básicas – sobretudo aquelas que vivem na periferia de grande centros, já quem em zonas rurícolas há acesso à agricultura de subsistência – perpetram crimes como assalto e furtos em maior proporção quando comparadas a pessoas em menor vulnerabilidade social.
Não estou afirmando que o ambiente é a única variável, tampouco que em termos individuais a pobreza transforme alguém em criminoso, mas que as condições sociais perversas como a fome e o endividamento são variáveis de peso em termos populacionais.
Em suma: Ao atribuirmos a uma correlação estatística o mesmo peso que concedemos às verdadeiras relações de causa e efeito, poderíamos concluir que ser crente é fator de risco para ser bandido porque os presídios estão lotados de cristãos ou que o arroz cause tuberculose porque 95% dos portadores de Tuberculose ingeria arroz diariamente.
(10) Você é ateia porque nunca adoeceu ! Quero ver ser ateia quando estiver num avião caindo! Você é ateia porque nunca teve problemas !
Esses ‘argumentos’ coroam boa parte das discussões. O fato de parte significativa dos ateus ser favorecida pelo menos culturalmente gera o mito de que o ateísmo resulta da bonança, da falta de problemas.
Meu pai morreu nos meus braços, foi uma das maiores dores que tive na vida. Passado o choque inicial, permaneci serena e aceitei. Nada similar a algum tipo de conversão aconteceu.
Em 2006 eu tive suspeita de câncer. Submeti-me a duas cirurgias e em nenhum momento pensei em algum tipo de apoio sobrenatural. De fato, ser ateia me ajudou nas semanas mais difíceis, porque o crente tende a se autoflagelar com questionamentos como: “Meu Deus, por que comigo?” ou “O que eu fiz para merecer?“.
Em 2007 passei por uma turbulência durante um voo, e permitam-me os pis, mas as únicas palavras que sairam da minha boca foram: eita p****, essa m**** vai cair! E isto virou lenda entre meus amigos porque era a última ‘provação’ que faltava.
E a inversão vem ai. Depois que rebato as acusações de que sou ateia por ter ‘vida de princesa‘, o crente tende a fechar sua argumentação invertendo-a cem por cento: “Ahhhh ! Você é ateia porque acha que Deus está contra você!”
***
Não há como construirmos tolerância entre ateus e crentes de uma forma que não envolva combate bilateral ao preconceito e debate racional.
Esta é a nossa Revolução.
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postado por MeireG em Meire Gomes,Religião

Comentários (41)
Tags: Ateísmo
41 Comentários

Renan, em 9 novembro 2010 às 10:44
Excelente.

Augusto, em 9 novembro 2010 às 10:54
Muito elucidador o texto. Sintetiza de forma clara o que todo ateu poderia usar como idéia de conduta, porque nele não existe prepotência, imposição de crença e sobretudo preconceitos. Parabéns a autora.

Homero, em 9 novembro 2010 às 11:30
Excelente, muito bom o texto, e muito claro e preciso. Um texto que deveria ser distribuído nas escolas..:-). É um resumo bastante acurado da maioria das discussões com quem crê, inclusive as inversões malucas de “argumentos”.
Parabéns.
Homero

Francisco Maximiano da Silva, em 9 novembro 2010 às 11:50
O texto já era um antigo conhecido. Realmente muito esclarecedor, e compartilho da opinião de que deveria ser distribuído nas escolas. Está de parabéns!

Saulo, em 9 novembro 2010 às 11:52
Excelente texto! Tomei a liberdade de retirar um trecho e postar no meu orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=16041319964563860926

Tariq Trindade, em 9 novembro 2010 às 12:07
Genial o modo como ela expôs os argumentos. Expressou coisas que eu demoraria muitos anos pra conseguir traduzir em palavras mas que estavam na minha cabeça há anos.

Sérgio K, em 9 novembro 2010 às 12:21
Excelente texto. Principalmente pelo item 4, raramente abordado. Muitas pessoas que acreditam em deus pensam que os ateus são adoradores do diabo, satanás ou qualquer outro nome. Não percebem que a concepção da existência do demônio só se justifica para contrapor a ideia de deus.

Bosco, em 9 novembro 2010 às 13:41
Um belo texto, mostra bem o cotidiano de um ateu que vive muito perto de crentes.

Heyder, em 9 novembro 2010 às 15:27
Um texto preciso.
Ah, e vejam “José & Pilar”, vale muito a pena.

felipe, em 9 novembro 2010 às 15:32
“Você é ateia porque nunca adoeceu !”
Então todo teista é doente.
lol, vi uma resposta assim, mas não me lembro onde.

Bosco, em 9 novembro 2010 às 15:38
‘Acerca da Fé – uma peça em 12 atos‘
Onde consigo na íntegra?

Mauricio, em 9 novembro 2010 às 16:31
O texto é bom, mas não levem a mal, ter um texto explicando oque é um ateu em um blog ateu, me parece uma redundancia, é verdade que alguns religiosos postam aqui, mas são uma minoria.
Se esse texto for colocado em um jornal, ou no site de um jornal de grande circulação, ai sim faria alguma diferença.

Leon, em 9 novembro 2010 às 16:58
Gostei do texto, muito bem feito, ótimo pra mostrar aos amigos, especialmente aos religiosos.
Particularmente, achei q faltou desenvolver um ponto: as crenças interferem na vida tanto dos religiosos quanto dos ateus, por isso surgem grupos como o Bule. Isso poderia deixar o texto mais agressivo, o que não me parece a intenção, mas me fez falta realmente.

Josef, em 9 novembro 2010 às 17:31
Ótimo texto. Perfeito. Já vou divulga-lo em meios onde há falta de compreensão e preconceitos. As vezes cansa dar as mesmas respostas dia após dia.

Meire G, em 9 novembro 2010 às 20:28
Bosco,
Retirei o Ensaio do ar para revisá-lo, mas ele ainda está no cache do Google:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:nJgYyI7HFG0J:saladamedica.wordpress.com/2009/07/01/acerca-da-fe-uma-peca-em-12-atos/+%22acerca+da+f%C3%A9%22+uma+pe%C3%A7a&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Abraço,
@meire_g

Igor Santos, em 9 novembro 2010 às 20:52
Não existe ateu em avião caindo da mesma forma como não existe crente em ambulância.
Se a fé fosse realmente forte, não precisaria ligar para o SAMU.
Muito bom, gostei da serenidade.

Hudson Lacerda, em 9 novembro 2010 às 21:31
Meire,
Ótimo texto!
:=)

Diego Pedro, em 9 novembro 2010 às 22:33
É um ótimo texto, porém falha em alguns pontos.
Falar de várias religiões não explica o fato da não existência de Deus até porque estas religiões estão entrelaçadas em partes com a cultura de seus povos a exemplo do Islamismo e o Hindu.
O fato de a média de instrução dos ateus ser superior aos dos cristãos, atende ao fato de que os ateus acreditam que tudo pode ser explicado através da razão, e que acreditam que todas as respostas para as perguntas não respondidas um dia serão encontradas.
“Como o tudo pode ter vindo do nada?”
Esta pergunta eu fiz a vários ateus com quem tive a oportunidade de discutir sobre religião, alguns disseram que o ser humano encontrará a resposta para esta pergunta e outros rebateram com uma pergunta “E o seu Deus de onde veio”.
A questão é que os Ateus acreditam na não existência de Deus pelo fato de não haver provas físicas de sua existência, ora bolas, se existisse estas tais provas, qual seria o sentido da fé?
A fé é simplismente o ato de acreditar em algo que não há provas, parece ser algo meio sem argumento, pelo fato de o pensar ciêntifico acreditar em algo apenas se existe provas que comprove a sua veracidade. A fé é algo que não pode ser ensinada ou persuadida, e sim encontrada.

Leo, em 9 novembro 2010 às 22:48
Muuuuito bom mesmo, um texto serio e calmo.
Tata do assunto com muito realismo e susinticidade.
=)

Naná, em 10 novembro 2010 às 03:44
É foda!
P.s: Saramago era um fofo! *.*

Naná, em 10 novembro 2010 às 03:53
Outra coisa, sou atéia e morro de medo de viajar de avião!
kkkkkkk

MeireG, em 10 novembro 2010 às 07:47
Diego Pedro,
A questão “Como o tudo pode ter vindo do nada?” já começa afirmando ser verdade que o universo veio do nada, e desconsidera a possibilidade dele sempre ter existido. É um mero exercício retórico que não prova que um ou mais deuses existam ou que não existam, porém sugere muito mais a inexistência de deuses. Parafraseando Sagan, se NADA pode vir do nada, de onde teria vindo deus? E se o universo sempre existiu, não teve criador.
Nem tudo tem ou precisa ter uma explicação. É possível que a resposta para a questão de onde veio o universo nunca exista, e que as pessoas continuem criando novos deuses e novas religiões, como a Cientologia, que cresce em todo mundo. Religiões quase mortas como algumas crenças nórdicas estão voltando, e assim as pessoas vão preenchendo suas dúvidas.
O texto fala de crença e falta de crença. Eu não afirmo que não exista um deus, 10 deuses ou que o verdadeiro deus não seja Odin. Só não acredito que eles existam, da mesma forma que talvez você não acredite em Isis ou Afrodite. Sua falta de crença em Isis é tão válida quanto a minha falta de crença em qualquer outro deus e se baseia nas mesmas coisas. Não tem nada a ver acreditar em Isis, em suma.
O fato de cada cultura criar um sistema de crenças e incluir nele um ou mais deuses, a inexistência de quaisquer evidências que apontem para a existência de Odin ou Alah, toda bagagem desde a infância, tudo que li quando adulta, me tornaram ateia. Ninguém vira ateu só porque constatou que existem 25.000 credos distintos no mundo (conforme Mircea Eliade). Desculpe por ter dado esta impressão ao escrever o texto.
Um abraço,
@meire_g

Carlos, em 10 novembro 2010 às 09:16
Excelente!!! De vem em quando, precisamos de uns textos assim, como, também, por exemplo, sobre o Casamento Gay, Aborto (Eli), Estado Laico, entre outros que já obtivemos, semanas atrás. Sugiro até que os editem, maaaaaais tarde, em forma de livretos, como popularização desses conhecimentos.
Parabéns, Meire!

Mauricio, em 10 novembro 2010 às 09:39
Diego Pedro
“Falar de várias religiões não explica o fato da não existência de Deus até porque estas religiões estão entrelaçadas em partes com a cultura de seus povos a exemplo do Islamismo e o Hindu.”
Explica, porque mostra que existem muitas outras religiões, cada uma com sua ideia de como o universo se formou, e nenhuma delas apresenta evdencias pro seus deuses.
“O fato de a média de instrução dos ateus ser superior aos dos cristãos, atende ao fato de que os ateus acreditam que tudo pode ser explicado através da razão, e que acreditam que todas as respostas para as perguntas não respondidas um dia serão encontradas.”
Meio certo essa parte, sim um ateu, quando quer saber alguma coisa, pesquisa sobre o assunto,por isso a instrução maior, mas é principalmente porque nos não fomos programados pela igreja a simplesmente dizer: foi deus que fez; ou escapamos dessa programação.
Mas nem todo ateu acredita que tudo vai ter respostas, eu pelo menos no seu tempo de vida, oque da quase no mesmo.
““Como o tudo pode ter vindo do nada?”
Esta pergunta eu fiz a vários ateus com quem tive a oportunidade de discutir sobre religião, alguns disseram que o ser humano encontrará a resposta para esta pergunta e outros rebateram com uma pergunta “E o seu Deus de onde veio”.”
Nossa ciencia explica desde o Big Bang, passando pela formação das estrelas, planetas, buracos negros, materia negras, surgimento e evolução da vida, então esta longe de dizer que tudo veio o nada.
Mas se você me perguntar de onde veio a materia do Big Bang, eu não sei, mas isso não torna sua ideia, uma verdade, você ainda tem que provar que deus existe.
“A questão é que os Ateus acreditam na não existência de Deus pelo fato de não haver provas físicas de sua existência, ora bolas, se existisse estas tais provas, qual seria o sentido da fé?”
Exatamente o meu ponto, se não existe evidencias para provar isso, não tem porque acreditar, e seria uma grande irresponsabilidade, espalhar isso como verdade.
“A fé é simplismente o ato de acreditar em algo que não há provas, parece ser algo meio sem argumento, pelo fato de o pensar ciêntifico acreditar em algo apenas se existe provas que comprove a sua veracidade. A fé é algo que não pode ser ensinada ou persuadida, e sim encontrada.”
Muito errada essa parte, se a fé não pudesse ser ensinada, a igreja não cresceria, e crianças não sofreriam lavagem cerebral nas igrejas, tudo pode ser ensinado, desde o odio , ate a fe para se colocar um colete com esplosivos e matar outras pessoas.
Se a fé fosse abandona e substituida por educação e ciencia, nos teriamos menos motivos para nos separarmos, menos violencia, e com certeza uma sociedade mais justa.

Homero, em 10 novembro 2010 às 12:05
Na verdade, Diogo Pedro, estamos todos aqui esperando, fervorosamente, que você “encontre a fé” de verdade, a “fé” na existência de Papai Noel. E no Unicórnio Cor de Rosa. E em Zeus. E em Alah, claro.:-)
Não posso, claro, explicar essas existências, e não posso demonstrar nenhuma delas, mas, afinal, a fé não depende disso, mas de ser “encontrada’. Quando finalmente você “encontrar” a fé, saberá que esses seres maravilhosos e poderosos existem, e acreditará nisso firmemente.
Parece ridículo? Parece ironia e sarcarsmo? Bem, é mesmo ridículo e um pouco de ironia, foi a maneira que encontrei de tentar explicar, de novo e de novo, o erro básico de sua argumentação.
Claro que a fé é acreditar sem ter evidências, temos escrito isso centenas de vezes. Não se discute fé, as pessoas podem acreditar nas coisas mais absurdas, e não vamos discutir. São os efeitos, desdobramentos, escolhas baseadas nessas crenças que são refutadas, discutidas, recusadas.
Você não crê em deus simplesmente. Se fosse apenas isso, a discussão acabaria aqui. Você crê em deus, e nas coisas que ele pretende, objetiva, intenciona, etc. Você crê em um deus específico, tanto quanto Alah ou Zeus, e que afeta e interfere no universo material.
Nesse ponto, deveriam haver evidências disso, e, como você mesmo reconhece, não há.
A falta de uma explicação, momentânea ou permanente, como “de onde veio tudo”, NÃO é evidência de nada, a não ser da falta de explicação. A resposta poderia ser “de deus”, quanto “de seres extradimensionais poderosos que retiram energia de buracos negros para sua civilização”. Uma faz tanto sentido quanto a outra (na verdade, a segunda faz mais sentido..:-).
Ateus não “acreditam” em nada, ou melhor, ateus são diversos nas coisas em que acreditam. Ateus apenas não veem evidência de seres sobrenaturais como deuses ou deusas. Da mesma maneira inclusive que você não vê evidências de deuses de outras religiões ou de unicórnios cor de rosas. E não vendo evidências, não acredita neles.
Você não “encontrou a fé”, apenas “escolheu” um dos muitos deuses disponíveis, e pensa ser o “deus certo”. Vivesse em outra cultura, escolheria outro deus e pronto. Não pode demonstrar que escolheu o deus “certo”, nem pode demonstrar que há um deus a ser escolhido. Apenas precisa disso.
Ateus podem até precisar, como temos repetido somos diferentes em tudo, menos na conclusão sobre a falta de evidências de deuses, mas reconhecem a falta de evidências. E crer não é algo que se faça intencionalmente. Não posso “escolher” acreditar em deus, se não vejo evidências, como você não pode “escolher” acreditar em Papai Noel, mesmo que por alguns minutos.
Faça um teste, tente “acreditar” em Papai Noel por dois minutos. Consegue? Claro que não..:-) A mesma descrença que nota em você sobre Papai Noel, existe em ateus sobre seu deus. Não fique triste, sobre todos os deuses que foram imaginados também..:-)
Minha sugestão é que releia o texto deste post. Com atenção, e sem a mente fechada aos argumentos. Tente entender o que se explica. Isso evita todos estes erros de lógica e de raciocínio que apresentou em sua mensagem. O texto foi escrito justamente para isso, para sanar os erros e distorções que crentes tem sobre o que é ser ateu, o que é ateísmo.
Homero

Adriana Chilante, em 10 novembro 2010 às 12:19
Ótimo texto! Muito didático. Vou mostrar pros meus filhos, pra eles se munirem dos argumentos que, muitas vezes, tento explicar, mas fica confuso.
Eu, às vezes, ainda admito que numa grande provação, num momento de grande fragilidade emocional, possa me deixar invadir pelo “instinto” irracional de crer que existe alguém por mim.
Mas também já passei por alguns perrengues e isso não aconteceu…Estou ficando “gente grande”, igual à Meire!
Parabéns.

Gláucio Pigati, em 10 novembro 2010 às 12:23
A fé é um estranho mecanismo cerebral que parece “desligar” algumas áreas do seu cérebro responsáveis pela razão e noções de realidade, tornando possível, assim, que você acredite em tudo aquilo que sua inteligência rejeita.
Então me responda, Diego Pedro, porque raios você quer então “encontrar a fé”???
Você gosta de ser enganado, é isso? rs

Munique, em 10 novembro 2010 às 12:36
Meire, que bom que você tem essa paciência de responder perguntas como a do Diego Pedro e afins e escrever textos como esse. Eu, ultimamente, ando perdendo essa paciência. Pudera… aqui no RJ as escolas estaduais têm aula de religião (na verdade, não é aula de religião, e sim praticamente uma igreja dentro da escola… o concurso para “professor” é realizado com base no credo; tem que levar uma declaração do pastor/padre/pai de santo para mostrar que a pessoa realmente é do credo. Uma porcentagem é destinada a católicos, outra a protestantes e outra a espíritas/umbandistas (que são colocados como mesma coisa); agora… se eu abrir a boca para comentar algo que TALVEZ sugira que estou defendendo ateísmo (interpretam assim se eu comentar sobre a evolução das espécies), caem matando, é crítica pra todo lado.
AFF… preciso urgente resgatar a paciência que deixo destruírem na escola.

Munique, em 10 novembro 2010 às 12:38
E… ah! Ninguém fala nada quando os professores colocam no fim da prova “Jesus te ama!” ou um provérbio da Bíblia, mas se eu colocasse qualquer comentário ateísta, certamente receberia muitos responsáveis na escola e ganharia alguns inimigos.

Marcelo Gaio, em 10 novembro 2010 às 12:46
muito bom o texto. as leis da fisica, biologia etc explicam as mesmas coisas tanto para o teista quanto para o ateista, quando sao verdadeiras, claro. é importante lembrar que o ateu nao detem essa exclusividade.
ao mesmo tempo a ausencia de evidencias do tal deus é a mesma tanto para um quanto para o outro.
seria interessante abordar o mecanismo que o teista utiliza na pratica e que o ateu nao utiliza. o que o ateu fez com essa mecanismo todo, ja que ele existe de fato. se transformou essa mecanismo em outra coisa, como por exemplo, numa racionalizaçao das coisas, repressao, negaçao etc.

Marcelo Gaio, em 10 novembro 2010 às 13:01
Uma coisa que foi colocada em alguns pontos do texto é a variedade de deuses, crenças e religioes. como por exemplo o de rkisna nao busca alla, nem o de alla busca cristo nas horas dificeis. e o ateu nao busca nenhum.
ora, o de krisna nao busca alla por que ja tem o tal krisna. o de alla nao busca cristo por que ja tem o tal de alla. o ateu nao busca nenhum por que nao tem nenhum.
nao se pode conlcuir que as coisas sao iguais dessa forma enre ateistas e ateistas. a conclusao é que alguma coisa esta sobrando, faltando, ou esta transformada ou disfarçada. nunca igual.

Valter Paulino, em 10 novembro 2010 às 16:13
Meire
Sou católico, criado na tradição católica e militante de diversos movimentos católicos.
Meus filhos fizeram outra opção. Embasados em diversos argumentos que você, sabiamente, expõe. Meu relacionamento com eles sempre foi de respeito a diversidade de opnião, eu e a mãe deles fizemos desta forma por acreditarmos ser mais saudável para a formação moral e de carater deles. Hoje adultos sinto orgulho de ter feito tal opção ainda na mais tenra infância deles. No momento eu e meus companheiros de pastoral travamos uma verdadeira batalha com diversos de nossos pares (católicos) sobre a questão, por vezes achamos que conseguimos avançar e por outras retroceder. De que qualquer forma saiba que há um grupo de cristãos que se solidarizam com esta causa por entendermos ser uma batalha justa que implica em defender os direitos humanos. Entendemos que a liberdade religiosa é uma perna muito pequena diante da livre liberdade de expressão.
Abraços
Valter

Rufa, em 10 novembro 2010 às 18:47
@Diego Pedro
Eu preciso que você tenha fé em mim.
Eu vim de uma galáxia distante, minha nave tá sem combustível e eu preciso abastecê-la, mas não tenho dinheiro.
Me dá cem reais?

Eli Vieira, em 10 novembro 2010 às 18:49
Sem dúvida um dos melhores textos já postados neste blog!
Obrigado Meire!

Igor Santos, em 10 novembro 2010 às 19:34
Ia responder a Diego Pedro (que pelo visto nunca conversou com ateus suficientes) mas já deram excelentes respostas, então vou me abster.
Porém, preciso dizer que faltou uma coisinha no texto: ateus não são necessariamente céticos ou vice-versa. Muita gente coloca os dois grupos no mesmo saco, mas não é bem assim.

Guilherme, em 10 novembro 2010 às 19:54
gostei muito do texto! parabéns!

Conrado, em 10 novembro 2010 às 20:47
Irreparável.
A revolução do esclarecimento (podem chamar de neoiluminismo) está só começando.

Destroyer, em 11 novembro 2010 às 23:49
Se os Crentes em qualquer sobrenatural se dessem ao trabalho de fazer um texto simples e claro como esse, talvez houvesse muito menos briga entre as duas partes.

Mauricio, em 12 novembro 2010 às 00:16
Destroyer
‘Se os Crentes em qualquer sobrenatural se dessem ao trabalho de fazer um texto simples e claro como esse, talvez houvesse muito menos briga entre as duas partes.’
Pra eles é bem mais dificil, porque a visão da religião deles varia de grupo pra grupo, de varia ate por individuo, cada um tem sua versão pessoal de deus.

Alex. Chacon, em 12 novembro 2010 às 01:30
Ótimo texto! Como foi dito pela autora antes..para um ateu nada do texto é novidade. Mas a forma tão esclarecedora do texto e ao mesmo tempo abrangente e com uma paciência franciscana, faz com que o texto mesmo sendo longo, seja lido com fluência. Vale mesmo até como uma referência à idéia principal: Como entender aqueles que não crêem, ou seja, nós ateus.

Luccas, em 23 novembro 2010 às 19:21
Olá.
Gostei muito do texto: além de bem escrito, desfaz muitos mitos idiotas sobre os ateus. Eu sou Cristão, mas tenho bons amigos Ateus, e nos respeitamos mutuamente. Acho um absurdo que em pleno século 21 os Ateus ainda sofram tanto preconceito, inclusive da parte de pessoas que, num primeiro momento, julgamos esclarecidas(*), e sejam vistos como pessoas sem ética, sem justiça, sem nada de bom. Que o preconceito contra os Ateus acabe um dia: é o que espero sinceramente.
[]‘s!
(*) – Tenho em mente o Datena. Ele comparou os ateus aos bandidos. Um idiota de primeira classe. Não sei como ainda deixam ele apresentar um programa. =S

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

FRASES INSTIGANTES

“Não consigo conceber um deus que recompense e puna as suas criaturas, nem que tenha uma vontade do tipo que experimentamos em nós mesmos. Não consigo nem quero conceber um indivíduo que sobreviva à sua morte física; que as almas fracas, por medo ou egoísmo absurdo, alimentam esses pensamentos.”
Albert Einstein, The world as I see it, 1934.

“O Cosmos é tudo o que existe, que existiu ou que existirá.”
Carl Sagan, Cosmos, 1982.
“Na realidade, porém, [só existem] átomos e vazio”
Demócrito de Abdera, § 9, séc. V a.C.

“Todas as coisas se compõem de átomos”
Richard Feynman, Lectures on Physics, 1963

"A individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta."
Arthur Schopenhauer

"Pois, liberdade significa ser livre de restrições e de violências perpetradas por terceiros. Daí não poder existir liberdade onde não há lei"

John Locke, Concerning Civil Government, Second Essay.
Em busca do Cristo

14
NOV
Jesus Cristo. Um dos personagens mais famosos da História. Nome fundamental à sustentação do Cristianismo, religião monoteísta com mais adeptos no mundo (2.1 bilhões). Seu suposto ano de nascimento é usado para dividir o calendário ocidental. Ainda assim, sua existência histórica é bastante contestável, não há registros confiáveis sobre sua existência física e vida na Terra, e tudo que se sabe dele provém de relatos cheios de fantasias acreditados por pessoas de fé. Por que a história de um personagem que se supõe que tenha sido tão importante para a humanidade é tão fragmentada e inconsistente?



A existência histórica de Jesus Cristo é um mito, e assim será até surgirem provas do contrário. Muitos historiadores religiosos hesitam em aceitar isto, e se sustentam em documentos antigos cheios de incoerências e referências fracas para dar força ao mito do Cristo. A história dele é contada originalmente em algumas centenas de escritos antigos chamados evangelhos, dentre os quais muitos foram destruídos e adulterados. Sendo os evangelhos simples testemunhos de fé, contando histórias fantasiosas, incoerentes e contraditórias, não nos dão garantia de veracidade daquilo que descrevem.

Excetuados os evangelhos, os líderes cristãos sustentam a existência de Jesus Cristo através de supostas referências diretas de historiadores tanto da época em que se supõe que ele tenha existido, quanto de épocas imediatamente posteriores (fim do século I EC e século II EC). Mas a verdade é que os historiadores que viveram durante e depois dessa época jamais fizerem qualquer citação a respeito do Jesus Cristo e dos cristãos que denotasse a possibilidade de que a história evangélica fosse verídica.

Filon de Alexandria (15 AEC – 50 EC)

Filon de Alexandria foi um teólogo e filósofo judeu, falante do grego e conhecedor de Jerusalém, onde residia sua família. Escreveu sobre a história e a religião dos judeus e seus conceitos serviram de base aos escritos do Novo Testamento.

Embora muitos sustentem que ele escreveu sobre Cristo, na verdade ele não faz qualquer referência a tal personagem em seu testemunho. Filon escreveu um tratado, já destruído, sobre Serapis, o Bom Deus, ao qual os evangelhos se assemelham bastante. Ele misturou o judaísmo a crenças e costumes pagãos, criando uma doutrina helenizada, inspirada em Platão, e escreveu grande parte do que hoje é o livro do Apocalipse. Seus conceitos incluem a ideia de que deus e sua palavra são unos; de que a palavra de deus é seu filho primogênito, instrumento de criação do mundo e de unificação, fonte de vida eterna e imutável; de que deus é um espírito trino; de maternidade de uma virgem; de céu e inferno; e de que deus é amor.

Citou Pôncio Pilatos em sua atuação como procurador da Judéia, além de vários fatos e personagens destacados de sua época, tendo sido bastante atualizado com os acontecimentos correntes. Ainda assim não fez qualquer referência a Jesus e seus feitos miraculosos.

Justo de Tiberíades (século I EC)

Justo de Tiberíades, escritor judeu do primeiro século, também ignorou a existência de Jesus, embora vivesse na Galileia e houvesse escrito sobre a história dos judeus desde Moisés até o ano 50 EC. Seus escritos foram perdidos e o que se sabe sobre ele e sua obra advém de Flávio Josefo e de Photios. Flávio Josefo não fez qualquer indicação de que relatos sobre o Cristo houvessem sido feitos por Justos. Photios, patriarca de Constantinopla entre 878-886 EC, escreveu “Bibliotheca” – obra sobre teologia, filosofia, retórica, gramática, física e medicina – comentando nesta a obra de Justo. Photios admitiu que na obra de Justo não havia qualquer referência a Jesus:

“[...] do advento de Cristo, das coisas que lhe aconteceram ou dos milagres que ele realizou, não há absolutamente nenhuma menção.”

Flávio Josefo (37 EC – 103 EC)

Flávio Josefo foi um historiador judeu e fariseu, nascido em Jerusalém e residente em Roma. Escreveu sobre os judeus em História dos Judeus (79 EC) e Antiguidades Judaicas (93 EC). Embora muitos cristãos considerem o testemunho de Josefo em Antiguidades Judaicas uma garantia da existência de Jesus Cristo, já é aceito entre os historiadores que o trecho de sua obra que cita o Cristo é uma alteração de monges copistas. Até a Encyclopedia Britannica, que considera a questão da existência de Cristo algo já “superado” pelas supostas evidências, assume a alteração feita no texto de Josefo. Diz-se no trecho:

“Naquele tempo, nasceu Jesus, homem sábio, se é que se pode chamar homem, realizando coisas admiráveis e ensinando a todos os que quisessem inspirar-se na verdade. Não foi só seguido por muitos hebreus, como por alguns gregos. Era o Cristo. Sendo acusado por nossos chefes, do nosso país ante Pilatos, este o fez sacrificar. Seus seguidores não o abandonaram nem mesmo após sua morte. Vivo e ressuscitado, reapareceu ao terceiro dia após sua morte, como o haviam predito os santos profetas, quando realiza outras mil coisas milagrosas. A sociedade cristã que ainda hoje subsiste, tomou dele o nome que usa“. (Antiguidades Judaicas, capítulo XVIII, página 63)

Obviamente, Flávio Josefo jamais afirmaria tal coisa, pois, como fariseu, ele não acreditaria que Jesus fosse o Cristo, e teria de renunciar a suas crenças para afirmá-lo. Sem falar que ele dedicava parágrafos e parágrafos, capítulos e capítulos de seus escritos a pessoas insignificantes, e pelo que se afirma de Jesus como alguém demasiado extraordinário é notável o tamanho sucinto do trecho que se lhe atribui falando em tal personagem. Além do mais, se esse trecho fosse autêntico teria sido usado pelos patriarcas da Igreja nos anos seguintes, quando estes tentaram provar a existência histórica de Jesus Cristo.

O trecho que cita Jesus e cuja autoria é atribuída a Josefo não foi aprovado pelos exames grafotécnicos, sendo considerando uma inserção fora de contexto e incoerente com o texto completo e com as ideias do autor.

Tácito (56 EC – 120 EC)

Tácito foi um famoso historiador romano. Ele redigiu uma obra chamada Anais (115 EC), onde se refere ao período compreendido entre 14-68 EC. O trecho de sua obra que os cristãos consideram uma referência direta a Jesus Cristo é o seguinte:

“Nero acusa aqueles detestáveis por suas abominações que a multidão chama de cristãos. Esse nome vem de Cristo, que sob o principado de Tibério, foi mandado para o suplício pelo procurador Pôncio Pilatos. Reprimida momentaneamente, essa superstição horrível rebrotou novamente, não apenas na Judéia mas agora dentro de Roma” (Anais, capítulo XV, p. 54)

Esse trecho, na verdade, não faz mais do que se referir àquilo em que acreditavam os cristãos. Além de Tácito não ter sido um historiador muito preciso, os estudiosos suspeitam de que esse trecho tenha sido incluído em sua obra por adulteração – o que explicaria o motivo de os patriarcas da Igreja nunca o terem usado, e de seu uso na comprovação da existência histórica de Jesus ter sido iniciado no século XV EC. Pôncio Pilatos nada escreveu sobre Jesus ao falar do período em que governou, no qual teriam acontecido os fatos descritos no trecho aqui citado da obra de Tácito.

Caio Suetônio (69 EC – 122 EC)

Suetônio foi um grande escritor latino dedicado ao estudo dos costumes romanos e do tempo em que viveu, tendo sido convenientemente indiscreto sobre a vida dos imperadores. Em sua obra História dos Doze Césares (120 EC) falou sobre Augusto, Tibério, Calígula, Cláudio, Nero, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano. Na parte referente à vida do imperador Cláudio, disse:

“O Imperador expulsou de Roma os judeus que viraram causa permanente de desordem pela pregação de Crestus.” (Vida de Cláudio, cap 25, p. 4)

Esse trecho não pode ser tido como referência a Jesus Cristo por três motivos simples: (1) aqui se fala de “Crestus”, que seria não exatamente o Jesus Cristo, mas um termo genérico que designa o “ungido de deus” e que era utilizado por vários ditos messias da época; (2) ainda que tal trecho se referisse ao Jesus Cristo, seria incoerente, pois se supõe pela história evangélica que Jesus tenha pregado e morrido na época de Tibério, não de Cláudio; (3) os cristãos do Jesus Cristo não faziam manifestações e balbúrdias, pois intencionavam ser discretos para com os líderes romanos, o que indica que esse trecho se refere a outras seitas de judeus, tais como zilotas, essênios ou terapeutas.

Plínio Cecílio (61 EC – 113 EC)

Plínio, o Jovem, foi subpretor da Britínia, e escreveu o principal documento sobre a erupção do Vesúvio (79 EC). Em uma carta de sua autoria endereçada ao imperador Trajano, em 112 EC, pergunta o que fazer com os cristãos.

“Os cristãos têm o hábito de se reunir em um dia fixo para rezar ao Cristo, que consideram Deus, para cantar e jurar não cometer qualquer crime, abstendo-se de roubo, assassinato, adultério e infidelidade”. (Carta a Trajano, cap. X, p. 96)

Não fica claro se a referência é aos adoradores de Crestus ou Cristo, sendo que somente os segundos seriam seguidores do Jesus Cristo. Note-se, ainda, que a simples referência à existência de cristãos não dá evidência alguma de que Jesus Cristo haja existido fisicamente.

As seitas judaicas

Foram os judeus macabeus que lideraram a revolta contra os monarcas selêucidas que garantiu a independência a Israel em 129 AEC, e fundaram a dinastia Asmoneu. Entre 103-76 AEC ocorreu uma guerra civil entre os saduceus – elite influenciada pelo helenismo e aliada aos asmoneus e aos sacerdotes do Templo de Jerusalém – e os fariseus anti-helenizantes – que defendiam uma interpretação das Escrituras que reconhecia a classe dos rabinos.

Em 63 AEC, os romanos invadiram a Palestina, na época tomada pelo sectarismo religioso, e o general Pompeu invadiu o Templo e transformou a Judéia em província romana. Em 48 AEC, Antipater foi nomeado por Roma o governador da Judéia. Em 31 AEC, após conterem uma tentativa de reposição da dinastia Asmoneu no poder, os romanos coroaram Herodes Antipas (filho de Antipater) governador.

Herodes era detestado como monarca. Matou a princesa asmonéia com que havia se casado, além da sogra, do cunhado e quatro filhos seus. Construiu templos pagãos e um hipódromo para lutas de gladiadores em Jerusalém. Em 6 AEC, sob o governo de Herodes, ocorreram 2000 crucificações na Judéia.

Os judeus estavam divididos em quatro seitas: (1) os saduceus eram a elite, influenciados pelo helenismo e dominadores do templo, através de seus sacerdotes; (2) os fariseus intencionavam estabelecer o judaísmo representado pelos rabinos populares; (3) os essênios eram religiosos austeros e abstêmios, preferindo o isolamento; (4) e os zelotes eram radicais pregadores da violência revolucionária contra Roma.

A Judéia mergulhou em uma expectativa insana e apocalíptica da vinda de um messias salvador que viria libertar os judeus da dominação romana e instituir o reino de deus. Uma manada de ditos messias e ungidos de deus mantinha uma balbúrdia intensa e promoviam certa instabilidade política, sendo crucificados aos milhares. Dentro e fora do templo as seitas judaicas estavam em constante conflito, e os zelotes sempre tramavam revoltas contra Roma, conflitavam ardentemente entre si e com as outras seitas e intencionavam promover sua revolta com a liderança de um rei messias.

A partir do ano 6 EC os romanos passaram a exercer o controle da província de maneira direta, através dos prefeitos. Em 64 EC os zelotes finalmente puseram em prática sua rebelião, posteriormente contida pelo general Vespasiano. Na ocasião da véspera do ataque a Jerusalém, Vespasiano voltou para Roma para assumir o trono, e deixou a tarefa de controlar os judeus nas mãos de Tito, seu filho. O ataque ocorreu a 28 de Agosto de 70 EC, arrasando a cidade, destruindo o Templo e escravizando os judeus.

As agitações religiosas persistiram, com muitos judeus sendo mortos ou cometendo suicídio para escapar da escravização romana. Em 132 EC houve uma nova insurreição judaica, liderada por Rabbi Akiva, que proclamou como messias o líder militar Simon Bar Kochba, auto-proclamado Filho da Estrela. No comando do general Júlio Severo os romanos arrasaram 1000 povoados e mataram centenas de milhares de judeus. Em 135 EC o imperador Adriano expulsou os judeus de Jerusalém e renomeou as regiões de Judá, Samaria e Galiléia de Síria Palestina.

O desastre dessa revolta acabou com a influência dos zelotes e consagrou a autoridade dos rabinos fariseus. Em 138 EC, sob o domínio do imperador Antônio Pio, a repressão sobre os judeus foi amenizada e o judaísmo rabínico se expandiu. Mas o Cristianismo já era mais famoso.

A construção do mito

Como dito anteriormente, a figura de Jesus Cristo como personagem de existência física é ignorada dentro da historiografia antiga. Jesus não é citado por nenhum historiador da época em que supostamente existiu, além de outros escritores famosos, tais como Sêneca, Caio Plínio Segundo, Quintiliano, Epitectus, Marcial, Juvenal, Plutarco, etc. Sua história surgiu em um tempo em que os judeus estavam mais convencidos do que nunca da ideia religiosa de que viria um messias salvador, dada a dominação repressiva de Roma sobre a Judéia.

O mito do Jesus Cristo começou com os essênios. Foram eles que idealizaram o messias chamado Crestos, que daria origem às ideias de Cristo e, consequentemente, cristão. Os essênios eram uma seita judaica originada em Alexandria que optava pelo isolamento, pela discrição e pela austeridade, e possuidora de um templo às margens do Jordão. Eles juravam não contar nada sobre a seita aos que não faziam parte dela, ao mesmo tempo em que juravam não esconder nada dos companheiros. Entre os essênios eram renegados os sacrifícios de sangue, coisa que acabou sendo copiado pelo Cristianismo.

O Cristianismo se originou, assim, em uma helenização do judaísmo, misturando-o às ideias de Platão, Cícero e Sêneca. A partir da mistura do judaísmo, o helenismo, a doutrina dos essênios e a moral dos terapeutas – que exaltavam a pobreza, o celibato e o isolacionismo – Filon de Alexandria lançou as bases do Cristianismo sem, contudo, incluir nele a crença em Jesus Cristo.

A crença em Jesus Cristo surgiu, originalmente, a partir de vários mitos de deuses redentores e deuses solares, tais como:

Krishna – deus redentor nascido de uma virgem que foi avisada de sua futura concepção por sua mãe, anteriormente avisada pelo deus Vishnu, que determinou o nome que o deus futuramente nascido deveria receber. O nascimento de Krishna chegou ao conhecimento de pastores, que foram prestar-lhe adoração e presenteá-lo. A virgem fugiu para Nanda, um lugar ignorado pelo rajá. O rajá então mandou matar todos os rescém-nascidos, mas Krishna escapou. Aos 16 anos saiu pela Índia pregando seus ensinamentos, realizando milagres, curas e ressurreições. Tinha discípulos para os quais falava por meio de parábolas. Krishna morreu no rio Ganges, afligido por uma flecha de um assassino, que foi condenado a vagar pelo mundo. Os discípulos de Krishna não puderam achar seu corpo, pois ele havia ressuscitado e ascendido aos céus;
Buda – a segunda vinda de Krishna, reenviado por Vishnu. O nascimento de Buda foi predito a sua mãe por meio dum sonho. Era filho de um príncipe e nasceu num palácio. Seu nascimento resultou em uma benção sobre o mundo, que causou a cura de doentes, frutificação de árvores, mais colorido e fragrância às flores, e bons ventos. Buda impressionou aqueles que estavam presentes na ocasião de seu nascimento ficando de pé. Uma estrela brilhante surgiu no céu quando de seu nascimento. Um velho que foi ver o recém-nascido Buda recebeu o dom da profecia, mas não pode ver seus futuros feitos por já ser um idoso. Com poucos anos de idade começou sua pregação, e passou 49 dias sob a árvore de Bó, onde foi tentado pelo demônio. Converteu muitos com sua pregação. Era revoltado com o poder abusivo dos sacerdotes bamânicos. Foi traído por Davadatta. Após sua morte apareceu aos seus discípulos com uma auréola na cabeça;
Mitra – deus redentor dos persas. Era o intermediário entre o deus do bem, Aura-Mazda, e os homens. Foi chamado de Senhor e nasceu numa gruta em 25 de Dezembro. Sua mãe foi virgem antes e depois do parto e uma estrela brilhante surgiu no Oriente na ocasião de seu nascimento. Magos o presentearam com incenso, ouro e mirra e o adoraram. Viveu como um grande mestre fazedor de milagres. Após a morte, ressuscitou;
Baco – deus do vinho, e também um deus salvador. Fez vários milagres, dentre eles a transformação de água em vinho e a multiplicação de peixes. Quando criança, quiseram matá-lo;
Hórus – deus solar e redentor dos egípcios. Nasceu da virgem Ísis em 25 de Dezembro. Morreu, desceu ao mundo dos mortos e ressuscitou.
Os deuses redentores costumavam ser também deuses-sol, tais como Átis, Balenho Joel e Fo. Os nascimentos dos deuses solares coincidem em data como 25 de Dezembro porque é nessa data que ocorre o “renascimento do Sol”: o solstício de Inverno, no hemisfério norte. Suas mortes foram fixadas entre Março e Abril para coincidirem com a Primavera, época de fertilidade e germinação das folhas. Jesus Cristo se inclui nesse grupo de deuses solares como seu último representante.

Tertuliano admitiu que o dogma da ressureição tem origem no mito do deus Mitra. São Crisóstomo descreveu Jesus como o “sol da justiça” e Sinésio como o “sol intelectual”. O número de apóstolos em 12 representa, muito provavelmente, os signos zodiacais, dos quais Ísis, mãe de Hórus, era a deusa representante. Ísis pôde manter-se virgem mesmo depois do parto graças aos raios solares, e era costumeiramente representada sentada com Hórus no colo, tal como a virgem Maria dos cristãos. A lenda de Ísis e Hórus fugindo de Seth também se equivale à história de Maria e Jesus fugindo de Herodes.

A ideia de um indivíduo meio deus meio homem já era crença religiosa desgastada na época. A guerra entre um deus do bem e um do mal também já havia sido concebida há muito tempo por Zoroastro, em cuja doutrina se inclui a história do conflito entre Aura-Mazda e Arimã, sendo Mazda auxiliado por seu filho Mitra, que veio a Terra, morreu e ressuscitou. Na criação do mito do Jesus Cristo os judeus fizeram uma mistura entre Mitra – cuja crença já havia sido transportada para a Sicília –, Osíris e Átis, estes últimos adorados em Alexandria e Roma, respectivamente.

Copiando o Mitraísmo, os primeiros cristãos se reuniam em catacumbas e cavernas e conceberam a ideia de que Jesus havia nascido em uma gruta. Dentre os mitráicos também havia o costume de realizar banquetes subterrâneos nos quais estavam envolvidos o pão e o vinho, como nos ritos solares em geral e no próprio judaísmo. A águia e o touro, animais que simbolizavam Mitra, foram designados a simbolizar João e Lucas. O Cristianismo copiou do Mitraísmo, ainda, o uso da pia batismal com água benta e da cruz, que passou a ser o símbolo máximo dos cristãos a partir do século IV EC.

A figura de Jesus Cristo é, conclusivamente, não mais que um mito solar que segue uma linha de doutrinas antigas pagãs. Não tem praticamente nada de original e nenhuma comprovação histórica consistente que garanta sua suposta existência física. Na verdade, não existiu um Jesus, mas muitos, sendo este um nome comum no primeiro século. É possível que entre os muitos crucificados na Judéia tenha havido pelo menos um Jesus. Mas o Jesus Cristo que dá base ao Cristianismo não passa de um mito, um fantasma idealizado por aqueles que quiseram dar forma humana a uma doutrina religiosa que vinha ajuntar os incautos judeus martirizados pela repressão romana.

Referências

Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda, 1981. – Referência incompleta até 16/11/11.

http://super.abril.com.br/religiao/procura-se-jesus-cristo-436480.shtml

http://www.mphp.org/jesus-historico/jesus-o-incomodo-silencio-da-historia.html

http://ateus.net/artigos/critica/jesus-cristo-nunca-existiu/