segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Evidências da Evolução

Claudio Murdoch 25 de setembro · Evolução diante nossos olhos: "Muitas vezes quando discutimos processos evolutivos somos remetidos a analisar uma escala de tempo profunda. Como os humanos vivem pouco é difícil ter uma dimensão de escalas temporais que abrangem milhões de anos. Assim, não conseguimos “ver” a evolução com nossos próprios olhos. Porém, existiriam casos onde a evolução das espécies seria possível ser vista em “tempo real”? Alguns organismos tem um ciclo de vida muito veloz. As bactérias por exemplo, em condições ideais, podem se duplicar a cada 20 minutos. Por isso, 30 anos para uma bactéria representaria um número gigante de gerações, sofrendo mutações nas quais estariam sendo selecionadas pela seleção natural. Por isso, as bactérias são um ótimo modelo para analisarmos a evolução diante de nossos olhos. As bactérias estabelecem uma relação muito intima com a humanidade e longe de serem um organismo que nos causa apenas mal, a nossa relação com as bactérias pode nos trazer inúmeros benefícios. No entanto, muitas podem ser prejudiciais a nossa espécie. No início do século XX, por exemplo, um mero arranhão poderia ser letal, resultado de uma infecção bacteriana. Todavia, com a descoberta dos antibióticos o combate as bactérias patológicas foram possíveis, trazendo uma melhoria significativa na nossa expectativa de vida. Porém o uso de antibióticos passou a ser uma força seletiva significativa atuando na evolução das bactérias. Isso porque os antibióticos matavam as bactérias mais suscetíveis ao medicamento mas selecionavam positivamente aquelas características de resistência aos antibióticos. Isso provocou uma corrida evolutiva entre a produção de antibióticos e as bactérias, um respondendo as mudanças do outro. Quando os antibióticos foram criados a expectativa é que venceríamos de vez as infecções bacterianas. Porém o cenário apesar de ser melhor do que o início do século XX, hoje estamos muito distantes daquela previsão já que as bactérias evoluíram em resposta aos antibióticos. Isso se deve ao fato do uso de antibióticos selecionar positivamente os genes que conferem resistência aos próprios antibióticos. E hoje um novo grupo de bactérias conhecidas como “superbactérias” extremamente resistente a antibióticos vem causado milhares de mortes no mundo. Recentemente a bactéria Neisseriagonorrhoeaque, que causa gonorréia, derivou uma variante super-resistente a antibióticos e incurável até o momento. A OMS alerta sobre o risco de disseminação mundial dessa nova bactéria.² Ou seja, a resistência aos antibióticos são outro exemplo categórico da evolução. Se a vida não evoluísse não faria nenhum sentido desenvolver novos antibióticos, já que as bactérias de 1970 seriam as mesmas dos dias atuais, mas a realidade nos mostra o contrário. Elas seguem evoluindo e se adaptando ao meio. Esse processo ocorre também com vírus em resposta a vacinas e insetos que evoluem a medida que são expostos inseticidas e passam a se tornar resistentes ao veneno. Distribuição geográfica A distribuição das espécies no globo também pode ser uma evidência da evolução, por exemplo, a inexistência de anfíbios ou peixes de água doce endêmicos em ilhas oceânicas. As ilhas oceânicas, diferentemente das ilhas continentais nunca foram ligadas aos continentes, elas surgiram a partir do leito marinho. Alguns exemplos de ilhas oceânicas são: Havaí, Galápagos e Santa Helena. Em todas essas ilhas não existem espécies endêmicas de peixes de água doce e anfíbios, isso porque na maior parte dos casos esses animais não toleram a alta salinidade da água e, portanto, não poderiam migrar do continente para essas ilhas. Diferentemente das ilhas oceânicas, as ilhas continentais apresentam uma vasta gama de anfíbios e peixes de água doce. Mas que criador teria um capricho de colocar anfíbios apenas em ilhas continentais e não em ilhas oceânicas? Alguém poderia argumentar que as ilhas oceânicas não seriam um bom habitat para anfíbios e, portanto, eles não sobreviveriam nessas ilhas. No entanto, existem experiências de introdução de anfíbios em ilhas oceânicas. Em 1932 foi introduzido no Havaí o sapo-boi a fim de controlar o besouro da cana de açúcar, no entanto, seu sucesso adaptativo foi tamanho que o peixe boi se transformou em uma praga na ilha. Outro padrão interessante envolvendo ilhas está relacionado aos tipos de espécies que elas apresentam. Ilhas continentais que se separaram recentemente do continente tendem a apresentar faunas e floras similares ao do continente na qual elas faziam parte. Já ilhas que se separaram há muito tempo do continente tendem a apresentar um padrão de espécie muito atípicos. Isso porque a medida que a ilha se separa do continente, o fluxo gênico entre espécies que até então estavam unidas se interrompe. E a partir de então essas espécies passam a evoluir de forma separadas. Quanto maior o tempo de interrupção do fluxo gênico maior será a divergência genética entre as espécies e, portanto, mais separadas evolutivamente. A Inglaterra se separou do continente europeu a cerca de 300 mil anos (pouco tempo do ponto de vista evolutivo) e a fauna e flora inglesa apresenta um padrão similar a da fauna e flora Europeia. No entanto, Madagascar se separou a 160 milhões do continente e pode ser considerado um caldeirão evolutivo. 70% das formas de vida de Madagascar são encontradas somente lá. Em Madagascar podemos encontrar lêmures,Cobra Malagaxe Nariz-de-Folha, besouro girafa e as arvores abobas, dentre outras espécies fascinantes."

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