sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Erros históricos na Bíblia
- Psicografia bíblica?



Nos últimos artigos temos vindo a analisar os erros históricos na Bíblia. Bem sabemos o quanto a imaginação humana é fértil (daí muitas histórias bíblicas não passarem de mera imaginação e serem altamente duvidosas e a invenção de histórias espetaculares para justificar a existência de muitos idiomas humanos) e, acima de tudo, o quanto “herrar é umano”, como nos mostram os erros que os autores bíblicos cometeram ao descurarem sobre a origem da mulher de Caim e a questão com nomes e renomeações.

Errar é portanto comum por parte de qualquer ser humano que viva nesta Terra, mas então e os que não vivem? O que dizer dos mortos? Poderão eles também ser autores de livros, tais como a Bíblia? Pode parecer um autêntico absurdo, mas a verdade é que, atentando aos textos bíblicos, conseguimos encontrar indícios de que temos mortos a escrever textos bíblicos, num verdadeiro caso de psicografia na Bíblia. Segundo os seus defensores, a psicografia corresponde à comunicação de entidades falecidas por intermédio de “médiuns” vivos através da escrita.

Seja qual for o caso, uma coisa é certa: a dor de cabeça para os apologistas bíblicos aumenta e muito com esta questão, pois mais uma vez as incoerências, contradições e faltas de clareza da Bíblia sobre todos estes aspectos trazem à tona uma questão que os seus céticos há muito sabem: a Bíblia é uma obra de caráter puramente humano e carregada de erros e contradições de toda a espécie e feitio.

“É coisa do Diabo!”… Mas até na Bíblia está presente!
Não deixa de ser irónico que a maioria dos judeus e cristãos fundamentalistas tenham um horror tão grande às doutrinas espiritualistas que defendem que é possível aos mortos se comunicarem com os vivos e depois quando folheamos a Bíblia que eles tanto apregoam encontramos mortos a escrever partes desta ou relatos de comunicações entre mortos e vivos. “É coisa do Diabo” apressam-se a dizer, não entendendo que ao dizerem isso estão a chamar “Diabo” a certas personagens personalidades bíblicas, tais como Moisés, uma peça-chave tanto do Judaísmo como do Cristianismo.



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Moisés escreve sobre a sua própria morte e enterro
•Bíblia:
Moisés, autor do Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia), escreve sobre a sua própria morte e enterro (Deuteronômio 34:5-8). Também Jesus confirma que Moisés é o autor do Pentateuco e que escreveu sobre ele (João 5:45-47).

•Comentário:
Apesar de nem todos os ramos do Cristianismo concordarem, é de aceitação geral que Moisés é o autor do chamado “Pentateuco”, ou seja, os cinco primeiros livros da Bíblia (conhecido pelos judeus como “Torá”).

As teologias judaicas e cristãs tradicionais concordam em atribuir a Moisés a autoria do Pentateuco (visto que até Jesus menciona que Moisés o escreveu, apesar de não sabermos o que raio quis ele dizer quando refere que Moisés escreveu sobre ele), mesmo que nele estejam descritos a morte e o enterro de Moisés.

Das duas uma, ou neste caso são obrigados a aceitar a existência da psicografia ou a aceitar o fato de que Moisés não é o autor do Pentateuco. O problema é que estas teologias tradicionais recusam-se a aceitar qualquer uma destas hipóteses, metendo mais uma vez a credibilidade da sua querida Bíblia em total xeque.

Também o Rei Salomão escreve um livro depois de falecer
•Bíblia:
O Rei Salomão reina em Israel durante 40 anos até à sua morte (1 Reis 11:40-42), seguindo-se o seu filho Roboão como novo rei de Israel (1 Reis 11:43). O Rei Salomão, autor do Livro de Eclesiastes, indica nessa obra que foi rei em Israel (Eclesiastes 1:12).

•Comentário:
Situação algo semelhante à de Moisés ocorre com o Livro de Eclesiastes. A sua autoria é em regra geral atribuída ao Rei Salomão e, apesar de haver quem discorde, a própria obra o confirma. O problema está no fato de Salomão mencionar que foi rei em Israel e não que ainda era (no momento em que escrevia aquelas linhas), visto que foi rei até à sua morte, tendo sido sucedido pelo seu filho Roboão. Ora, como pode alguém que foi rei durante 40 anos até à sua morte escrever uma obra depois de ter deixado de ser rei, sendo que isso só se verificou depois da sua morte?

Tal só seria mesmo possível ou através de psicografia ou através de um embusteiro que se fez passar pelo Rei Salomão para escrever o Livro de Eclesiastes. No caso de ser esta última a premissa verdadeira, lá se vai mais uma vez a inspiração divina e a credibilidade da Bíblia…

Elias escreve uma carta ao Rei Jorão a partir do Céu
•Bíblia:
Elias é arrebatado para o Céu (2 Reis 2:11). Josafá morre e o seu filho Jorão assume o reinado de Judá (2 Reis 8:16). O Rei Jorão recebe uma carta de Elias (2 Crônicas 21:12).

•Comentário:
Nada disto estaria completo sem mencionar o caso mais famoso de aparente psicografia na Bíblia: o caso da carta que o profeta Elias envia ao Rei Jorão de Judá… já depois de desaparecido! Desta vez não temos um autor a psicografar um livro bíblico de forma “póstuma”, mas um relato de psicografia ocorrido na história bíblica.

Este é um relato amado por adeptos das doutrinas espiritualistas tais como o Espiritismo Kardecista, pois segundo eles confirma que a comunicação entre mortos e vivos é possível e a própria Bíblia o revela, enquanto que para os apologistas da Bíblia tomada ao pé da letra este relato torna-se uma autêntica dor de cabeça, já que adquiriram para si mesmos a árdua tarefa de tentar explicar a sua lógica ao mesmo tempo pondo de lado a tal “comunicação com os mortos” que tanto abominam.

O problema prende-se com o fato de, seja qual for a desculpa esfarrapada que mais uma vez tentem arranjar, isso levanta-lhes sempre uma nova contradição, daí representar para eles mais uma dor de cabeça. O que o relato bíblico nos diz é que o profeta Elias desapareceu da face da Terra e foi arrebatado para o Céu num carro de fogo durante o reinado de Josafá em Judá. Com a morte do Rei Josafá, Jorão subiu ao trono de Judá. Alguns anos depois de começar a reinar em Judá, Jorão recebeu uma carta de Elias a profetizar um final terrível para este (doença incurável nos intestinos).

Claro que das duas uma, ou temos um erro cronológico (e lá se vai mais uma vez a inerrância bíblica) ou Elias escreveu a carta diretamente do Céu. A ser esta última hipótese a intenção do autor bíblico, resta aos apologistas admitir, para evitarem a hipótese de erro cronológico, que é possível aos mortos se comunicarem com os vivos. Eis as desculpas mais comuns apresentadas pelos apologistas bíblicos para “tapar o buraco” apresentado por este relato bíblico e a sua respetiva refutação:

“É sabido que os Livros dos Reis (que na Bíblia hebraica era apenas um e não era dividido em dois volumes como nas versões bíblicas modernas) não seguiam uma ordem cronológica rígida, logo a carta foi escrita e enviada por Elias ao Rei Jorão quando aquele ainda estava vivo.”

Talvez seja verdade que a cronologia apresentada nos dois Livros dos Reis nem sempre seja rígida, mas os estudiosos da Bíblia (os imparciais e não aqueles que a “estudam” à luz da sua fé e conveniência) sabem que segundo a cronologia bíblica Elias foi arrebatado por volta de 853 a.C., ou seja, no tempo em que Josafá era rei de Judá (cerca de 871-848 a.C.). Jorão sucedeu-lhe e reinou em Judá entre 848 e 841 a.C., tendo recebido a carta de Elias por volta de 842 a.C., ou seja, cerca de 11 anos depois do seu arrebatamento! Mesmo que haja cronologias trocadas noutros relatos dos Livros dos Reis, não há dúvida que esta é a ordem cronológica correta deste relato bíblico, pelo que jamais Elias pode ter escrito uma carta ao Rei Jorão quando ainda habitava na Terra.

“Elias não morreu, foi arrebatado para o Céu e lá permaneceu em carne e osso, pelo que não temos uma comunicação entre um morto e um vivo e sim entre vivos, apesar de um deles estar no Céu.”

Esta desculpa levanta um problema bastante delicado para os cristãos fundamentalistas: ao admitir isto, estão a negar que Jesus Cristo foi a única pessoa que subiu ao Céu em carne e osso. Nem é preciso dizer mais nada…

“A carta foi escrita quando Elias ainda estava vivo, mas apenas foi entregue a Jorão quando aquele já estava morto ou este profeta Elias era outra pessoa viva com o mesmo nome.”

Voltamos ao problema dos detalhes, tal como vimos na questão da origem da mulher de Caim. Tanto detalhe que a Bíblia nos apresenta e na hora de falar que o Rei Jorão recebeu uma carta de Elias não diz quem a foi entregar, como foi entregue, ou no caso de ser outro Elias porque é que tal não é mencionado, etc, etc. É assim tão difícil de admitir que este é simplesmente mais um dos muitos erros da Bíblia?…

Um comentário:

Gabyrhcp15 disse...

Kkkkk adorei o texto!!! Mto bom. A biblia tem varios erros históricos e cronológicos. A tentativa de aumentar as histórias dos hebreus e tornar a narrativa mais heróica, custou a bíblia um pouco de lógica XD