sexta-feira, 14 de maio de 2010

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Craig Venter anuncia a possibilidade de criar genoma artificial
Saturday, October 6th, 2007
Um dos mais importantes e controversos pesquisadores do genoma humano está prestes a anunciar a criação de um cromossomo sintético. O avanço é um passo fundamental na nova empreitada do americano Craig Venter: criar vida artificial, em laboratório, através da manipulação de material genético.

Os cromossomos são os grandes filamentos em que o DNA se apresenta dentro do núcleo das células. Cada espécie tem um número de cromossomos, que se dispõem em pares. Dentro de cada par, um cromossomo é herdado da mãe e outro do pai, no caso de seres em que há reprodução sexuada.

A notícia de que Venter fabricou um cromossomo artificial foi publicada hoje, 6 de outubro de 2007, na primeira página do conceituado jornal britânico “The Guardian”; leia a versão online, com o título “I am creating artificial life” (Eu estou criando vida artificial). Segundo o diário, o anúncio oficial é esperado para os próximos dias, e o feito abre caminho para se chegar aos “genomas sob medida”.

Em entrevista ao “Guardian”, Venter pareceu consciente de que está prestes a se envolver na maior controvérsia de sua carreira. “Será um passo filosófico muito importante na história de nossa espécie. Estamos indo da leitura do nosso código genético para a capacidade de escrevê-lo. Isso nos dá a capacidade hipotética de fazer coisas jamais contempladas.”

Craig Venter é um dos pais do genoma humano. Com a empresa Celera Genomics, de que se desligou, esteve envolvido numa corrida com o consórcio público internacional para seqüenciar o DNA da espécie humana. A Celera e o Projeto Genoma Humano, chefiado pelo britânico Francis Collins, acabaram se unindo para apresentar conjuntamente suas conquistas, obtidas com métodos diferentes, em fevereiro de 2001. Aos 61 anos, Venter agora dirige um instituto científico, em San Diego, onde tenta criar vida em laboratório.

Segundo o jornal, uma equipe de 20 cientistas, entre eles Hamilton Smith, ganhador de um prêmio Nobel, está envolvida nessa empreitada. Será uma vida simples, baseada num ser já existente, a bactéria Mycoplasma genitalium. O genoma dessa bactéria foi mapeado, estudado e desmontado. Os cientistas identificaram genes essenciais à vida dessa bactéria e montaram num cromossomo. São 381 genes com 580 mil pares de bases (as bases são quatro substâncias, identificadas por letras, com que se escreve o código genético). O cromossomo do que será o Mycoplasma laboratorium - sim, a espécie artificial já tem até nome - tem 25% menos material genético do que a bactéria original.

Agora, os cientistas vão transplantar o cromossomo para o núcleo esvaziado de uma célula. A expectativa é de que o cromossomo assuma o controle do funcionamento da célula - é essa a função do DNA afinal. Com isso, está criada uma nova forma de vida, uma espécie inteiramente montada em laboratório.

Como os cientistas de Venter já conseguiram mudar a espécie de uma bactéria através da transferência de material genético, ele se diz inteiramente confiante no sucesso da equipe na obtenção de vida artificial com esse método. Para ser realmente chamado de uma forma de vida, o micróbio terá que se mostrar capaz de manter-se em funcionamento e se reproduzir. E apesar de nem tudo nele ser fabricado em laboratório - a estrutura em volta do núcleo será de uma célula natural - o micróbio poderá, sim, ser considerado uma forma artificial de vida.

Venter acredita que esses genomas sob medida têm um enorme potencial positivo - contanto que aplicado de forma adequada. Os micróbios sintéticos poderiam se tornar fontes de energia ou usinas biológicas para retirada de gás carbônico da atmosfera.

Fonte: BBC Brasil, 6 de outubro de 2007.

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