sexta-feira, 20 de maio de 2011

A educação religiosa e a moral

Numa pesquisa feita pelo psicólogo israelita George Tamarin, com mil crianças, entre os oito e 14 anos, é-lhes relatada a famosa passagem bíblica da batalha de JERICÓ, do livro de JOSUÉ, (em que deus ordena aos Israelitas que destruam a cidade e matem todos os seus habitantes).

Ao apresentar essa passagem às crianças, Tamarin fez aos estudantes a seguinte pergunta:

“Vocês acham que Josué e os israelitas agiram bem ou não?”

As crianças tinham que responder com três alternativas, sendo:
“A”, Aprovação total;
“B” Aprovação parcial;
“C” Reprovação total.


Os resultados foram surpreendentes.
66% responderam “A” aprovação total;
8% responderam “B” aprovação parcial;
26% responderam “C” reprovação total.

Agora vejam três respostas típicas do grupo da aprovação total (A):

1. “Na minha opinião, Josué e os Filhos de Israel agiram bem e aqui estão as razões: Deus prometera essa terra a eles e deu-lhes permissão para conquistá-la. Se eles não tivessem agido dessa maneira ou não tivessem matado ninguém, haveria o perigo de os Filhos de Israel se misturassem com os góis (como eram chamados os ancestrais dos palestinos pelos judeus);”

2. “Em minha opinião Josué estava certo ao fazer aquilo, sendo que um dos motivos é que Deus mandou que eles exterminassem o povo para que as tribos de Israel não fossem assimiladas entre eles e aprendessem seus maus hábitos;”

3. “Josué agiu bem porque o povo que morava na terra era de uma religião diferente e quanto Josué os matou ele varreu a religião deles da face da terra.”

A justificação para o genocídio massivo de Josué é religiosa, em todos os casos, pois, mesmo os que o desaprovam totalmente, o fizeram por motivos religiosos.

Uma menina, por exemplo, não aprovou a atitude de Josué porque ele, para fazê-lo, tinha que entrar na terra do inimigo. Acho que foi mau, porque os Árabes são impuros. E, quando se entra numa terra impura, tornamo-nos impuros e receberemos o castigo que era para eles.

Tamarin, fez outra experiência:
Com um outro grupo de 168 crianças, na mesma faixa etária, e apresentou a mesma história, mas, em vez de falar em Josué, ele inventou um general chamado “Gal. Lyn” e, em vez de Israel, ele inventou um reino chinês de há três mil anos atrás.

Agora, neste grupo, os resultados foram completamente opostos. Apenas 7% das crianças judaicas aprovaram a acção do “general Lyn”, enquanto nada menos que 75% a reprovaram completamente.
Quando a “lealdade” ao judaísmo foi removida da equação, a maioria esmagadora concordou com “os juízos morais que a maioria dos seres humanos modernos teria”.

Os actos praticados por Josué foram um bárbaro genocídio. Mas tudo é diferente sob um ponto de vista religioso. E isso começa nos primeiros anos de vida.
Foi a religião que fez a diferença entre as crianças aprovarem um genocídio e condenarem-no.

Será que essa gente que ergue a sua bíblia, como inspiração para a rectidão moral, tem a mínima noção do que lá está escrito?

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